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quinta-feira, 31 de março de 2011

#185 Blitz, "As aventuras da Blitz"

O ano de 1982 foi cheio de fortes emoções. Guerra das Malvinas, Paolo Rossi eliminando uma das melhores seleções que o Brasil apresentou em Copas do Mundo (das que eu vi jogar, a melhor), primeiras eleições pra governador no Brasil após anos de ditadura, o fantástico Gilles Villeneuve morria nas pistas de F1 pilotando sua Ferrari... E eu era um fedelho que achava que estava virando gente :D Neste ano, começou o grande boom de bandas de pop / rock / new wave que mudaria completamente o cenário musical do nosso país. E um dos responsáveis foi uma tal de Blitz.

Mesmo com o fantasma da censura rondando o meio artístico, o músico Lobão e alguns integrantes do grupo de teatro Asrúbal Trouxe o Trombone formaram essa banda de som animado e letras bem humoradas. Lobão pulou fora assim que lançaram este primeiro disco, por não querer assinar com a EMI. Eis que o fedelho aqui ouviu na rádio recém apresentada por uma de suas irmãs e assim ficou fascinado pelo som da banda.

Ganhei o disco de presente, e considero-o como meu rito de passagem: foi meu primeiro disco não-infantil. No vinil, as marcas do bom humor da Blitz versus a ferocidade da censura ainda existente: duas faixas vieram inutilizadas, por determinação da censura: "Ela quer morar comigo na Lua" e "Cruel cruel esquizofrenético blues". (ah se eles soubessem que anos depois lançariam 'Cerol na mão', 'Tô atoladinha', 'Fogão Dako' e outras piores...).

Não sei se é por influência dessa memória afetiva, mas eu acho o disco muito bom e muito divertido até hoje. E vou dizer a vocês: não tem UMA MÚSICA que eu não tenha ouvido muito! O grande sucesso do disco foi a clássica "Você não soube me amar", mas eu gosto de todas as outras, quase que na mesma intensidade.

O vinil eu não tenho mais, nem o CD, mas as músicas seguem firmes e fortes no meu HD. Algumas, também no iPod e no celular.

A faixa que mais ouvi neste disco
Acreditem ou não: "Totalmente em prantos" e "Volta ao mundo", divertidíssimas

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
O nome da banda surgiu segundo Lobão de uma analogia ao The Police, que fazia um senhor sucesso na época: "Se eles são a polícia, nós somos a blitz"

Um pedacinho do disco:

quarta-feira, 30 de março de 2011

#184 Vários, "Plunct Plact Zuum"


Cada geração tem o seu conjunto de músicas infantis, que de certa forma levam na memória por toda a vida. A minha geração pegou justamente a época da abertura do mercado musical pós censura, e com isso cresci com Balão Mágico, Trem da Alegria e com os especiais infantis da Globo.


Sim, naquela época a Globo fez vários programas infantis musicados por gente de primeira qualidade. O primeiro deles foi o Pirlimpimpim (baseado na mitologia do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato). Logo depois, Augusto César Vanucci dirigiu o especial Plunct Plact Zuum, onde um grupo de crianças, cansadas de não poder fazer o que querem, embarcam numa nave espacial para conhecer lugares mais divertidos. A trilha sonora teve participação de Raul Seixas, Sandrá Sá, Fafá de Belém, Maria Bethânia, Eduardo Dusek e até Jô Soares. Foi um tremendo sucesso, e seu disco (produzido pela Som Livre, o eterno braço fonográfico da Globo) vendeu que nem pão quente nas lojas.

Preciso dizer que ouvi muito esse disco na infância? Pois é... Mas o interessante: alguns (muitos) anos depois, resolvi catar o disco pra escutar. Meu vinil foi pro beleléu, mas ao menos achei as músicas originais e baixei. Algumas foram bem estranhas de ouvir, como a do Jô Soares (se bem que na época já era estranho... :D). Mas o disco tem 3 músicas que são atemporais: "Carimbador maluco", de Raul Seixas, "Sereia", de Lulu Santos (cantada no disco por Fafá de Belém) e "Brincar de viver", de Maria Bethânia.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Carimbador maluco", que eu inclusive tive o privilégio de tocar junto com o Quizomba

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Se eu disser que tinha uma queda forte pela Aretha na época do especial a Maria vai me bater... :) Hoje eu olho as fotos e tomo até susto. Na verdade, eu gostava mesmo era da moreninha (que o wiki me disse ser a Marinela Graça Mello)

Um pedacinho do disco:


terça-feira, 29 de março de 2011

#183 Trilha Sonora, "Judgment Night"

"Judgment Night" ("Uma Jogada do Destino", título em português) é o tipo do filme que ninguém se lembra. Ele foi lançado em poucas salas de cinema e sem grande alarde. Era mais uma entre tantas fitas de ação (na época, nem rolava DVD. Era VHS mesmo). A história é sobre um grupo de amigos que sai à noite para ver um jogo de basquete, mas se perde e vai parar em uma zona perigosíssima da cidade. O jogo vai para as cucuias e eles se tornam alvos de um sem-número de meliantes sangrentos. Pelo que lembro, era até "legalzinho".

Bom, se o filme era "legalzinho", a trilha sonora era muito maneira! Tipo de música para adolescente espinhento mostrar que é badass. Cada uma das 11 faixas era composta por um tipo de encontro entre duas bandas: uma de rock e outra de rap. Assim, você pode conferir os improváveis encontros em ter Pearl Jam e Cypress Hill, Teenage Funclub e De La Soul, Slayer & Ice-T, Faith No More e Boo Ya T.R.I.B.E. e Mudhoney e Sir Mix-a-Lot, dentre outros. No geral, o resultado funciona, com as bandas fazendo a cama sonora e os rappers descascando fúria (ou groove) no microfone.

A faixa que mais ouvi neste disco
Gosto da violência do Mike Patton urrando em "Another Body Murdered" (Faith No More e Boo Ya T.R.I.B.E.) e da primeira faixa do disco, "Just Another Victim", fruto da união entre Helmet e House of Pain. Reouvindo o CD, redescobri também o swing de "Missing Link", do Dinosaur Jr e Del the Funky Homosapien.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Comprei este disco por impulso em uma lojinha de discos usados em Copacabana. Eu nem lembrava do filme, mas fui fisgado pelos duetos que estão logo na capa do CD.
O dueto entre as bandas mais conhecidas do cast (Pearl Jam e Cypress Hill) não me encantou.
Emilio Estevez e Cuba Gooding Jr. são os nomes mais conhecidos do elenco de "Judgment Night".
No mesmo formato, a trilha sonora do filme "Spawn" reúne bandas de rock pesado e música eletrônica. "Judgment Night" funciona melhor, mas vou escrever sobre este disco em outra ocasião.
Com um pouco de sorte, você encontra este filme passando no TNT.

Um pedacinho do disco

segunda-feira, 28 de março de 2011

#182 Zeca Pagodinho, "Acústico MTV"

O projeto Acústico da MTV, depois de revitalizar a carreira de muita gente boa do pop rock brasileiro dos anos 80, partiu para outras praias. Entre elas, o samba de raiz. Sim, porque eu não consigo rotular o som de Zeca Pagodinho e colocar no mesmo balaio com trocentos outros grupos de pagode, muito inferiores na minha opinião.

Como o polêmico Zeca tem uma longa estrada de músicas de sucesso, esse acústico MTV caiu como uma luva para fazer uma estilosa retrospectiva de sua carreira. Foi lançado em 2003, mas eu só vim a comprar no final de 2005, numa fase bastante instável da vida. E aí que digo que ele é um diferencial: suas músicas de um modo geral passam uma mensagem otimista, de bem com a vida, e posso até dizer que muitas das músicas mostram o que é ser autenticamente carioca. Taí, o Zeca é um dos meus estereótipos de carioca!

