No fim da faculdade, eu li "Chega de Saudade", do Ruy Castro. Pronto! De uma hora para outra, eu me senti uma autoridade do assunto, um especialista no estilo musical mais internacional do Brasil. Entrei em uma onda de ouvir João Gilberto, desencavei os LPs do Vinicius de Moraes dos meus pais e comprei alguns CDs do Tom Jobim. Até Dick Farney eu cheguei a botar na vitrola. Nessa fase, muita coisa surgiu e sumiu. Um dos álbuns que ainda ouço é um que nem é contemporâneo ao movimento carioca. Apesar do título, "Garota de Ipanema", foi lançado por Nara Leão em 1989.
Mas nem por isso, este segundo "Garota de Ipanema" deixou de ser histórico. Segundo o produtor, violonista e gente fina Roberto Menescal, este foi o primeiro álbum de um artista brasileiro na então nova tecnologia do CD com foco no mercado estrangeiro. Nara topou o desafio e gravou uma coletânea com o que há de melhor em bossa nova. Além da óbvia "Garota de Ipanema", o ouvinte encontra no repertório as históricas "Wave", "Desafinado", "Águas de Março", "Samba de Uma Nota Só", "Corcovado", "Samba do Avião" e muitas outras. De quebra, "O Que Será", do Chico Buarque, entrou merecidamente (porém clandestinamente) entre as 16 faixas.
Com a interpretação delicada de Nara e a produção corretíssima de Menescal, "Garota de Ipanema" sintetiza o movimento e quebra o galho dos mais preguiçosos. Quem não quiser fuçar as discografias da santíssima trindade Vinicius, João e Tom pode encontrar o básico e essencial da bossa nova neste CD.
A faixa que mais ouvi neste disco
Adoro "Corcovado", "Samba do Avião" e "Água de Beber".
Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Achei este disco da Nara em um baú de CDs ruins no Supermercado Extra, na Barra da Tijuca. Entre muitas tranqueiras, este tesourinho estava graciosamente lá por R$4,00, se não me engano.
"Garota de Ipanema" foi lançado pela Philips, que virou Polygram, que se tornou Universal Music, que eu nem sei se existe mais.
Um pedacinho do disco
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