Já tinha visto um show do Zeca no ano 2000, mas nada de ter um CD dele. Talvez estivesse esperando uma coletânea, e se foi isso me dei muito bem. Praticamente todas as principais músicas dele estão lá. Desde a clássica "Quando eu contar (Iaiá)" até a bem humorada "Não sou mais disso", passando pelo "hino" da conquista do pentacampeonato mundial da Seleção Brasileira "Deixa a vida me levar (vida leva eu)". Ok, uma exceção: "Faixa amarela", que eu me amarro. Mas não deixa a desejar por isso. Se você curte samba de raiz, esse disco é OBRIGATÓRIO! Mesmo se você abominar pagode.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Seu balancê", uma bela canção de Toninho Geraes

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Vai vadiar" é uma das poucas músicas do tipo dor de cotovelo que eu gosto, talvez por demonstrar alguma atitude. Ou talvez por eu ter descoberto quando terminei um namoro longo sem ficar lamentando o próprio destino ;)

Um pedacinho do disco:


domingo, 27 de março de 2011

#181 Yo La Tengo, "I Can Hear the Heart Beating as One"

Logo que conheci o Yo La Tengo, vivi extremos em curto espaço de tempo. Ouvi o disco "I Can Hear the Heart Beating as One" e me encantei. Pouco tempo depois, fui a um show dos caras e detestei. Assim do céu ao inferno rapidinho.

Bom, "I Can Hear the Heart Beating as One" é um álbum de rock alternativo na melhor concepção do termo. Em 16 faixas, o repertório tem canções melodiosas, experimentações bem encaixadas, faixas instrumentais, levadinhas praianas e por aí vai. Até uma quase-bossa nova tem. Nos microfones, Ira Kaplan e Georgia Hubley mandam bem em todos os formatos. Com tudo isso, é muito conveniente esperar um showzaço do Yo La Tengo, certo? Certo. Mas, não foi o que aconteceu.

Lá por 2001 ou 2002, não lembro direito, o Yo La Tengo deu as caras pelo Rio de Janeiro e eu vi a oportunidade ideal de conferir os caras ao vivo. Outro atrativo foi o palco escolhido: o finado Balroom, no Humaitá. Seria um show intimista, com pouca gente. Perfeito, certo? Errado. A apresentação foi um saco. Barulhinhos demais, música de menos, monotonia. Tudo longe do previsto. Recordo que em dado momento, eu saí da pista e fui tomar uma cerveja no bar. Nem vi as últimas músicas. Lamentável! Do Yo La Tengo, fica apenas o legal "I Can Hear the Heart Beating as One", a ser ouvido no aconchego do lar.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Stockholm Syndrome".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Tirando o do show, este disco não rendeu muito para contar.

Um pedacinho do disco

sábado, 26 de março de 2011

#180 Simon & Garfunkel, "The concert in Central Park"


Minha história com esse disco é bem parecida com a que contei d'O Grande Encontro. Eu era um fedelho que ainda estava na transição entre músicas infantis (Balão Mágico, mas também as boas músicas de Toquinho e Vinícius para o especial "A Arca de Noé", bem como as pop-infantis de "Plunct Plact Zum", do qual falarei muito em breve). Minha irmã mais velha é do tipo que ouve sempre a mesma coisa quando gosta, e com isso eu sofri várias lavagens cerebrais quando era criança :D Uma delas foi com Simon & Garfunkel.

É sério: eu ouvia esse disco por tabela umas 10 vezes por dia! E, claro, odiava. Passaram os anos, e fui aos poucos incorporando músicas do duo estatunidense ao meu dia a dia. Quando me dei conta, me rendi de vez a esse disco, gravado num show gratuito do duo no Central Park (NY) em setembro de 1981, reunindo um público de cerca de 500 mil pessoas. No repertório, músicas deles (final da década de 60) e algumas músicas da carreira solo de Paul Simon, gravadas durante a década de 70.

Não sei dizer se é memória da infância ou não, mas algumas versões são simplesmente emocionantes: destaque para "The sounds of silence", "Scarborough Fair", "The boxer", "Bridge over troubled water" e "America".

A faixa que mais ouvi neste disco
Tanto "The sounds of silence" quanto "Scarborough Fair"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
A música "Scarborough Fair" não é da dupla. É uma música tradicional inglesa, cantada por bardos na Idade Média fazendo referência a uma feira anual que acontecia na cidade de Scarborough onde os feudos próximos comercializavam seus produtos, mas faz uma alusão a um amor impossível de se concretizar, onde são colocados diversos empecilhos para tal. Os dois tiveram contato com a música ao visitar a Inglaterra na década de 60 e resolveram gravar essa versão. E eu sou obcecado por essa música desde que a ouvi na trilha sonora do filme "The graduate" (que aqui se chama "A primeira noite de um homem", com um Dustin Hoffman em início de carreira)

Um pedacinho do disco:

sexta-feira, 25 de março de 2011

#179 Wilson Pickett, "Take Your Pleasure Where You Find It"

Conheci Wilson Pickett no filme "The Commitments", sobre uma banda irlandesa que tenta o sucesso tocando soul. Entre muitas sequências musicais, eles tocam "Mustang Sally" e "In The Midnight Hour", cássicos de Pickett. Eis que um belo dia, eu estava em um daqueles supermercados gigantes da Barra da Tijuca e passei por um baú de CDs a preços mínimos. Sobre uma pilha de sertanejos e bandas baianas que saíram da moda, eu achei "Take Your Pleasure Where You Find It" por menos de R$ 2,00. Mais barato que passagem de ônibus.

A capa já é qualquer nota. Em frente a uma mesa de sinuca, Wilson veste um terno cafetão-fashion ao lado de um mulata com boca-mole-sensual. Já valeria a compra só pela foto. Mas o disco vai além da foto maneira. São 20 faixas de autênticos soul, funk e R&B. Em cada faixa, o DNA da Black music americana: guitarras swingadas, teclados lascivos, naipe de metais, linha de baixo arrasadora e Wilson Pickett alternando graves, agudos e uivos. Fecho os olhos e imagino o negão vestindo um paletó violeta com detalhes prateados, chapéu inclinado, anéis e óculos escuros imensos deslizando no palco ou dirigindo um Lincoln vermelho.

A faixa que mais ouvi neste disco
Já pelo título, a faixa que me mais me chamou a atenção foi "Smokin in the United Nations" (algo como "fumando na ONU").

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Na verdade, "Take Your Pleasure Where You Find It" é um coletânea com as algumas músicas bem-sucedidas em seu contrato com RCA, durante os anos 1970s.

Um pedacinho do disco

quinta-feira, 24 de março de 2011

#178 Banda Eva, "Banda Eva ao Vivo"


O carnaval passou, mais uma vez eu não fui pra Salvador, e eu fiquei aqui pensando no porquê de eu nunca ter ido pra lá. Hoje eu nem curto ouvir axé, mas tenho boa memória musical de discos e músicas que ouvi bastante nos anos 90, e que seriam motivo suficiente pra eu arriscar meu bolso e meus pertences a uma incursão nos blocos baianos. Foi nesse exercício de memória que lembrei desse disco, com certeza um dos que mais ouvi do gênero.

Gravado em 1997 na Bahia e lançado no mesmo ano, pegou um dos grandes momentos de popularidade da Banda Eva com Ivete Sangalo como vocalista. Foi justamente a época que eu frequentei micaretas, ia pra boates que tocam house, hip hop e afins, e essas mesmas boates mantinham sequências inteiras de músicas de axé, que invariavelmente lotavam as pistas. Logo, na época foi um CD obrigatório na minha coleção, mas que eu dei de presente para uma prima alguns anos depois.

Esse CD animou bastante as festinhas que fui, mas principalmente os 'esquentas' antes de shows e festas. Nessa época, o Metropolitan (atual Citibank Hall) sediava shows de axé praticamente todo mês, e o costume da galera da época era abrir a mala dos carros no estacionamento do Via Parque, colocar o som rolando e já ir calibrando as idéias (geralmente com cerveja, mas também rolava vodka, whisky, tequila...). Perdi a conta de quantas vezes fiz isso com o povo da faculdade.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Vem, meu amor", cover de música do Olodum

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Foi numa rodinha de amigos e agregados numa boate do Rio que eu conheci minha primeira namorada séria, em 1998 (com quem fiquei cerca de 3 anos). A música? "Arerê", um dos grandes sucessos deste disco

Um pedacinho do disco:

quarta-feira, 23 de março de 2011

#177 R.E.M., "Around the sun"

Pelo menos no Brasil, o R.E.M. (ou a sua gravadora) lançou "Around the Sun" sem muito estardalhaço. Não houve campanha de publicidade, single nas rádios e outras ações de lançamento. Acredito que somente os fãs da banda perceberam a capa branca e desfocada do CD nas prateleiras da vida. Pelo menos, comigo foi assim. Achei e comprei!

"Around the Sun" é um álbum na melhor linha introspectiva de Michael Stipe, Peter Buck e Mike Mills. É menos denso que a obra-prima "Automatic for the People", porém é mais pop que o deprê "Up". De uma forma geral, as canções são suaves, com letras reflexivas e um Stipe sereno no microfone. De cara, é um disco para momentos mais contemplativos. Aliás, escrevo estas linhas em um dia assim. Na janela, o dia está nublado e eu estou tristonho. Feelin' blue, como definiriam os gringos. Quando estou nesta vibe, o R.E.M. é um dos melhores amigos que já tive.

Ah, o repertório? Claro, claro. "Around the Sun" começa falando sobre despedidas com a bela "Leaving New York" e segue por vários tesourinhos , como "The Outsiders", a agitadinha "Wanderlust" (com uma levada britpop) e a melancólica (dããããã...) "Boy in the Well".

Ouça com um copo de vinho tinto ou uma garrafa de whisky.

A faixa que mais ouvi neste disco
Gosto muito de "Leaving New York", mas também tenho um carinho especial por "The Outsiders".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"The Outsiders" conta com a participação especial do rapper Q-Trip. Acho que foi a primeira vez que o R.E.M. gravou um dueto com um rapper em sua discografia.

Um pedacinho do disco

terça-feira, 22 de março de 2011

#176 Lemonheads, "It's a shame about Ray"


O Lemonheads não é exatamente uma banda do movimento grunge, mas fez relativo sucesso por aqui entre a galera alternativa nessa mesma época. Ficou conhecida por fazer um cover ótimo de "Mrs. Robinson" (de Simon & Garfunkel), e aliado a uma boa exposição na mídia (leia-se músicas na MTV e nas rádios), vendeu muito bem esse disco, o quinto da carreira da banda e o primeiro a fazer relativo sucesso. De qualquer forma, o som até lembra alguma coisa do grunge, mas talvez sem o peso característico da maior parte da galera de Seattle.

É mais um dos excelentes discos lançados em 1992 (ps: um dia vou escrever um post só sobre os grandes discos deste ano!), época em que eu era um ávido consumidor de rock, indie e college rock. Ou seja, comprar esse disco era uma questão de tempo.

A versão que eu achei na Gramophone na época era a original, sem a inclusão de "Mrs. Robinson", que só ocorreu em tiragens posteriores devido ao sucesso do cover nas rádios. Mesmo assim, o disco tem muitos momentos ótimos e me acompanhou em várias viagens (seja nos ônibus pelo Rio de Janeiro no walkman, seja em viagens interestaduais). Algumas músicas contam com a participação da rockeira Juliana Hatfield no baixo e nos vocais, ela que é muito amiga de Evan Dando (esse nome... :D), vocalista e líder do Lemonheads.

A faixa que mais ouvi neste disco
Apesar do grande sucesso de "Mrs. Robinson", "Confetti" e "It's a shame about Ray", a que mais ouvi disparado foi "The turnpike down"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Na época que ouvia pacas esse disco eu era apaixonado por uma menina grunge, e acho que foi meu primeiro amor platônico que virou realidade. Não deu grandes frutos, mas foi marcante. E sempre que ouço "Hannah & Gabi" me lembro dela e daquela época. Mesmo que ela não se chame Hannah nem Gabi.

Eu ia escrever aqui alguma gracinha relacionando a 'margem' do sobrenome de Evan com o fato dele ter sido eleito um dos 50 homens mais bonitos pela revista People em 1992-1993, mas seria óbvio demais. :D

Um pedacinho do disco:

segunda-feira, 21 de março de 2011

#175 Falamansa, "Deixa Entrar"

Eis um álbum exótico na pegada rock das 365 Rotações...

Durante o período que passei longe de casa, conheci pessoas que me surpreenderam. Dentre tantas figuras maravilhosas, encontrei um neo-zelandês torcedor do Flamengo, um irlandês admirador do Capitão Nascimento e uma portuguesa fã de forró. A mocinha lusitana perguntou se eu sabia dançar o nosso tradicional "dois-pra-lá-dois-pra-cá" e citou o Falamansa. Saca só: ela não conhece Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Geraldo Azevedo ou Elba Ramalho. Ela revelou-se encantada pelo quarteto de São Paulo. Ela até arriscou o refrão de "Rindo à Toa".

Pois bem, o Falamansa é um tipo de Beatles do forró universitário. Sinceramente, não compreendo esse rótulo. Será que existe forró do segundo grau? Ou Forró do MBA? Ou xaxado do mestrado? Ops, voltemos ao tema. Tato, Alemão, Dezinho e Valdir do Acordeão revitalizaram o estilo, recolocaram na moda o jeito de dançar coladinho e, sabe-se lá como, se tornaram um fenômeno de vendas. No verão de 2000, quem não ouvisse Falamansa estava out. Comprei o disco deles.

Verdade seja dita, os caras fazem um som inofensivo, com canções agradáveis e letras otimistas, quase ingênuas. É um som com cara de verão, casa de praia, calor, ressaca e churrasco de fim de tarde. Numa limpa nos meus CDs, fiquei com o "Deixa Entrar" na mão. Por alguma razão, poupei o Falamansa da reciclagem.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Xote dos Milagres" é bem fofa e me abriu caminhos para conhecer muitas meninas forrozeiras. Ouvi muito. Musicalmente, gosto de "Avisa" e "Asas".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
No mesmo verão de 2000 (ou 2001, não lembro), fui passar uns dias na casa de praia de um amigo em Ubatuba. Lá conheci uma mocinha paulista que era professora de dança. Encarei o desafio, botei o Falamansa (até então, uma novidade) para tocar e a chamei para dançar. A danada era absurdamente cheirosa e tinha um jeito de pegar. Vixe! Não rolou nada de mais. O máximo que arranquei foi um beijo roubado.
Neste verão, os cursos de forró faturaram como nunca. Todo mundo queria dançar o forró universitário.
Eis que após o forró universitário, surge o sertanejo universitário. Fico pensando quem será o próximo: pagode universitário, reggae universitário ou samba universitário?

Um pedacinho do disco


domingo, 20 de março de 2011

#174 Suede, "Suede"


Na época do lançamento, um escândalo. Tudo por conta de um beijo andrógino em sua capa. Sim, o Suede chegou pra causar no mercado. Estratégia de marketing ou não, os caras eram muito bons, e com isso já estrearam com esse disco no topo das paradas britânicas. Segundo a revista Melody Malker, eles eram "The Best New Band In Britain", que virou uma frase meio recorrente para todas as bandas expressivas do britpop nos anos 90. Mais do que isso, esse disco do Suede é considerado por muitos como o pontapé inicial do britpop, embora muita gente atribua isso ao primeiro disco do Blur (Leisure), apesar do forte apelo de 'Madchester' (como era conhecida a cena musical de Manchester na virada dos anos 80 para os anos 90) que ele tem.

Ok, falei demais, voltemos ao disco: ele não chegou ao topo das paradas britânicas à toa. Um excelente trabalho da banda inglesa formada por Brett Anderson (vocais), Bernard Butler (guitarra), Mat Osman (baixo) e Simon Gilbert (bateria). A música "The Drowners" tocou até cansar na MTV na época, mas além dela o disco inteiro tem muita coisa boa, variando do rockzinho dançante às baladas melancólicas, tipicamente ingleses. Isso não parece familiar? Sim, foram muito comparados ao The Smiths. Não sei exatamente o porquê, mas nos EUA eles são conhecidos como "The London Suede". Vai ver tem algum grupo americano inexpressivo com esse nome, mas o bairrismo os impede de dar o devido tratamento (vide essa mania de chamar futebol de soccer, sendo que o esporte deles mal usa os pés, mas isso não é assunto pra cá :D)

Assim que lançou, aluguei o CD pra ouvir e acabei comprando uma cópia pra mim. Ouvi bastante nos tempos de faculdade, mas algumas músicas escuto até hoje

A faixa que mais ouvi neste disco
"Metal Mickey" e "She's not dead", cada uma ao seu estilo

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
O meu auge ao ouvir esse disco foi no finalzinho da faculdade, quando juntava com uma galera pra fazer happy hour e voltava muito tarde pra casa. Isso especialmente às segundas-feiras, quando os bares do Baixo Gávea ficavam cheios de gente interessante de todas as tribos até o amanhecer da terça. Basta ouvir alguma música desse disco pra lembrar dessa época (ou seja, se eu lembro, eu nem bebi tanto assim, né?)

Um pedacinho do disco:

sábado, 19 de março de 2011

#173 Beastie Boys, "Ill Communication"

Minha história com os Beastie Boys começa com o Charlie Brown Jr. Bom, em um ímpeto consumista, comprei o primeiro CD de Chorão e sua turma. Ouvi, reouvi, cansei e quis me livrar dele. Eis que um amigo demonstrou interesse pelo disco e me fez uma proposta: "quer trocar por um do Beastie Boys?". "Só se for agora". E assim, quase sem querer, o brilhante "Ill Communication" entrou na estante do blogueiro platinado.

Lançado em 1994, "Ill Communication" é um épico de 20 faixas, que começa com a sutileza de "Sure Shot" e segue com o groove instrumental de "Bobo on the Corner" e o rock/rap de "Sabotage", dentre muitos outros torpedos sonoros. Se o Public Enemy e o Body Count botaram o som dos guetos e subúrbios negros nos rádios dos playboys, os garotos brancos do Beastie Boys fizeram provaram que tinham bala na agulha para fazer este tipo de música com a mesma autoridade.

É incrível como "Ill Communication" foi lançado há 17 anos (escrevo em 2011) e continua totalmente contemporâneo.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Sabotage" no talo! Aposto que a moçada do Hermes & Renato também curtiu.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
A aquisição deste CD já vale como curiosidade.
O clipe de "Sabotage" é fora de série. É um dos meus favoritos.

Um pedacinho do disco

sexta-feira, 18 de março de 2011

#172 R.E.M., "Green"


Época de escola, e na minha turma tinha uma menininha bodyboarder que ouvia muito som maneiro, por conta das músicas que tocavam nos campeonatos. Eis que num dos nossos papos sobre música ela me empresta uma fita cassete, com músicas gravadas direto do rádio (mais precisamente da saudosa Fluminense FM). Entre elas, estava "Stand", do R.E.M. Durante muito tempo, essa música era sinônimo de R.E.M., e eu na minha santa inocência musical achava que todas as músicas deles tinham mais ou menos esse estilo.

Passou um tempo, conheci outras músicas do R.E.M., me encantei de verdade com "It's the end of the world as we know it", mas ainda não tinha nenhum disco da banda. Até que no dia que minha mãe comprou o primeiro CD Player lá de casa, ela deixou que eu comprasse 3 CDs à minha escolha pra ouvir no dito cujo: "On every street" (Dire Straits), "The Real Thing" (Faith No More) e esse aqui do R.E.M. Estes, aliás, são dos poucos CDs que eu tenho até hoje.

O disco ao meu ver é uma senhora evolução em relação ao Document, que é um tanto inconstante na minha opinião. Tem umas músicas com apelo bem pop (como "Stand" e "Pop Song 89"), mas no geral segue o estilo folk rock alternativo dos discos anteriores. Mesmo assim, tem algo na sonoridade das músicas que pra mim parece ter um algo mais. Teve "Orange crush" como um dos grandes sucessos (na qual Michael Stipe canta com um megafone), mas pra variar gosto mais das menos conhecidas da massa, como "You are the everything" e "World leader pretend". Até então era um dos meus preferidos (junto com o "Murmur"), mas aí a banda se superou e lançou dois discaços (muito bem abordados pelo Surfista): Out of Time e Automatic for the People (esse último, o meu predileto)

A faixa que mais ouvi neste disco
Empate técnico: "You are the everything" e "Pop Song 89"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Foi no período pré-gravação deste disco que os músicos da banda resolveram aprender a tocar outros instrumentos musicais e trocar de instrumento durante as gravações, numa tentativa de buscar uma sonoridade ligeiramente diferente e não cair na cilada de gravar discos muito parecidos uns com os outros. E foi graças a isso que Peter Buck aprendeu a tocar bandolim, que virou uma das marcas registradas da banda em trabalhos futuros

Um pedacinho do disco:

quinta-feira, 17 de março de 2011

#171 The Simpsons, "Sing the Blues"

Aos 12 ou 13 anos de idade, eu tinha uma consultora para assuntos femininos. Era a minha vizinha. Ela também tinha 12 ou 13 anos, era loira, olhos claros, ascendência alemã e um ar blasé que eu adorava. Entre todas as meninas da rua, ela a mais "classuda" e precoce. Tá certo que rolava uma "forçação de barra", mas e daí? Como eu não conseguiria pegá-la, decidi aprender com ela. Durante um tempo, a guria me dava dicas sobre como chamar a atenção do sexo oposto. Eu ouvia e anotava. Uma das lições era sobre música. Ela recomendava Guns'n'Roses, Seal, R.E.M. e outras bandas imprescindíveis para construir a imagem de "maneiro". Um dos discos que ela me indicou foi o improvável "The Simpsons Sing the Blues". Obediente, comprei!

Pois é, altamente populares já no início dos anos 1990s, Homer, Marge, Lisa e Bart (além de alguns outros moradores de Springfield) protagonizaram um CD caça-níqueis com um repertório esquisito. Entre as 10 faixas, alguns clássicos do rock e do blues, esboços de rap, flertes com o soul e outras bizarrices que ficaram até engraçadas. Apesar de ter um jeito de disco para crianças, o álbum tinha clássicos como "School Day" (do Chuck Berry) e "Born Under a Bad Sign" (de Booker T. Jones).

Desenterrei este CD para escrever esta resenha e resgatei algumas memórias afetivas da minha pré-adolescência. Lembrei que "The Simpsons Sing the Blues" fez um relativo sucesso. Nos primórdios da MTV, o clipe de "Do The Bartman" ficou no Top 10 durante semanas. Logo depois, Bart ainda estrelaria "Deep, Deep Trouble", outra música deste disco.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Do the Bartman"!!! Bart Simpson já era uma celebridade e um ícone pop.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Mantive contato com a minha vizinha-musa por muitos anos. Hoje, ela casou e mora em Londres. Estive por lá, mas não consegui encontrar com ela. Pena!
Acho que este CDzinho tem um jeitão de peça de colecionador.

Um pedacinho do disco

quarta-feira, 16 de março de 2011

#170 The Cure, "Disintegration"


O The Cure pra mim já não era novidade. Depois de muito ouvir "Boys don't cry" e "In-between days", estava ávido por mais músicas da banda. Não estava iludido: sabia que um disco deles não seria uma repetição destes sucessos, mas queria conhecer melhor suas músicas. Entrava a década de 90, e chegava às lojas um elogiadíssimo disco da banda. Não tive dúvidas, e tive o dinheiro :)


Na primeira vez que ouvi, fiquei sem reação. Se eu pudesse definir esse disco com uma palavra, seria: denso. A banda faz uma volta ao estilo gótico deprê do início dos anos 80 com ótimas músicas. Nas rádios, às vezes tocava "Lullaby", uma das minhas prediletas. Além dela, fizeram algum sucesso "Fascination street" (que eu adoro) e "Lovesong".

A faixa que mais ouvi neste disco
"Fascination street"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
A versão de "Lovesong" feita pela banda 311 (pronuncia-se three eleven) para a trilha sonora de "50 first dates" (Como se fosse a primeira vez) é excelente. Ouço mais do que a original

Um pedacinho do disco:


terça-feira, 15 de março de 2011

#169 Jimmy Page & Robert Plant, "No Quarter"

Certa noite, eu estava de papo com uma amiga na Internet. Já era tarde da noite e a gente conversava sobre trivialidades diversas. Em dado momento, ela mencionou sua preferência por whisky em relação às outras bebidas. No ato, eu revelei que tinha uma garrafa de Johnnie Walker ainda imaculada. Sem pestanejar, ela disparou "quer vir aqui, você e o Johnnie?". "É para já!". E lá pelas duas horas da manhã, eu e o meu amigo caminhador fomos fazer uma visita noturna. Elaa morava perto e pude ir andando mesmo. Ao chegar ao apartamento dela, fui recebido pelo ótimo "No Quarter" na vitrola.

Jimmy Page e Robert Plant gravaram "No Quarter" em 1994. O projeto era um "semiacústico" com repertório do Led Zeppelin em arranjos diferentes. Em resumo, toda a aura oriental que já existia nas músicas da banda ficaram evidentes neste disco, graças à reunião de músicos egípcios e os arranjos de cordas da London Metropolitan Orchestra. O resultado é um álbum digno da história de Plant e Page.

Ah, o meu encontro com a menina? Johnnie não viu o nascer do dia, ficamos bêbados e, infelizmente, não rolou nada de mais.

A faixa que mais ouvi neste disco
"No Quarter" é aberto pela magistral "Nobodys Fault but Mine" e encerrado pela épica "Kashmir". Essas são as minhas faixas favoritas.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Ah, quer mais? A história da visita noturna já é suficiente.

Um pedacinho do disco

segunda-feira, 14 de março de 2011

#168 Pixies, "Surfer Rosa"


Já falei aqui dos outros 3 discos do Pixies, e deixei por último o que mais me impactou. E não falo só da bela modelo fazendo o papel de "Rosa" na capa. Sinceramente, se você ainda acredita em rótulos musicais para bandas, deveria ouvir esse disco. É impossível colocar um rótulo existente para esse trabalho de Black Francis e sua trupe! Mesmo se você aplicar o genérico 'Alternativo', não se sentirá totalmente confortável com a escolha (eu pelo menos não fico)

Lançado em 1988 pelo selo independente britânico 4AD, o disco de estréia do Pixies (na verdade, o long play de estréia, pois antes eles lançaram o ótimo EP "Come On Pilgrim", com 8 músicas) inspirou muita gente boa na música, como por exemplo Billy Corgan, do Smashing Pumpkins e Kurt Cobain, do Nirvana. Isso rendeu ótimos trabalhos a Steve Albini, produtor do disco, que foi contratado por muitos artistas principalmente por seu trabalho em "Surfer Rosa". Cobain foi um que atribui ao disco sua idéia de contratar Albini para produzir o disco "In Utero".

Tomei conhecimento do disco ao ouvir a fantástica balada "Where's my mind?", que me deixou completamente desconcertado. Até então, tudo que eu tinha ouvido do Pixies era o "Doolittle", e nele não havia nada parecido. Quando ouvi esse disco na casa de um amigo, fiquei ainda mais desconcertado: as músicas são BEM diferentes umas das outras, mas tem uma linha comum que eu já desisti de tentar definir há muito tempo. Do disco, tem uma das minhas baladas preferidas ("Where's my mind?"), uma das minhas músicas-porrada preferidas ("Something against you"), além de outras bem diferentes do que estamos acostumados a ouvir por aí, como "Cactus" e "Vamos".

A faixa que mais ouvi neste disco
Sem dúvida alguma, "Where's my mind?"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Where's my mind?" já embalou vários inícios de relacionamentos meus, naqueles momentos onde tinha a sensação de estar com os 4 pneus arriados :)

Um pedacinho do disco:

domingo, 13 de março de 2011

#167 Nara Leão, "Garota de Ipanema"

No fim da faculdade, eu li "Chega de Saudade", do Ruy Castro. Pronto! De uma hora para outra, eu me senti uma autoridade do assunto, um especialista no estilo musical mais internacional do Brasil. Entrei em uma onda de ouvir João Gilberto, desencavei os LPs do Vinicius de Moraes dos meus pais e comprei alguns CDs do Tom Jobim. Até Dick Farney eu cheguei a botar na vitrola. Nessa fase, muita coisa surgiu e sumiu. Um dos álbuns que ainda ouço é um que nem é contemporâneo ao movimento carioca. Apesar do título, "Garota de Ipanema", foi lançado por Nara Leão em 1989.

Mas nem por isso, este segundo "Garota de Ipanema" deixou de ser histórico. Segundo o produtor, violonista e gente fina Roberto Menescal, este foi o primeiro álbum de um artista brasileiro na então nova tecnologia do CD com foco no mercado estrangeiro. Nara topou o desafio e gravou uma coletânea com o que há de melhor em bossa nova. Além da óbvia "Garota de Ipanema", o ouvinte encontra no repertório as históricas "Wave", "Desafinado", "Águas de Março", "Samba de Uma Nota Só", "Corcovado", "Samba do Avião" e muitas outras. De quebra, "O Que Será", do Chico Buarque, entrou merecidamente (porém clandestinamente) entre as 16 faixas.

Com a interpretação delicada de Nara e a produção corretíssima de Menescal, "Garota de Ipanema" sintetiza o movimento e quebra o galho dos mais preguiçosos. Quem não quiser fuçar as discografias da santíssima trindade Vinicius, João e Tom pode encontrar o básico e essencial da bossa nova neste CD.

A faixa que mais ouvi neste disco
Adoro "Corcovado", "Samba do Avião" e "Água de Beber".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Achei este disco da Nara em um baú de CDs ruins no Supermercado Extra, na Barra da Tijuca. Entre muitas tranqueiras, este tesourinho estava graciosamente lá por R$4,00, se não me engano.
"Garota de Ipanema" foi lançado pela Philips, que virou Polygram, que se tornou Universal Music, que eu nem sei se existe mais.

Um pedacinho do disco

sábado, 12 de março de 2011

#166 Easy Star All-Stars, "Radiodread"


Como eu já disse aqui, "Ok Computer" é um disco fodaço, mas bem deprê (que eu usaria o eufemismo "denso" pra descrever, dependendo do interlocutor). Mas pra alguns, é perfeito pra fazer um trabalho bem alegre e suingado. Quem são esses alguns? Os músicos do Easy Star All-Stars, um grupo de músicos de reggae e ska com formação "flexível". Fundado pelos músicos Michael Goldwasser, Eric Smith, Lem Oppenheimer e Remy Gerstein, que são co-fundadores do selo novaiorquino Easy Star Records, especializado em ritmos caribenhos.

Uma das empreitadas deles foi refazer o álbum "Ok Computer" do Radiohead com levadas reggae e ska, música a música, com algumas pequenas alterações. Por exemplo, na música "Paranoid android", trocaram o verso God loves his children por Jah loves his children, pra ficar mais no espírito do reggae. Pra manter esse trocadilho constante com o ritmo jamaicano, o disco foi lançado com o nome "Radiodread". O resultado ficou excelente, rendendo elogios até mesmo de Thom Yorke, líder do Radiohead.


A faixa que mais ouvi neste disco
"Let down"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Aí alguém pode perguntar: cara, como é que você descobre essas coisas? Esse caso aqui foi uma grande sorte. Eu estava hospedado com meu primo num hostel em Punta del Este que é muito procurado por surfistas (eles inclusive alugam pranchas), e o disco estava tocando numa das tardes que passei lá. Daí a chegar no trabalho dos caras, agradeço a São Google!

Um pedacinho do disco:


sexta-feira, 11 de março de 2011

#165 Vários, "Tropicália ou Panis et Circencis"

Atenção para linhas de babação de ovo desenfreada... Ó, eu avisei, hein?

Durante muitos anos corri atrás de "Tropicália ou Panis Et Circencis". Essencial na história da música e cultura brasileiras, este disco foi um dos meus maiores objetos de desejo musicais. Além de importantíssimo para compreender o Brasil pós-bossa nova (e ainda no frenesi da Jovem Guarda), o álbum apresenta artistas maravilhosos em seus primeiros anos. Gil, Caetano, Mutantes, Gal Costa e Tom Zé estavam no frescor da juventude e com ideias fervilhando. Tem até a Nara Leão. Até achei este CD na Modern Sound e em outras lojas de grife, mas o preço adiava minha compra. Mas eis que surge (de novo) as salvadoras Lojas Americanas com esta bolachinha perdida entre Exaltasambas e Babados Novos por inacreditáveis R$ 9,90. Comprei com um sorriso de orelha a orelha!

Toma, Modern Sound!!!!

Pois então, "Tropicália ou Panis Et Circencis" é um disco épico. Brasileiríssimo. Baianíssimo. Moderno. Inovador. Não uso vírgulas para ressaltar bem cada adjetivo. Mesmo com alma brazuca, o álbum é ousado em seus experimentalismos e até pelo instrumental, que adere à guitarra elétrica sem preconceitos. Aliás, na letra de "Geleia Geral", Gilberto Gil cria um embrião do rap (ou um repente), que cita de Sinatra ao boi-bumbá. Caceta, estamos falando do Brasil de 1968. Rap era um sigla desconhecida por aqui.

O repertório guarda o espírito do Tropicalismo: absorver todos os estilos musicais e reciclá-los em novas canções. Quer um exemplo? Com doçura angelical em versos cotidianos, Gal Costa imortaliza "Baby", de Caetano Veloso. O refrão é em inglês: "baby, I love you". "As Três Caravelas (Las Três Carabelas)" é cantada em espanhol e português por Caê e Gil em ritmo de salsa.

Cara, "Tropicália ou Panis Et Circencis" é emblemático como "Samba Esquema Novo", "Chega de Saudade", "Clube da Esquina" ou o primeiro disco do Blitz. É um marco, um divisor de águas e estopim para o surgimento de toda uma geração. Ouça com carinho.

A faixa que mais ouvi neste disco
Adoro "Baby". É tão doce, tão melodiosa. Gal está sublime. A mesma Gal incorpora o espírito da despedida de uma filha para com sua mãe em "Mamãe, Coragem". Igualmente formidável.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Tal e qual um crossover Marvel e DC Comics, Nara Leão (uma das madrinhas da bossa nova) também participa do disco. Acho que só Nara teria essa moral para cantar com os jovens baianos sem se arranhar com os puristas de Ipanema. Na capa, Caetano segura um retrato da cantora.
Não sabe o que é crossover? São edições especiais em que um herói de uma editora visita o herói de outra. Como Homem-Aranha no gibi do Batman, por exemplo.
Gil segura o retrato do compositor e poeta Capinan, enquanto o produtor do disco Rogério Duprat simula chá com um penico.
Ouso dizer que a capa de "Tropicália ou Panis Et Circencis" é a mais legal da MPB de todos os tempos. É a nossa "Sgt. Peppers".
No filme "Alta Fidelidade", com John Cusack, "Tropicália ou Panis Et Circencis" aparece entre os LPs do protagonista.

Um pedacinho do disco

quinta-feira, 10 de março de 2011

#164 Buena Vista Social Club (trilha sonora original)

Queria falar desse disco, mas eu jurava que o Surfista já o tinha feito nos primeiros dias de vida deste blog. Fui lá por acaso, vi que se tratava de outro disco (inspirado nesse aqui), e aí me animei a escrever sobre ele.


Convenhamos, um SENHOR disco! Boa música, pra quem realmente a aprecia, independente do estilo musical. E foi sabendo que em Cuba se faz ótima música sem o devido crédito que Ry Cooder, guitarrista americano radicado no blues, fez extenso trabalho viajando pela ilha de Fidel no intuito de reencontrar os grandes músicos cubanos das décadas de 40 e 50, muitos deles desconhecidos fora de Cuba. O disco vendeu pacas mundo afora, e trouxe de volta ao estrelato grandes artistas cubanos como Ibrahim Ferrer, Célia Cruz, Compay Segundo, entre outros. O trabalho rendeu também um documentário produzido por Cooder que passou inclusive nos cinemas off'-circuitão.

Escuto o disco inteiro de tempos em tempos. É uma das minhas trilhas prediletas para relaxar ou ler livros em tardes descompromissadas.

A faixa que mais ouvi neste disco
A ótima "Amor de loca juventud"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Uma coisa que sempre me passou pela cabeça: bem que o Ry Cooder podia fazer algo parecido com os sambistas clássicos aqui do Rio, pegando gente da Portela, Mangueira, Império Serrano, etc.

Um pedacinho do disco:



quarta-feira, 9 de março de 2011

#163 Olodum, "O Movimento"

Houve um tempo em que as bandas baianas eram um privilégio local e o carnaval baiano não era o negócio milionário que é hoje em dia. Nos anos 1980 e comecinho dos 1990, o Olodum, Timbalada e a Reflexu's eram algumas das poucas bandas que fugiam à regra e chegavam ao eixo Rio-São Paulo. Antes mesmo de aterrissar em praias cariocas ou nas avenidas paulistas, eu já conhecia os tambores do Olodum. Pô, eu passei uma parte da infância em Aracaju e estava sempre nas areias de Salvador.

Quando era moleque, visitei alguns tios de Salvador e fomos jantar no Pelourinho, área histórica da capital soteropolitana. Coincidentemente (ou não), era dia de ensaio do Olodum. Olha, fiquei deslumbrado com aquela parede de percussão. Eram dúzias de músicos e o som criava uma energia incrível. Era algo muito rústico, muito "raiz". A música era meio tribal, com samba-reggaes contagiantes e letras com temáticas africanas. Fiquei deslumbrado, arrepiado, chocado, bolado etc. Indescritível.

Em 1993, já morando em Petrópolis, percebi que o Olodum ficou pop e virou moda no Sudeste. "Requebra" (precursor do "É o Tchan") era a trilha-sonora do verão. Comprei "O Movimento" na finada Alvilar (quem é de Petrópolis conhece). Ouvi e reouvi, mas não me emocionei. Claro que o efeito ao vivo é sempre mais arrebatador, mas mesmo assim fiquei desapontado. Não senti a autenticidade de antes. Ouvi um disco do Reflexu's e achei mais convincente. Tenho dúvida se fiquei mais exigente ou se o disco não transmite o real poder do Olodum.

Nunca mais vi o Olodum tocar em Salvador. Gostaria de voltar à Boa Terra em um período off-Carnaval e conferir um ensaio da banda no Pelourinho. Quero voltar e descobrir se eu ainda me deslumbraria com o som dos caras.

A faixa que mais ouvi neste disco
Acho o disco meio chato. Na época, a música que mais tocou foi "Requebra". Deve ter sido essa. Ah, "Rosa" é bonitinhazinha, mas nada de mais.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Michael Jackson e Paul Simon já se encantaram pelo som do Olodum e gravaram com eles.

Um pedacinho do disco

terça-feira, 8 de março de 2011

#162 Paralamas do Sucesso, "Selvagem?"


Esse foi o disco de estúdio dos Paralamas que mais vendeu por aí, e mostrou uma boa guinada na carreira da banda. Representou uma fase mais madura da banda, cujas letras agora abordam temas mais amplos, como se seus integrantes tivessem superado a adolescência de "Cinema Mudo" e "O Passo do Lui". Além disso, o ritmo das músicas flerta ainda mais com ritmos tropicais e se torna, na minha humilde opinião, bem mais brasileiro.


Desde o início, curti bastante "Alagados". Pra mim na época, seria o suficiente para comprar o disco e descobrir as outras músicas. De lambuja, ainda levaria "A novidade", que é uma das minhas prediletas da banda. Na época acabei não comprando, pois apesar da euforia consumista gerada pelo Plano Cruzado, minha mesada não permitia grandes estravagâncias e eu já tinha os discos do A-Ha na minha mira. Só conferi esse disco alguns anos depois.

E na boa, podia esperar até mais. Tirando as que eu falei e a versão da banda para "Você", do Tim Maia, achei esse disco bem mais fraco que seu antecessor, por exemplo. Talvez por ser um disco de transição, talvez pela pura implicância que eu tenho com a faixa título. Mas pra mim eles tem discos bem melhores

A faixa que mais ouvi neste disco
"A novidade", seja pelos Paralamas, seja pelo Gilberto Gil, seja nos shows do Banga

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
O moleque na capa do CD é irmão do baixista Bi Ribeiro

Um pedacinho do disco:


segunda-feira, 7 de março de 2011

#161 Caetano Veloso "Muitos Carnavais"

Se você está lendo esta resenha no dia exato da publicação, acredito em duas hipóteses:

a) Você abomina o Carnaval e está curtindo o feriado em algum recanto off-folia.

b) Você está naquele momento de repouso entre um bloco e outro.

Seja lá qual for a opção, a certeza que tenho é que hoje o Brasil está naqueles dias de catarse em que escolas de samba, trios elétricos, blocos e foliões estão por todos os cantos. Em algum momento das transmissões da Globo ou da Band Folia, Caetano Veloso vai aparecer – seja na Marquês de Sapucaí (Rio) ou no Circuito Barra-Ondina (Salvador). Caê se amarra neste período do ano e já gravou um disco inteiro dedicado à festa de Momo. "Muitos Carnavais" reúne 12 marchinhas (a maioria de sua autoria) para animar pistas e avenidas.

Confesso que ouvi poucas vezes este disco. Na verdade, comprei porque estava barato e também por curiosidade. Enfim, comprei, ouvi e guardei. Após anos, tirei da gaveta para escrever este texto. A impressão que tive é que é um álbum com melodias suaves e com letras festivas. O espírito é dos bloquinhos do Rio e não das megaproduções baianas. Não senti a energia over dos blocos da Ivete ou das baterias das escolas de samba. É um som meio retrô, meio clube. Tem até um sambinha com ares de bossa nova ("Hora da Razão"). Vale um confere.

A faixa que mais ouvi neste disco

Nenhuma em especial. Tem que escolher uma? Então tá: "A Filha da Chiquita Bacana"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade

A letra de "Deus e o Diabo" tem uma passagem profana que acho que sintetiza bem o espírito do Carnaval brasileiro: "O carnaval é invenção do diabo / Que Deus abençoou".

Tive uma namorada muito culta, fã do Caetano. Em um Carnaval, eu lhe dei uma cópia de "Muitos Carnavais".

Em uma coletiva de imprensa, Caetano declarou que tem um projeto de gravar um novo disco carnavalesco. Dessa vez, só com músicas do Carnaval da Bahia.

"Atrás do Trio Elétrico" virou um dos hinos do Carnaval de Salvador.

Um pedacinho do disco

domingo, 6 de março de 2011

#160 Cartola, "Cartola (1974)"


Como disse aqui ao falar do último disco do Bangalafumenga, o samba pra mim é uma novidade recente. Embora eu tenha curtido alguns carnavais acompanhando desfiles de escolas de samba quando meu pai ainda estava vivo, eu nunca dei muita bola pro estilo. Depois de um hiato de alguns anos, acompanhei a escalada do Salgueiro rumo ao título do carnaval de 1993, e voltei a ignorar o ritmo.


Eis que há cerca de 3 anos, conheci uma menina bem intelectualizada, mas que dizia adorar Cartola. Achava que isso só podia ser um discurso pronto, numa de querer parecer uma pessoa cult. Passado algum tempo, comecei a presenciar como batuqueiro como é uma arte fazer um bom samba, e numa rodinha com amigos (na qual estava tocando ganzá, que nem é um dos instrumentos que normalmente toco) descobri finalmente Cartola. Daí, fui correndo atrás da obra dele, e me deparei com essa preciosidade, lançada no ano que eu nasci.

Disco recheado de grandes sucessos da vida de Cartola, com algumas músicas em parceria com outros grandes sambistas, só foi lançado quando o músico tinha 65 anos, buscando fazer justiça a grande contribuição dele para a nossa música. Duvida disso? Então me diga o que acha de "Preciso me encontrar", de Marisa Monte. Pois é, mais uma dele!

A faixa que mais ouvi neste disco
"O sol nascerá"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Cartola nasceu e viveu a infância na minha querida Laranjeiras, até se mudar para a favela da Mangueira em virtude de dificuldades financeiras de sua família. Foi um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira através do seu bloco dos arengueiros, mas ficou muitos anos afastado da cena musical por desavenças na comunidade e por ter ficado muito doente. Foi encontrado por acaso pelo jornalista Sérgio Porto no final da década de 50 trabalhando como lavador de carros em Ipanema, e daí pode retomar contato com a música, servindo de influência para toda uma nova geração


Um pedacinho do disco:

sábado, 5 de março de 2011

#159 Adriana Calcanhotto, "Cantada"

Na modesta opinião do blogueiro, Adriana Calcanhotto é uma das artistas mais interessantes que brotaram na MPB dos anos 1990. A gaúcha surgiu com música na novela ("Renascer", se não me engano), vendeu muitos discos e mostrou que não seria mais uma one-hit-wonder. Com um trabalho bacana, a cantora e compositora foi conquistando seu espaço com boas canções e discrição. De uma forma geral, curto muito a discografia dela, mas tenho especial simpatia por "Cantada".

Já contei isso aqui, mas vale repetir. Quando trabalhei com música na produtora do Gilberto Gil, tive a oportunidade de conhecer vários artistas admiráveis (e uns nem tanto). Naquela época (2002), Adriana lançou "Cantada", seu primeiro álbum na nova gravadora. A proposta era ousada: buscar o som perfeito através da simplicidade. Músicas com poucas notas, instrumental enxuto e sonoridades elaboradas. Até hoje, não sei a missão foi cumprida, mas tenho certeza de que o CD ficou legal.

Por trabalhar com música, acompanhei o lançamento de "Cantada" (audição, coletiva de imprensa etc) e escrevi uma resenha para o site do Gil. Para a minha surpresa, Adriana colocou o meu textinho no seu site oficial ao lado de jornalistas cascudos. Cara, que honra! Assim como Ivete Sangalo, ela cuida do seu conteúdo web bem de perto. Sei que ela gostou e ainda hoje fico feliz por isso.

A faixa que mais ouvi neste disco
Adoro a dor-de-cotovelo de "Cantada (Depois de Ter Você)" e a versão acústica e minimalista de "Music", da Madonna. "Depois de ter você / Poetas para quê ?/ Os deuses, as dúvidas? Por que amendoeiras pelas ruas? / Para que servem as ruas / Depois de ter você?". Sentiu o peso da parada?

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Adriana Calcanhotto é uma das artistas mais simpáticas que conheci. Artista acima da média e gente finíssima. Eu tinha uma foto com ela, mas acho que perdi...

Um pedacinho do disco


sexta-feira, 4 de março de 2011

#158 Michael Jackson, "Thriller"

Já contei aqui, mas vou repetir assim mesmo. Quando eu era criança miúda e bochechuda, meus piores pesadelos eram o Ney Matogrosso paramentado com plumas e paetês, o Kiss maquiado e o Michael Jackson virando lobisomem. Já resenhei discos do Kiss e do Secos&Molhados. Só faltava um trabalho do MJ e decidi optar pelo maior de todos. O lendário "Thriller" foi o 6º álbum de estúdio do Rei do Pop e você já deve saber um pouco da sua história: CD mais vendido da história, consagração do Jacko como estrela pop, estética inovadora, o passo "moonwalk", uma porrada de prêmios e bla-bla-bla.

Pois então, "Thriller" foi um disco emblemático para minha infância. Ao mesmo tempo em que adorava ouvir o Gilberto Gil candidamente cantando "Sítio do Pica-Pau Amarelo", eu ficava hipnotizado pelo Michael dançando. Este é um disco repleto de nostalgia. Eu lembro da memorável apresentação de "Billie Jean, onde ele mostra pela primeira vez o moonwalking - se não me engano, passou no Fantástico. Lembro do clipe de "Beat It" e uma época em que clipe não era algo assim tão popular. Lembro da jaqueta vermelha que virou moda. Lembro da risada diabólica no final de "Thriller".

Convenhamos, era uma época bem legal na carreira dele: reconhecimento musical, dinheiro entrando por todos os cantos, milhões de fãs, sem escândalos e (aparentemente) nenhuma cirurgia. Era Michael Jackson em sua plenitute artística.

A música que mais ouvi neste disco
Sou muito fã da levada de "Billie Jean". Acho que está é a música mais elaborada do disco.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Thriller" é o único disco que tenho duas cópias. Por quê? Bom, há muitos anos, eu comprei o CD normal. Em 2009, quando Michael bateu as botas, todos os seus álbuns voltaram às lojas. Numa dessas, encontrei uma edição comemorativa de "Thriller", com CD, DVD, encarte especial e outros mimos por menos de 10 dinheiros. Não resisti.
Este é o único disco do Michael Jackson que tenho.
Olhando as roupitchas de Michael, você não acha que ele e o Caubi Peixoto tiveram o mesmo estilista?

Um pedacinho do disco:

quinta-feira, 3 de março de 2011

#157 Caetano Veloso e Chico Buarque, "Caetano & Chico - Juntos e Ao Vivo"

Chico Buarque e Caetano Veloso estão presentes na minha vida de uma forma bem mais profunda que a musical. Eu nasci no mesmo dia de Chico. Meu irmão comemora aniversário na mesma data de Caetano. Nem eu nem meu irmão temos qualquer talento musical, mas, curiosamente, temos temperamentos levemente parecidos com os nossos camaradas famosos. Sou mais discreto e reservado enquanto ele é mais espalhafatoso. Mesmo com essas diferenças de estilos, a dupla gravou um lendário disco ao vivo em 1972.

"Chico & Caetano- Juntos e Ao Vivo" registra um show da dupla na Bahia, em pleno rigor do regime militar. Então, imagine como devem ter ficado os milicos ao descobrirem que dois dos seus maiores alvos cantariam juntos.

No repertório, "Bom Conselho", "Tropicália", "Ana de Amsterdam", "Partido Alto" e a sensacional junção de "Cotidiano" e "Você Não Entende Nada".

A música que eu mais ouvi deste disco
Sem sombra de dúvida, "Você Não Entende Nada / Cotidiano". "Eu quero que você venha comigo / Todo dia, todo dia / Todo dia ela faz tudo sempre igual...".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Anos depois, a dupla se reencontrou em um especial da TV Globo. Mais precisamente, em 1986.

Um pedacinho do disco

quarta-feira, 2 de março de 2011

#156 Netinho, "Ao vivo"

Mesmo quem odeia (ou odiou) axé não passou incólume ao furacão chamado "Milla", que devastou as rádios brasileiras na segunda metade dos anos 90. Quando chegou às lojas o disco ao vivo de Netinho, recém saído da Banda Beijo, "Milla" já tocava em tudo quanto era canto do país. Com isso, o disco vendeu que nem pão quente por aí, puxado por esse grande sucesso.


Na época, eu começava a simpatizar com o axé. No início dos anos 90 eu detestava, mas gostava das farras que eram embaladas pelas suas músicas. Bem ou mal, preferia muito mais o otimismo e a alegria das letras e músicas de Chiclete, Asa e Banda Eva do que o interminável lamento dos pagodeiros já naquela época, por exemplo. E na maioria das festas, era ou axé, ou pagode. Nessa onda, comprei o disco do Netinho.

Confesso a vocês: ouvi MUITO esse disco. E o disco inteiro, posso dizer. Algo bem no contexto da época mesmo, tanto que eu nem sei que fim levou esse CD. Mas enquanto durou essa fase, o CD do Netinho se mudou pro meu carro.


A faixa que mais ouvi neste disco
Alguma dúvida de que foi "Milla"? Mesmo que involuntariamente, pois minha preferida é o poutpourri "Jeito diferente / A vida não é brincadeira"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Total" é uma das músicas mais bregas que já ouvi em toda minha vida! Já ouvi falar que a versão traduzida de uma música latina, mas nunca achei a original pra poder tirar a prova


Um pedacinho do disco:


terça-feira, 1 de março de 2011

#155 Chico Buarque, "Chico no cinema"

Estou longe de ser capacitado pra falar com propriedade da discografia do Chico Buarque. Demorei pacas a mergulhar na obra do "carioca" cujos olhos causam suspiros em 8 entre 10 mulheres. Felizmente a idéia aqui é falar de um disco, e não da discografia (senão a Maria poderia falar muito melhor disso do que eu)


Resolvi falar desse aqui pois foi justamente assim que tomei conhecimento das músicas de Chico: pelas músicas feitas para filmes. Começou lá atrás, na trilha sonora do filme "Os saltimbancos trapalhões" (da qual falarei mais pra frente). Depois, o desfecho perfeito que a música "Futuros amantes" deu ao filme "Pequeno dicionário amoroso". E catando músicas aqui e ali, cheguei a essa coletânea feita só com sucessos de Chico que figuram em vários filmes nacionais.

Muitas dessas músicas eu tive o privilégio de tocar em blocos de carnaval ou ouvir versões interpretadas pelas queridas amigas do Mulheres de Chico. E foi graças a esse disco que me joguei mais fundo na discografia dele, e que se acentuou minha paixão pelo carnaval

A faixa que mais ouvi neste disco
Esse disco tem pelo menos umas 10 músicas que ouço muito, mas a que mais ouvi foi com certeza "Não sonho mais", num delicioso ritmo de coco

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Desde que voltei a curtir o carnaval no Rio, em 2006, que "A noite dos mascarados" se tornou um hino pra mim. Basta ouvir os primeiros versos de Chico e Elis pra imaginar os bons blocos, e imaginar como foram os grandes carnavais cariocas dos anos 50 e 60, época das grandes marchinhas e da doce inocência pré ditadura militar


Um pedacinho do disco: