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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

#095 Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte, "Tribalistas"

Conheci "Tribalistas" (o disco completo, eu quero dizer) por acaso. No Rio, Quando a polícia civil resolve descer a borracha nos camelôs é um salve-se-quem-puder. No meio de uma dessas quizumbas, um pobre ambulante fugiu deixando cair parte do seu estoque de CDs piratas. Aos pés do meu irmão, que trabalhava no Centro, caiu um exemplar Jack Sparrow do então lançamento. Naquela noite, ganhei de presente o meu primeiro (e único) disco piratão.

Na opinião do blogueiro, "Tribalistas" é a "Bruxa de Blair" do mercado fonográfico brasileiro. Opa, contextualizemos a parada: assim como o filme, o disco foi um projeto sem qualquer pretensão de um grupo de amigos que acabou se tornando um retumbante sucesso. Aliás, o próprio grupo de amigos em questão era totalmente diferente entre si. No pacotão, tinha a sofisticação de Marisa Monte, a folia de Carlinhos Brown e os experimentalismos de Arnaldo Antunes. Não é que esta mistureba deu certo?

"Tribalistas" é um trabalho muito bacana. Tem muita criatividade, canções interessantes, músicos competentes e uma harmonia incrível entre os três artistas. No repertório, "Velha Infância", "Carnavália", "Mary Cristo" e o hit "Já Sei Namorar", que tocou, tocou, tocou incansavelmente nas rádios.

"Cuíca gemeu, será que era eu, quando ela passou por mim"

A faixa que mais ouvi neste disco
"Já Sei Namorar" foi a mais ouvida, mas "Velha Infância" foi a minha preferida.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Marisa Monte tem um apelido no trio. Na lisérgica músicas "Tribalistas", eles revelam que são "Arnaldo, Carlinhos e Zé". Sim, Zé é ela.
Mesmo com o sucesso aburdo do álbum, Marisa, Arnaldo e Carlinhos nunca fizeram um turnê do disco. Pelo que sei, a única apresentação do trio foi em Paris.
Vem fácil, vai fácil. Perdi o piratão dos "Tribalistas" em uma viagem ao Pará. Anos depois, comprei um CD bonitinho e legalizado.
"Já Sei Namorar" foi hit do Carnaval de 2003. Virou um hino da pegação!
A arte do disco é assinada por Vik Muniz.

Um pedacinho do disco


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

#094 Elastica, "Elastica"

Na segunda metade dos anos 90, apareceu na mídia (com forte influência da MTV por aqui) uma banda inglesa só de mulheres chamada Elastica. De cara, o single de lançamento da banda ("Connection") chegou rápido as paradas de todo o mundo, habitou a programação da MTV por bastante tempo e migrou também para as pistas de dança alternativas. Gostei bastante do que ouvi, e corri atrás do CD.

Corri as lojas que conhecia, e nada do CD (nem na Spider). Acabei apelando pra um site gringo (vide 'Presepada musical'), e consegui. No geral, o disco todo tem clara influência punk rock, como uma versão inglesa do L7 (banda feminina americana mais ou menos no mesmo estilo). Ouvi algumas vezes o disco, mas nada realmente brilhante. Destaque pro single "Connection", pra "Car song" (que também virou clipe), "Stutter" e "S.O.F.T".

A faixa que mais ouvi neste disco
"Car song", sempre constante nos meus playlists de corrida

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Na época, a internet já não era privilégio de meia dúzia de universidades e centros de pesquisa, mas estava longe de ser difundida (eu por exemplo jamais imaginaria que um endereço de email seria algo tão corriqueiro quanto um número de telef0ne num futuro próximo). Mas eu sabia que existia um site americano que vendia CDs pro mundo todo, o cdconnection.com. Mas nada de venda via web! Como não achei o CD por aqui, me aventurei a comprar pelo cdconnection: era preciso logar num terminal de texto (protocolo telnet), achar o CD e fechar a venda. Nada de telas coloridas clicáveis, só texto. E numa época sem hackers, o seu número de cartão de crédito viajava pela internet sem criptografia, sessão segura, etc: texto puro e simples. E no final tudo deu certo, e os CDs que comprei chegaram perfeitamente em casa (comprei logo 3).

Um pedacinho do disco:

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

#093 Pearl Jam, "Vs."

Por mais estranho que pareça, sinto que o público é infinitamente mais exigente com o segundo disco do que com o primeiro. Deixa eu explicar: desde que comecei a me interessar por música, vi muitos artistas estreiarem com discos bem-sucedidos e sumirem na sequência das suas carreiras. Citemos o Sugar Ray, Fastball, Chumbawamba, Natalie Imbruglia e por aí vai. O "Vs.", segundo disco do Peal Jam, veio carregado com a responsabilidade de dar continuidade ao excelente CD de estreia "Ten". Em 1993, os nossos amiguinhos de Seattle não desapontaram seus ouvintes grunges ao redor do mundo.

Na verdade, muita gente (incluindo o blogueiro platinado) acha que "Vs." é ainda melhor que "Ten". Eddie Vedder está mais corrosivo, o instrumental mais vigoroso e a pegada mais forte. No repertório, "Animal", "Elderly Woman Behind a Counter in a Small Town", "Rearviewmirror" e a soberba "Daughter". No colégio, este disco valia ouro e a molecada cabeluda de camisa de flanela reverenciava Eddie Vedder e sua trupe como se fosse o messias e os santos apóstolos. O K7 da banda era obrigatório para qualquer garoto tinha aspirações a ser legal.

A faixa que mais ouvi neste disco
Adoro "Rearviewmirror", mas ainda ouço "Daughter" à exaustão.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Vs." é o nome do disco, mas ganha um doce quem achar este título na capa do CD.
Demorei muito para colocar "Vs." na minha prateleira. O álbum foi lançado em 1993, mas só comprei em meados de 2009. Vai entender...
Se o Nirvana exalava revolta contra tudo e contra todos, a subversão do Pearl Jam era politicamente correta: não faziam shows patrocinados por cigarros, lutavam contra as empresas de ingressos e queriam baratear o preço dos seus shows. Anos depois, declarariam guerra à MTV, ficando anos a fio sem gravar um clipezinho sequer.
Em 1993, começou a demanda por um show do Pearl Jam em terras tupiniquins. A espera só acabou em 2005, com várias apresentações memoráveis.

Um pedacinho do disco:

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

#092 Chico Science & Nação Zumbi, "Da lama ao caos"


Como eu já disse aqui ao falar do "Afrociberdelia", foi num show da banda no Hollywood Rock que eu venci meu preconceito e comecei a me amarrar nessa mistura de rock com maracatu dos caras. E daí parti pra conhecer melhor o "Da lama ao caos", depois de ouvir o outro CD até cansar. Sim, eu sei que eu fui na ordem inversa (do 2º para o 1º) :D

Ouvi uma vez, ouvi outra, e mais outra, ... E a cada vez que ouvia, entendia o som dos caras de forma diferente. É quase o 'Sgt Peppers' do manguebeat (guardadas as devidas proporções), pois o disco é muito melhor entendido se ouvido inteiro, seguindo a ordem das faixas. Isso pra um cara que curte shuffle é um desafio, mas é a melhor forma de ouvi-lo.


A faixa que mais ouvi neste disco
"A praieira", que além de ouvir bastante quando finalmente descobri a banda, foi uma das músicas do repertório do Banga no desfile de carnaval em 2009

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Eu só entendi o contexto do CD quando passei uns dias em Recife, com um amigo pernambucano (praticamente irmão) que mora no mesmo bairro onde morava Chico Science, e me contou várias referências feitas pelas letras.

Um pedacinho do disco:

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

#091 George Michael, "Faith"

Em 1990, meu pai comprou o primeiro CD-Player da casa. Era um JVC compacto, com toca-fita, controle remoto e uma gavetinha para CD – que muitos ainda chamavam de "disco-laser". Um luxo só. Para inaugurar o brinquedo, fomos a uma extinta loja de discos na Av. Nossa Senhora de Copacabana. Enquanto escolhia os seus, meu pai me deu carta branca para pegar um também. Não sei porque cargas d'água eu optei pelo "Faith", do George Michael.

Pelo que me lembre, o clipe de "Faith" tocava o terror na recém-chegada MTV. O George Michael ainda não tinha saído do armário e o estilo pegador-sujo-cafajeste-com-brinco-de-cruz-e-rayban era uma referência para mim, um moleque de 12 anos que queria fazer sucesso entre as menininhas da rua. E o CD ainda tinha "Father Figure" e "One More Try", ideais para embalar a dança da vassoura em qualquer festinha.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Faith" era o hit do momento. Clipe na MTV, top 10 da Rádio Cidade e ainda animava as matinés e festas no playground.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Ah, cismei que queria ter um Ray-Ban no naipe do George Michael. Não consegui. Analisando anos depois, ainda bem.

Um pedacinho do disco

domingo, 26 de dezembro de 2010

#090 Pixies, "Bossanova"


Depois que conheci o Pixies e viciei no primeiro disco deles que eu tive (o 'Doolittle', do qual falei aqui), parti pra comprar os outros CDs da banda. Fui na Spider CDs em Ipanema (que também tinha CDs pra aluguel, como já disse aqui) e nem pensei em ouvir primeir0: fui direto na prateleira procurar algum do Pixies que estivesse à venda. Só tinha esse aqui, e eu de cara fiquei cabreiro: será que era mesmo um disco imitando a bossa nova? Talvez os caras fossem alternativos a esse ponto... Na época isso pra mim era uma questão séria (eu era totalmente bitolado musicalmente), mas encarei assim mesmo.

Chegando em casa, pus o disco pra tocar e me espantei: sonoridade BEM diferente do outro CD! E claro, nada de Bossanova :) Algumas músicas instrumentais interessantes (como "Cecilia Ann" e "Rock Music") e algumas músicas flertando com a surf music (como "Stormy weather" e o finalzinho de "The happening"), mas algo mais light do que a veia punk de boa parte das faixas do Doolittle. Light, mas mesmo assim nada mainstream, se é que vocês me entendem. Excelente disco, mas ao meu ver um pouco abaixo do Doolittle. Talvez por conta das desavenças que já rolavam entre os integrantes, mais precisamente entre o vocalista/letrista Frank Black (a.k.a. Black Francis) e a baixista Kim Deal.

A faixa que mais ouvi neste disco
Fico entre "The happening" e "Is she weird?", ouvi MUITO as duas

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Uma das minhas prediletas do disco tem nome de mulher: "Ana". Estilo surf music, boa pra ouvir na praia no fim da tarde. Algum tempo depois tive a oportunidade de namorar uma menina com esse nome e dedicá-la essa música. Ela achou brega e não deu bola, pra eu deixar de ser besta. :)

Um pedacinho do disco:

sábado, 25 de dezembro de 2010

#089 Zeca Baleiro, "Líricas"

Como 99% da população brasileira, eu conheci o maranhense Zeca Baleiro por duas músicas: "Vapor Barato" (em dueto com a Gal Costa) e "Lenha". Porém, só "descobri" o quanto este artista é bacana através de "Líricas", disco lançado em 2000 sem muito alarde. Após inúmeras audições, cheguei à conclusão de que este CD é o melhor da ótima discografia do rapaz.

A própria produção visual de "Líricas" é atraente: a capa bucólica com o artista e um cão em duas cores e o encarte com um tchan de envelhecido (tipo o "Machina", do Smashing Pumpkins). Tudo fica de acordo com um repertório suave, letras rebuscadas e arranjos acústicos. Ficou realmente um disco lírico de um artista muito talentoso e criativo, que faz música pop sem menosprezar os ouvidos do público. Saca este verso: "não quero ser triste, como o poeta que envelhece lendo Maiakóvski na loja de conveniência". Convenhamos, esta sensibilidade é privilégio de poucos.

"Líricas" ainda reserva uma versão doce da barulhenta "Proibida pra Mim", do Charlie Brown Jr. Zeca Baleiro descobriu que existe poesia sob os gritos do Chorão e isso não é para qualquer um. E no mesmo embalo, você ainda encontra "Minha Casa", "Quase Nada", "Banguela" e "Blues do Elevador", dentre as excelentes 12 faixas.

PS. FELIZ NATAL!!!!

A faixa que mais ouvi neste disco
Entre tantas canções legais, "Quase Nada" ainda consegue se sobressair. Mas o bom de "Líricas" é que cada ouvinte encontra uma outra faixa igualmente legal e sem perder a razão.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Zeca Baleiro foi descoberto pelo povão quando participou no disco acústico da Gal Costa. O engraçado é que as pessoas costumam lembrar dele, mas não do tal CD da baiana.
Ouvi "Líricas" pela primeira vez quando trabalhava na produtora do Gilberto Gil. A gente recebia uma cacetada de discos por dia e muitos eram horrorosos, mas Zeca Baleiro foi uma unanimidade positiva.

Um pedacinho do disco:

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

#088 Vários, "Rio by night"


Virada do milênio: reveillon pra lá de disputado nas areias de Copacabana, e um verão com grande presença de estrangeiros na Cidade Maravilhosa. Depois de um janeiro conturbado, fim de um namoro relativamente longo (o mais longo até então). Nesse tipo de situação, fica difícil recorrer aos CDs que você já tem, pois muita coisa que você ouve remete ao relacionamento.

Naquele momento clássico de afogar as mágoas com os amigos, achei esse CD na prateleira. Fez parte de uma leva de CDs que minha mãe comprou, não gostou muito e estava se desfazendo. Levei para a casa de um amigo músico (já falecido), e colocamos pra tocar enquantos bebíamos e discorríamos sobre as mazelas da vida. Eu até então só ouvia música estrangeira, abrindo algumas raras exceções. Mas ao ouvir esse CD, fiquei fascinado com a qualidade das músicas. Ouvi depois sóbrio pra tirar a prova, e vi cair por terra mais uma das minhas (burras) implicâncias musicais. Eu ali fazia as pazes de vez com a música brasileira.

Mesmo assim, é preciso dar valor a qualidade desta coletânea: tem com certeza uma coleção incontestável de sucessos. Já começa com 'Chega de saudade' (João Gilberto), emendando em 'Conversa de botequim' na voz de Dóris Monteiro, e depois 'Garota de Ipanema', tocada pelo Milton Banana Trio. Ao todo, são 21 músicas de variados estilos, mas com a cara do Rio. Destaque para 'Pedacinho do céu' (Waldir Azevedo), 'Coração leviano' (Paulinho da Viola), 'Noites cariocas' (Déo Rian) e 'Canto das três raças' (Clara Nunes)


A faixa que mais ouvi neste disco
'Pedacinho do céu', belíssima composição de Waldir Azevedo

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Esse CD é uma homenagem ao meu falecido pai, que hoje faria 73 anos, adorava música brasileira e mesmo tendo convivido comigo somente 15 anos, me influenciou bastante musicalmente


Um pedacinho do disco:

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

#087 Jorge Ben, "Samba Esquema Novo"

Eu já tinha ouvido falar muito do lendário "Samba Esquema Novo", mas só fui ouvi-lo integralmente em meados de 2003 – 40 anos após o seu lançamento original. Meu amigo, que experiência! Ouvi o CD com as músicas puras e limpinhas, graças ao incansável Charles Gavin, batera dos Titãs, que garimpou e remasterizou todas as faixas.

Jorge Ben saiu da Zona Norte do Rio (Tijuca e Rio Comprido), enfiou o pé na porta dos clubinhos de bossa nova da Zona Sul e criou um disco antológico, revolucionário, sei lá. Faltam adjetivos. Em "Samba Esquema Novo", cada faixa é magistralmente tocada (Jorge e a banda Meirelles e os Copa 5) e cantada com a carioquice de Jorge Ben. Para você ter uma ideia, o repertório deste CD tem "Mas Que Nada", "Chove, Chuva", "Balança Pema" e "Menina Bonita não Chora".

Ao lado de "África Brasil", "Samba Esquema Novo" está entre os meus discos de MPB favoritos. Aliás, o som é um pecado rotulá-lo apenas como MPB. A música de Jorge Ben é mundial, universal, espiritual e atemporal.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Mas que Nada" é a barbada deste disco, mas sou devoto de "Por Causa de Você, Menina". Além dos agudos, Jorge canta na língua do xis.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Jorge Ben começou com um violão no colo, mas foi com uma guitarra que ele encontrou a felicidade. Hoje em dia, raras são as ocasiões em que ele dedilha uma viola.

Um pedacinho do disco:



quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

#086 Radiohead, "Ok Computer"


Durante a década de 90, o Radiohead foi incensado por boa parte da mídia dedicada à cena indie como a grande banda alternativa inglesa. Eu na época só conhecia "Creep" (do primeiro disco, Pablo Honey) e uma música chamada "Pop is dead", que se não me engano só saiu em single. Sinceramente, não dava a menor bola pro Radiohead. Rolou uma certa implicância minha (assim como já tive com outros artistas, como o Strokes). Passei um bom tempo ignorando-os solenemente.

Alguns anos depois (mais precisamente em 2003), ao ver um filme francês muito legal chamado Albergue Espanhol, me deparo com uma música deliciosamente melancólica encerrando a narrativa. Fiquei com ela na cabeça um tempão, querendo saber de quem era. Fui descobrir que era "No surprises", do Radiohead. Li depois que a música era do OK Computer, tido como um dos melhores discos alternativos de todos os tempos pela mídia que puxava o sac..ops a sardinha para o Radiohead. Mesmo assim, comprei o disco. E graças a ele venci a birra que eu tinha com a banda.

Não é um disco de fácil audição, e eu não recomendo para quem está muito deprê. O disco é tão melancólico que eu não estranharia se soubesse de algum suicídio motivado por suas músicas :D Mas pra quem se amarra na doce melancolia muito habitual em algumas bandas inglesas, recomendo começar por esse disco. Pra ser perfeito, só faltava ter "Fake plastic trees" (do 2º disco, The Bends)


A faixa que mais ouvi neste disco
"Karma Police", que grudou no ouvido logo na primeira vez que eu ouvi

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
A banda Easy Stars All Stars lançou uma versão cover do Ok Computer inteirinho, música a música, só que em versões reggae, ska e dub. Ouvi por acaso quando estava em um albergue em Punta del Este que era point da galera do surfe (inclusive com pranchas pra alugar). O nome do disco? Radiodread :D

Um pedacinho do disco:

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

#085 The Datsuns, "The Datsuns"

Detesto "Jackass", a epopeia de Johnny Knoxville e sua trupe de debilóides "sem-noção". Não é conservadorismo, mas não vejo graça em escatologias e em sujeitos se arrebentando. Pois bem, outro dia estava zapeando pelo Telecine e vi que estava passando "Jackass 2" – como se apenas um não fosse suficiente. O filme pouco importa, mas peguei um trecho em que tocava uma música que eu conhecia. Era "MF From Hell", do Datsuns!

Eu conheci The Datsuns em uma queima de estoque de uma loja no Downtown, na Barra. O estabelecimento iria fechar as suas portas e queria se livrar do seu estoque de CDs e DVDs. Os discos saiam por R$ 2 ou R$ 5, no máximo. Como cheguei atrasado, peguei a xepa da feira. Entre os títulos que sobraram, comprei o álbum do então desconhecido "The Datsuns". Gostei horrores.

"The Datsuns" é o disco de estreia da banda neo-zelandesa e são 10 faixas de rock frenético, vocais sujos e guitarras poderosas. A primeira faixa, "Sittin'Pretty", tem uma levada que lembra o Black Sabbath, e "What Would I Know" bebeu na fonte do Led Zeppelin. Como você pode ver, as referências da moçada são classe A.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Sittin'Pretty" arrebenta, mas "MF From Hell" é uma porrada! Rock'n'roll em seu estado puro. Barulheira da boa!

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
A banda passou pelo Brasil em 2008 com apresentação no lendário Abril Pro Rock, em Recife.

Um pedacinho do disco:



segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

#084 Casseta & Planeta, "Preto com um buraco no meio"

Dois grupos de estudantes da UFRJ se juntou pra escrever besteiras e distribuir pelos corredores da universidade, ainda na época da ditadura. Um deles começou a editar uma revista chamada "Casseta Popular" e o outro um jornaleco chamado "Planeta Diário" (referência direta às histórias do Superman, mas isso não vem ao caso aqui). Se juntaram, e assim maximizaram o besteirol com o recém nascido grupo "Casseta e Planeta". Com o sucesso, começaram a fazer shows em teatro, foram chamados para ser redatores de programas de humor, e depois a ter seu próprio show na TV. O resto é história.

Nessa época em que eles estavam se tornando conhecidos, fui num show do grupo no Teatro Ipanema chamado "A noite dos leopoldos" - paródia com um certo espetáculo feito com strippers num teatro de Copa que ficou anos em cartaz. Fui sem grandes expectativas (apesar de adorar as publicações do grupo) e PASSEI MAL de rir! Não era um mero show de piadas, tal qual se fazia na época, e sim um grande musical com esquetes estreladas pelos cassetas. E ao contrário do que se podia imaginar, algumas músicas eram excelentes (não só pelas letras). E sem que eu precisasse pensar muito, meu irmão comprou o vinil do primeiro disco dos cassetas, "Preto com um buraco no meio".

Tirando algumas músicas que se tornaram clássicas, o disco é uma piada. Mas pra quem gosta do tipo de piada, vale a pena. Não acho que foi um desperdício de dinheiro, ao contrário de alguns one hit wonders que comprei

A faixa que mais ouvi neste disco
"Eu to tristão", um sambinha bem divertido

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Mãe é mãe" é toda inspirada no Tim Maia. No show, Bussunda entrava no palco fantasiado e imitava boa partes dos trejeitos dele. Especialmente a implicância com detalhes técnicos do som, com a banda, e com as saídas frequentes do palco.

Um pedacinho do disco:

domingo, 19 de dezembro de 2010

#083 Trilha Sonora, "The Crow"

Durante muito tempo, "O Corvo" foi o meu filme favorito. Em uma época em que longas sobre super-heróis eram raros e/ou ruins, a história de vingança do roqueiro assassinado e renascido das trevas é dark, poética e bem feita. Além disso, o longa virou cult depois que Brandon Lee (o filho do Bruce) morreu acidentalmente durante as filmagens.

Para embalar a sobrenatural busca por vingança de Eric Draven, a trilha sonora oscila entre a escuridão e a fúria. No pacote de bandas convidadas, estão o The Cure (mestres nas músicas melancólicas), Stone Temple Pilots, Helmet, Rage Against the Machine, Pantera, Nine Inch Nails e The Jesus and Mary Chain, dentre outros. A faixa do Pantera ("The Badge"), por exemplo, é uma porradaria só, enquanto que "Milktoast", do Violent Femmes, dá vontade de meter a cabeça no forno ligado.

A faixa que mais ouvi neste disco
Bom, o repertório é demasiado deprê. Não dá para ouvir a mesma música incansavelmente, então há um empate entre "Darkness", do Rage Against the Machine, e "Ghost Rider", do Rollins Band.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Cheguei a comprar um VHS empoeirado na locadora do bairro (em um tempo em que ainda existiam "locadoras do bairro"). Nunca comprei o DVD.
Em sua faixa, o Rollins Band cita outro super-herói vingativo: "Ghost Rider" (vulgo Motoqueiro Fantasma).
O filme teve algumas continuações fraquinhas.
Quando eu era moleque e jogava RPG, este disco ficava tocando ao fundo.

Um pedacinho do disco

sábado, 18 de dezembro de 2010

#082 Faith No More, "The Real Thing"

Esse foi um dos últimos discos em vinil que comprei, no início da década de 90. Lançada nas rádios e na MTV como o futuro do pop rock, o Faith No More era uma das promessas para a segunda edição do Rock in Rio, em janeiro de 1991. Com duas músicas tocando o tempo todo nas rádios ("Epic" e "Falling to pieces"), nem precisei pensar muito antes de comprar o disco. É o terceiro disco da banda, o primeiro com o (louco) vocalista Mike Patton, e o mais bem sucedido de todos.

O disco é TODO bom, do início ao fim (na época comprei muita porcaria motivado por 1 ou 2 músicas boas). O estilo é bem diferente do que se fazia na época, e por isso muitos os rotularam como funk metal. Ao meu ver, o Red Hot Chilli Peppers era muito mais funk metal do que o FNM. "Epic" e "Falling to Pieces" tem forte apelo pop, assim como "Underwater Love" e "Edge of the World" (do lado B do disco). O cover de "War Pigs" (do Sabbath) está primoroso, assim como a pesada "Surprise! You're dead", composta pelo vocalista Jim Martin


A faixa que mais ouvi neste disco
"Epic", sem sombra de dúvida

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Surprise! You're dead!" é uma das músicas que eu quero que toque no meu funeral :D

Um pedacinho do disco:

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

#081 Jim Morrison, "An American Prayer"

Pois é, tive uma fase de curtir muito The Doors. Ainda gosto bastante, e reconheço que a banda teve momentos brilhantes, canções emblemáticas e uma importância crucial na história do rock. Por essas e outras, poderíamos viver muito bem sem "An American Prayer". Comprei no embalo, ouvi uma vez, ouvi duas vezes e fui jogar videogame antes da terceira audição. Ih, corro risco de ser apedrejado pelos milhões de órfãos do Jim.

Na verdade, este CD começa positivamente com "Ghost Song", continua no pique com "Newborn Awakeing" e desanda com o Jim Morrison recitando poesias loucamente. É experimentalismo lisérgico e trilha sonora para apertar um baseadão.

Na minha opinião, o CD se salva pela ótima atmosfera musical criada por Robby Krieger, John Densmore e Ray Manzarek. No mais, é Jim Morrison viajando em seus versos como se fosse um bardo moderno. Tem valor? Claro que tem, mas foi experimental demais para um garoto de 17 anos. Traumatizei e peguei antipatia pelo disco. E olha que no meio do repertório tem a sensacional "Roadhouse Blues".

A faixa que mais ouvi neste disco
Por ser a primeira, ouvi muito "Ghost Song".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Na maioria das vezes, dormi durante o disco. Jim Morrison tem voz macia e "An American Prayer" dá mó soninho gostoso.
Ah, na contracapa de "An American Prayer" tem a clássica foto de Jim com os braços abertos. Aquela que virou pôster de adolescente rebelde.
Em "Lament", o ilustre Jim dedica uma poesia inteira ao seu pinto.

Um pedacinho do disco:

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

#080 Ramones, "Mondo bizarro"

Uma das minhas grandes companheiras da adolescência foi uma fita cassete contendo todas as 30 músicas do álbum "Ramonesmania" (do qual falei aqui). Por conta disso, estava na expectativa de conferir algum novo lançamento da banda. Em 1992 lançaram o "Mondo Bizarro", que comprei assim que vi vendendo (na saudosa loja Gramophone do Shopping da Gávea). E que decepção!

Talvez eu estivesse mal acostumado com a sucessão de músicas fodas do Ramonesmania, talvez eu estivesse superestimando a banda, ou de repente eu apenas estava amadurecendo musicalmente. Para muitos, Ramones é o típico som adolescente simples e divertido, e só. Para mim também. E a ficha só caiu quando ouvi esse álbum.

Alguns bons momentos, como os singles "Strenght to endure" e "Poison heart", um cover honesto do The Doors ("Take it as it comes"), e uma música que é praticamente igual ao sucesso "Rock 'n Roll Highschool" (do álbum End of the century), só que com outra letra: "Touring". Eu acreditava que era mais um disco pra se ouvir de cabo a rabo, mas era apenas mais um engodo com 3 músicas boas, se muito. Conversando com amigos músicos na época, a conclusão foi a mesma: o som do Ramones continuava adolescente, nós é que passamos da fase. Vai ver foi isso mesmo...

A faixa que mais ouvi neste disco
"Poison heart", que martelou pacas na MTV na época

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Pra vocês verem que não é implicância minha: nem o Johnny Ramone gostou do álbum! Numa entrevista para o documentário "End of the Century", ele disse: "I don't like it. I don't like it at all."

Um pedacinho do disco:



quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

#079 Wando, "Acústico ao Vivo"

Sim, eu tenho um CD do Wando. Mais que isso, um CD duplo gravado ao vivo com repertório de sucessos de outros. Pode piorar? Sim! Meu CD é autografado pelo próprio colecionador de calcinhas.

No início dos anos 2000, eu era um profissional recém-formado que trabalhava na produtora do Gilberto Gil. Um dos meus trabalhos era ser dublê de jornalista, isto é, produzir conteúdo para os sites, dentre eles uma revista musical online (o saudoso Expresso 2222). Essa atividade me abria as portas de shows, coquetéis e entrevistas coletivas. Uma dessas coletivas foi com o Wando, figura com a qual a minha família tem uma história curiosa.

Em meados dos anos 1970 (ou 1960, sei lá), o jovem Wando viajou para o Pará para uma série de shows. Por aquelas bandas, o rapaz se encantou por uma bela nativa, a prima da minha mãe. Durante a noite, pulou a janela do hotel e foi ver a sua musa. Ele teve um "lance" com ela e lhe dedicou uma canção que acabou se tornando um dos seus maiores hits: "Moça". Após a coletiva, eu lhe contei esta história. Ele confirmou, riu e me deu um CD autografado, que eu guardo como se fosse um troféu.

Ah, o repertório? Ah, pô, é uma melação só: "Evidências", "É o Amor", "Deslizes", "Me Chama", "Codinome Beja-Flor" e as clássicas "Fogo e Paixão" e "Moça".

A faixa que mais ouvi neste disco
"Eu queeeero, me enrolar nos teus cabeeeeeelos. Abraçar teu corpo inteeeeiro. Morrer de amor. De amor me perdeeeeeer". Claro que foi "Moça".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Quando eu comecei a contar a história da minha família, o Wando ficou branco. Devia estar pensando "ai, meu Deus, deve ser um filho dela". Depois, a gente riu.
O autógrafo diz "Ao amigo Douglas, grande abraço do Wando – 2002".
Na entrevista com o Wando, levei uma estagiária. Ela me disse que ele tem uma coisa muito estranha, que faz a mulherada sentir "coisinhas". Mestre!!!

Um pedacinho do disco:


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

#078 The Strokes, "First Impressions of Earth"

Virada de 2005 para 2006. Nessa época, eu ainda implicava com o Strokes. Estava naquela fase de precisar ouvir coisas novas, depois de muito tempo ouvindo as mesmas MP3 de sempre. Recorro a uma das minhas boas fontes de dicas (meu amigo Hiro - que tem um gosto bastante semelhante ao meu, mas faz muito mais o estilo descobridor de novos talentos. E lá no blog dele, estava lá a sugestão de "You only live once".

Nem terminei de ouvi-la, e já estava amarradão na melodia. Juro que custei a acreditar que era do Strokes, mas de certa forma me ajudou a romper o preconceito e baixar mais músicas pra ouvir. Veio o CD, e fui ficando fissurado nas músicas: Jukebox, depois Heart in a Cage, e depois... Cansei. Sério, não achei o resto do álbum tão inspirado. Ou talvez eu tenha ouvido pouco, sei lá. A única exceção: a música que fecha o disco, "Red Light", que tem uma batida contagiante.

A faixa que mais ouvi neste disco
"You only live once", disparado

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Duas músicas desse disco marcaram fases importantes da minha vida. "You only live once" é a cara de 2006, e me lembra o esforço que fiz pra largar o sedentarismo (algo muito importante pra quem voltava a solteirice após alguns anos). E "Red Light" é uma das minhas emblemáticas pra 2008, especialmente por causa do verso "Two can be complete without the rest of the world"


Um pedacinho do disco:



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

#077 Kiss, "Destroyer"

Eis um disco clássico do Kiss em sua fase áurea: máscaras cavernosas, roupas espalhafatosas e rock pesado para deixar as mamães com os cabelos em pé. Lançado em 1976, "Destroyer" valia o investimento já pela capa: os quatro "cavaleiros a serviço de Satã" (Knights in the Satan's Service, como rezava a lenda) no estilo dos quadrinhos "Heavy Metal". Acho que esta é uma das capas mais legais já produzidas – apesar da simplicidade.

De uns tempos para cá, o Kiss vive da sua fase dourada e muito se deve ao disco "Destroyer". Logo na primeira faixa, a furiosa "Detroit Rock City" mostra que a banda não está de brincadeira. Na sequência, "King of the Night Time World", "God of Thunder" e a emblemática "Shout It Out Loud" – um das maiores criações do Kiss. A bola fora é "Beth", uma mela-cueca desnecessária no repertório, mas a gente sobrevive com ela.

A faixa que mais ouvi neste disco
Ainda hoje "Shout It Out Loud" me dá vontade de gritar. É muito maneira!

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Um dos meus filmes adolescentes favoritos é "Detroit Rock City", que conta a aventura de quatro moleques para chegar a um show do Kiss. Vale uma conferida!
Quando eu era bem pequeno, três coisas me davam um medo lascado: o Ney Matogrosso, o Michael Jackson virando lobisomen em "Thriller" e o Kiss.
Não consigo lembrar onde comprei este disco. Tenho uma memória de elefante para os meus CDs, mas este é meio nebuloso.
O Kiss e o AC/DC conciliaram o rock pesado com diversão, teatralidade, mas só os australianos continuam com alguma credibilidade.
Não tenho camisas do Kiss, bonequinhos do Kiss, penduricalhos do Kiss, badulaques do Kiss, videogame do Kiss ou outros breguetes do Kiss... mas confesso que até gostaria de ter um boneco do Gene Simmons.

Um pedacinho do disco:


domingo, 12 de dezembro de 2010

#076 Ramones, "Ramonesmania"

Um verdadeiro clássico! Assim me falaram do disco "Ramonesmania", e assim que eu o guardo na memória. Resume muito bem a carreira da banda americana de punk rock em 30 faixas, totalizando 75 minutos de diversão. Lançado em 1988, compreende 20 anos de hits dos Ramones desde o início da banda, em 1967.

Na época, tudo o que eu conhecia da banda era o hit "Pet sematary", que sequer faz parte do disco. Ao seguir dicas de amigos, cheguei ao Ramonesmania. Acho que foi a fita cassete que eu mais ouvi na época, literalmente até gastar. Estava entrando no 2º grau (atual ensino médio) quando gravei essa fita, e devo ter ouvido até meu último walkman bater as botas. Me acompanhou em muitas viagens de ônibus pelo Rio de Janeiro, e também nas viagens de férias.

As músicas tem tudo a ver com o espírito da época: animação de sobra e poucas preocupações. Destaque para "I wanna be sedated", "Do you remember rock 'n roll radio?" e "Psycho therapy", que ganhou um cover muito bom do Skid Row na década de 90.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Rock 'n Roll Highschool", que resume bem o astral do disco

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"I wanna be sedated" era a música predileta de um amigo meu lá do remo. O cara de vez em sempre cantarolava alguns trechos. Com um porém: como ele não sabia a letra toda, ele empacava em um dos versos do refrão e ficava repetindo-os eternamente. Era mais ou menos assim: "Just get me to the airport, put me on a plane, Hurry hurry hurry... hurry hurry hurry, hurry hurry hurry, ...". Insuportável! Felizmente, não o suficiente pra eu enjoar da música. Só do refrão.

Um pedacinho do disco:



sábado, 11 de dezembro de 2010

#075 Dire Straits, "On The Night"

Ganhei "On the Night" no Natal de 1993. Minha mãe sabia do meu gosto por música e me incentivava com bons CDs. Ela ficava de olho no que a molecada curtia e, na moita, comprava alguns títulos. Mamãe era cuidadosa: ia à loja, comprava e escondia o disquinho até a data de entrega. Ela errou em algumas sondagens, mas nunca chegou ao extremo de me presentear com um álbum do Double You.

Bom, "On The Night" é um belo disco gravado a partir de shows do Dire Straits na França e na Holanda. Nas 10 faixas, o ouvinte é agraciado com hits do quilate de "Money for Nothing", "Brothers in Arms" e "Walk of Life", dentre outras. É um trabalho de uma época em que um CD ao vivo era privilégio de bandas bacanas, que tinham repertório e público para não deixar a peteca cair. A patota de Mark Knopfler tinha ambos.

A faixa que mais ouvi neste disco
Você percebe que "Heavy Fuel" é show de bola logo nos primeiros acordes de guitarra. Tem um ar retrô e uma pegada roqueira forte.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Pouco depois do lançamento de "On the Night", o Dire Straits pendurou as chuteiras (ou as guitarras). Mark Knopfler seguiu uma bem-sucedida carreira solo, mas ainda toca os sucessos da banda em seus shows.
Quando eu era moleque, eu queria tocar guitarra que nem o Eric Clapton e o Mark Knopfler. Tolinho...
"On the Night" foi gravado na turnê de "On Every Street", o derradeiro disco de estúdio do Dire Straits.

Um pedacinho do disco


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

#074 Supergrass, "I should coco"

"Parece que foi ontem" (frase típica de gente mais vivida, mas vamulá) que as empresas de fumo patrocinavam eventos livremente, o que pra música era ótimo: vide Hollywood Rock, que bateu as botas, e Free Jazz Festival, que mudou de mãos e agora é o TIM Festival. O Hollywood Rock era uma versão menos megalomaníaca do Rock in Rio, e rolou basicamente na década de 90 (a primeira edição foi em 1988, mas eu infelizmente não fui). Sempre com datas no Rio (Praça da Apoteose) e em São Paulo (Estádio do Morumbi), era uma boa mescla de artistas nacionais e internacionais, novos e consagrados. Num desses, veio uma banda inglesa chamada Supergrass.

Eram nada conhecidos aqui, só tinham um single rodando direto na MTV e nas rádios (o pop grudento de "Alright") . Tinha ido pra Apoteose pra ver o show do The Cure, e por tabela assisti ao show do Supergrass. Foi um show EXCELENTE! Mesmo quem não conhecia nada da banda dançou e se divertiu o tempo todo. Dias depois, comprei o CD de estréia deles, "I should coco", que consegue ser eclético mesmo se considerarmos que é típico britpop ("movimento" já eclético pacas). Mais um dos discos que eu ouvi até o CD ficar opaco :)

A faixa que mais ouvi neste disco
"Time", lado B do single de "Alright", e de uma levada meio blues que eu adoro

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Caught by the fuzz" foi feita inspirada na prisão do vocalista Gaz Coombes, aos 15 anos, por posse de maconha. Segundo ele, a música tem mais ou menos a mesma adrenalina crescente que ele sentiu ao ver sua mãe entrando na delegacia soltá-lo após esse evento.

Um pedacinho do disco:

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

#073 AC/DC, "High Voltage"

Comprei "High Voltage", do AC/DC, no dia em que o Maracanã fechou as suas portas para a tal reforma atrasada. O jogo foi um empate safado entre o Flamengo e o Santos. Eu estava lá e saí irritado com o 0x0 em campo. Na volta para casa, parei para abastecer em um posto que tinha uma unidade das Lojas Americanas Express. Sem fuçar muito, achei este discaço por justos R$9,90. "High Voltage" desceu macio e reanimou. Até esqueci do ataque inoperante do Flamengo e dos próximos longos meses sem o Maracanã em meus domingos.

Lançado em 1975, este é o álbum de estreia de, na minha opinião, uma das melhores bandas de rock que já caminhou sobre a face do planeta. Na guitarra, Angus Young destilava virtuosismo na guitarra e ainda criou um estilo próprio com riffs poderosos, presença de palco selvagem e um figurino de estudante colegial. No microfone, a voz estridente de Bon Scott era outro atestado de identidade do AC/DC em petardos como "It's a Long Way to the Top (If You Wanna Rock'n'Roll)", "High Voltage" e "Rock'n'Roll Singer". Como bom rockstar, Scott enfiou o pé na jaca e bebeu até morrer no ano de 1980. RIP!

Já no seu primeiro disco, o AC/DC personificou o estilo hard rock, mas sem abrir mão de boas melodias, diversão e hinos ao rock. É um clássico!

A faixa que mais ouvi neste disco
"T.N.T" disputa espaço com "It's a Long Way to the Top (If You Wanna Rock'n'Roll)" no meu coração.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Disco novo. Ainda não rendeu estripulias.

Um pedacinho do disco:

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

#072 Metallica, "Metallica" (a.k.a. Black Album)


Inicinho dos anos 90, já saturado de rock brasil e musiquinhas de rádios pop, sou apresentado ao rock mais pesado. Mais um mérito da MTV da época. Em um dos lançamentos (num programa chamado 'Ponto Zero'), estréia o novo clipe do novo álbum do Metallica. Até então, tudo o que eu sabia de metal era o nome de algumas bandas que tocaram no Rock in Rio I (AC/DC, Iron Maiden, Ozzy Osbourne). O clipe era de "Enter Sandman", que não é lá uma música das mais pesadas, mas dava pro gasto.

Fiquei curioso pra ouvir mais, e peguei o CD emprestado com um amigo pra gravar uma fita cassete pra mim. Perdi a conta de quantas vezes eu ouvi essa fita, especialmente numa viagem que fiz com família pra Salvador, no verão de 1991/1992. Foi um bom pontapé inicial no mundo do metal, ainda que eu tenha explorado mais o estilo muitos anos depois.

A faixa que mais ouvi neste disco
"The Unforgiven", um dos meio termos do disco (não rápida como "Enter Sandman", nem arrastada como "Sad But True", mas não chega a ser uma balada como "Nothing Else Matters")

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Sad but true" foi uma das minhas músicas prediletas pra beber e afogar as mágoas, especialmente nos primeiros anos de faculdade

Um pedacinho do disco:

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

#071 O Rappa, "Rappa Mundi"

"Rappa Mundi" chegou depois da metade dos anos 1990, mas ouso dizer que foi o melhor disco de rock brasileiro da década. Com as boas letras do Marcelo Yuka, bela musicalidade e o vocal cheio de personalidade do Falcão, O Rappa criou uma pequena obra-prima. Das 13 faixas do disco, pelo menos 8 se tornaram clássicas. Duvida? Então lembra de "Pescador de Ilusões", a versão da hendrixiana "Hey Joe", "Ilê Ayê", "Miséria S.A." e 'Eu Quero Ver Gol", sem citar outras igualmente poderosas.

Mesmo com sotaque e temáticas cariocas, O Rappa ganhou o Brasil com letras urbanas, com cunho social e cotidiano. Tem músicas sobre feiras, domingo no estádio, vendedores de balas nos ônibus, violência e moleques que se perdem no tráfico. O Rappa falou sobre o dia a dia no subúrbio do Rio e conquistou a playboyzada da Zona Sul. A grosso modo, acho que eles deram o mesmo recado dos Racionais MC's sem fazer cara feia.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Pescador de Ilusões".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Tive uma namorada que cantava "Pescador de Ilusões" sempre que havia uma roda de violão.
Ao operar o joelho, saí do hospital cantando "se meus joelhos não doessem mais..."
Na PUC, eu estudei comunicação com o Marcelo Camelo, na época em que ele ainda não usava barba. Certo dia, conversávamos nos pilotis da Pontifícia e disse que iria dar um pulinho na Gramophone do Shopping da Gávea para comprar um CD. Ele disse "pode comprar qualquer um, contanto que seja do Rappa". Comprei um do Wallflowers.
"Rappa Mundi" é um dos discos mais fáceis de achar nas prateleiras das Lojas Americanas. Faz sucesso até hoje.

Um pedacinho do disco:


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

#070 Cidade Negra, "Sobre todas as coisas"

Finalzinho de 1994, e tudo parecia dar errado. Estava treinando bem para o campeonato de remo de 1995, quando fraturei um osso do punho, que me obrigou a ficar 3 meses e meio com o braço direito imobilizado. E justo quando se aproximava o verão, que eu acabei passando INTEIRO longe da praia. Em compensação, o fato de não acordar tão cedo pros meus treinos deu margem para eu ir a vários shows legais, e, de quebra, frequentar a faculdade :D


Justo nessa época, o Cidade Negra anuncia a troca de vocalista: saía Ras Bernardo, e entrava um certo Toni Garrido, ex-Banda Bel. E chega trazendo muito carisma e uma voz bem mais melodiosa. E numa das minhas tardes em casa, vi uma reportagem da banda falando da chegada de Garrido e do lançamento do 3º disco, "Sobre todas as coisas". Me empolguei com o pouco que ouvi pela reportagem, e comprei o CD.

Foi uma das minhas melhores aquisições, tanto que guardo o CD até hoje (apesar de ter tudo em MP3). Simplesmente o CD INTEIRO é muito bom, embora eu implique um pouco com o hit "A sombra da maldade". E numa viagem que eu fiz no início de 1995, eu praticamente só ouvia esse CD. A ponto da galera que estava comigo ficar igualmente viciada nas músicas.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Onde você mora?", um dos grandes hits do Cidade Negra até hoje

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Essa música aí de cima, como podem reparar, tem um forte potencial cornométrico. Não obstante, foi a trilha sonora de um fim de namoro nesse mesmo 1994. O primeiro namorico mais a sério. Algum tempo depois continuei cantando essa música durante os porres, num mico federal. Felizmente, até que meu coração mudasse de dona

Um pedacinho do disco:


domingo, 5 de dezembro de 2010

#069 Neil Young, "Road Rock"

A edição 2001 do Rock in Rio (quando ainda era no Rio de Janeiro) foi recheada de popstars. Tinha Britney Spears, Guns'n'Roses, Oasis, Iron Maiden, James Taylor, Sting, REM e mais uma penca de figurões. Cada show era um espetáculo de efeitos especiais, telas de alta definição e o cacete a quatro. Justamente na noite menos lotada do festival, o velho e bronco canadense Neil Young subiu ao palco despido de qualquer produção mirabolante. Era ele, a lendária banda Crazy Horse e rock'n'roll cru. Eu estava lá e mal o conhecia. Na verdade, eu não o conhecia, mas depois daquela noite, eu me tornei um devoto do sujeito. Saí daquela apresentação com "Road Rock", um disco ao vivo gravado em 2000.

Tal e qual o show do Rock in Rio, "Road Rock" é rústico até não poder mais. A guitarra de Young pesa uma tonelada pelo disco, só dando um refresco nas canções unpluggeds. Sem qualquer compromisso comercial, a primeira canção, "Cowgirl in the Sand" é uma viagem de 18 minutos. Na mesma pegada, "Words" tem 11 minutos e "Tonight's the Night" percorre 10 minutos, fora a clássica "All Along the Watchtower", do camarada Bob Dylan, com 7 minutos e meio. É um CD para quem curte rock no seu estilo mais cavernoso, porém melódico.

A faixa que mais ouvi neste disco
Acho a country "Words" épica, chorosa e cativante.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Ainda hoje, considero o show de Neil Young no Rock in Rio o melhor da minha vida.
Acho que "Road Rock" não é um CD para iniciantes. Tudo é muito denso, muito bruto.
Salvo engano, Neil Young é considerado um dos inspiradores do grunge. Eddie Vedder é fã do cara.
O trechinho abaixo foi gravado em show de Neil Young em Dublin.

Um pedacinho do disco:

sábado, 4 de dezembro de 2010

#068 Cardigans, "Gran Turismo"

Estava no final da faculdade, naquela transição de rotina que muitos universitários temem: a jornada integral. Na prática, eu era bem mais atarefado do que supunha. Tudo bem, dormia a manhã toda praticamente. Mas de tarde ia para o estágio, e de noite as últimas matérias da faculdade. Graças aos vinte e poucos, ainda tinha gás pra esticar um chopinho com amigos no Baixo Gávea, ou mesmo uma noitada nas boates famosas na época.

Era um dia a dia bastante corrido, mas que me permitia mergulhar nos próprios pensamentos, traçar planos para o futuro. Com vinte e poucos, muitos de nós temos diversos planos para o futuro. E nesse cenário todo, desenvolvi um gosto todo especial pelas músicas do Cardigans. Conheci graças à manjadíssima "Lovefool", do disco First band on the moon. Alguns pararam nesse, outros seguiram com a banda. E os que seguiram foram brindados com o excelente disco Gran Turismo.

Suas músicas em quase nada lembram o pop inocente de "Lovefool" (pra falar a verdade, essa musica destoa do resto da discografia da banda). O que não significa que não haja nenhum hit, taí a manjada "My favourite game" que não me deixa mentir. Tanto essa como também "Hanging around" e "Erase/rewind" são figurinha fácil nos meus playlists de viagem. No mais, o álbum tende a melancolia que muitos apreciam no britpop, mas aqui falamos de uma banda poprock sueca. Talvez isso torne sua melancolia mais gélida, aliado ao tom angelical da vocalista Nina Persson.

A faixa que mais ouvi neste disco
"My favourite game", companheira de diversas viagens.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Erase/Rewind" e "Explode" marcaram bastante uma viagem que eu fiz já nesse milênio (mais precisamente em 2001). Momento conturbado emocionalmente, com pessoas de variadas importância passando pela minha vida, encarei uma viagem de ônibus para o interior de São Paulo. Lá, tive minha parcela de bons momentos, embora sem muita certeza do que queria. No discman (nada de Mp3 player naquela época), essas duas músicas embalavam minha viagem e marcaram aquele momento.

Um pedacinho do disco:


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

#067 Nirvana, "Nevermind"

Eis o clássico da minha geração. O disco que virou uma página da história do rock, que criou um movimento musical e que colocou o rosto do Kurt Cobain em milhões de camisas. Botando um fim na era dos roqueiros de calças de couro, o Nirvana caiu nas graças dos adolescentes espinhentos que estavam de saco cheio do Poison e do Skid Row. "Nevermind" marcou uma fase muito importante da minha vida.

Este álbum foi um dos meus primeiros CDs, comprado meio que escondido, porque minha mãe não curtia certos sons barulhentos demais. Na época,começo dos anos 1990, ouvir "Nevermind" e "Use Your Illusion", do Guns'nRoses, atestava se o moleque era maneiro ou não. Para entrar na onda, comprei o disco do Nirvana, pois nunca fui muito com os cornos do Axl Rose. Pois bem, "Smells Like a Teen Spirit" era o cartão de visitas de um disco cheio de testosterona, de fúria adolescente.

Os yeahs-yeahs de "Lithium" ecoavam nas gargantas de cada adolescente tímido, que sentava no fundo da classe e vestia jeans rasgado e camisa de flanela xexelenta. Eu, CDF magrinho, encontrei nos berros do Nirvana a minha redenção, a minha revolta engasgada. Ao mesmo tempo, eu curtia a baladinha "Polly" e a melódica "Come As You Are". "Nevermind" tem sabor de bons tempos, de novidade. Hoje em dia, tenho uma certa peninha da molecada que baba pelo Restart.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Lithium", sem a menor dúvida.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Certa vez,meus pais viajaram. Aproveitei a brecha para arrastar uma gatinha para o meu covil adolescente. A isca foi a adoração que ela tinha por "Nevermind", especialmente por "Polly". Convidei a moça para ir lá em casa gravar o CD em uma fita K7. Não comi, mas foi um amasso de responsa!
Aproximadamente 17 anos depois, esta menina me achou no Orkut. Ela está casada e mora nos EUA. Quando ouço "Polly", eu lembro dela e rio horrores.
Quando eu queria perturbar a vizinhança e mostrar que era mauzão, eu colocava "Territorial Pissings" nas alturas.
"Nevermind" ainda é um ótimo disco para malhar.
Antes de escrever essa resenha, fazia um bom tempo que eu não ouvia "Nevermind". Foi emocionante ouvi-lo novamente e resgatar várias memórias.
Longa vida ao Nirvana!!!

Um pedacinho do disco:

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

#066 Blind Melon, "Blind Melon"

Esse foi o CD de estréia da banda, lançado em 1993. Quando estavam lançando o 2º CD, o vocalista Shannon Hoon morreu de overdose após várias passagens por clínicas de reabilitação e alguns escândalos públicos. Depois disso, a banda tentou arranjar outro vocalista, mas aos poucos a relação foi se deteriorando até que debandaram oficialmente em 1999.

Soltaram o insano comprador de CDs nas Lojas Americanas em dia de promoção, e lá foi o CD de estréia do Blind Melon pra prateleira. Isso mesmo, eu estava passando pelas gôndolas, reconheci na capa a abelhinha do clipe da MTV e comprei o CD. Era assim que se descobria música na primeira metade dos anos 90 (ou ao menos se tentava). Lá fui eu feliz e contente pra casa pra ouvir o disco.

E não teve santo que desse jeito. Ouvi a primeira vez, e nada. Ouvi mais umas 3 vezes, e até simpatizei com "Tones of home" (que depois virou clipe também). Ouvi mais algumas, e tive até sono. E o CD ficou mesmo na prateleira: só duas músicas que valiam a pena. Percalços conhecidos de qualquer um que curte colecionar CDs.


A faixa que mais ouvi neste disco
"No Rain", graças a programação da MTV na época. Quase todo dia passava esse clipe (sem contar o Disk MTV e o Top 20 Brasil)

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
A abelhinha do clipe fez uma apresentação honrosa no final do Video Music Awards de 1993, e não se falou mais dela. Se chama Heather DeLoach, tem hoje 27 anos e além do clipe fez algumas participações especiais no seriado ER (temporada de 2003).

Um pedacinho do disco:
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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

#065 Roberto Carlos, "Detalhes" (1971)

Minha família sempre foi muito musical. Mesmo sem nenhum artista na casa, tanto o meu pai quanto a minha mãe sempre deixaram a vitrola ligada com alguma canção legal rolando. Mamãe ouvia Raul, Vinicius, Gil, Caetano, Secos & Molhados. Papai só ouvia Chico e Roberto Carlos. Aliás, praticamente só ouvia o Rei, que cresci achando a coisa mais chata do mundo.

Mas, anos atrás, descobri o disco de 1971 (Roberto Carlos dificilmente batiza os seus trabalhos, mas os classifica por anos) e meus conceitos mudaram. O carro-chefe do CD é nada menos que "Detalhes", que acredito piamente ser a música popular mais romântica do cancioneiro brasileiro. E olha que na mesma pegada, o repertório deste álbum ainda tem "A Namorada", "De Tanto Amor", "Se Eu Partir" e "Amada, Amante". Cada uma mais apaixonada que a outra.

Mas se você não quiser se rasgar de tanto amor, ouça a paterna "Traumas", a homenagem ao mano Caetano "Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos", a biográfica "Como Dois e Dois" (do próprio mano Caetano) e uma certa black music espetacular. "Todos Estão Surdos" é swing puro, daquelas que anima o baile e faz dançar.

Roberto Carlos e Papai Noel são os símbolos do fim de ano. Foi Roberto Carlos que reconheceu o valor das gordinhas, baixinhas, míopes, mulheres de 40 e outras musas fora da ditadura da beleza. Roberto Carlos não usa marrom. Roberto Carlos tem TOC. Roberto Carlos é o Rei.

A faixa que mais ouvi neste disco
Tem dúvida? "Todos Estão Surdos" apagou todas as minhas implicâncias com o Rei.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Meu pai tem o LP original de "Detalhes". Um vinilzão comprado em 1971, no ato do lançamento. Vi na internet, que alguns colecionadores pagam 300 pratas pela peça.

Um pedacinho do disco:






terça-feira, 30 de novembro de 2010

#064 The Beach Boys, "20 Good Vibrations - The Greatest Hits"

Simplesmente o melhor do melhor de uma das bandas mais influentes do Pop Rock mundial. E sem exagero: artistas como R.E.M., Fleetwood Mac, Mamas and the Papas, Jesus and Mary Chain, etc; citam a banda como influência. Os Beach Boys são também os "avôs" do que costumam chamar de surf music, talvez por ser a primeira banda a cantar o esporte abertamente em suas músicas. Incluindo aí "Surfin' USA", que dispensa apresentações.

Quando fui aos EUA nos tempos áureos do Plano Real, estava aproveitando a cotação 1 US$ = 1 R$ pra comprar de tudo um pouco. No meu caso, CDs, camisas e peças pro computador (trouxe de lá praticamente um PC completo, desmontado). Dentre os muitos CDs, bati o olho nessa coletânea e comprei sem pensar duas vezes. Custou a bagatela de US$7, quando na época os CDs aqui custavam entre R$12 (catálogo) e R$19 (lançamentos). Preço de banana mesmo!

O disco tem ao todo 20 músicas, todas lançadas entre 1962 e 1966, com exceção a "Kokomo", lançada em 1988 (trilha sonora do filme "Cocktail", do Tom Cruise). Pra uma banda da importância do Beach Boys, seria muita barbeiragem fazer uma coletânea ruim com 20 músicas apenas. O CD rodou até gastar em todos os carros que eu tive, até sua honrosa aposentadoria - depois que passei tudo pra MP3.

A faixa que mais ouvi neste disco
"God only knows", aquela que emocionou muita gente no final de "Simplesmente amor" (Love, actually), e que foi uma das músicas-tema de um namoro bastante significativo

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Wouldn't it be nice" faz o estilo alegrinha, mas passa uma mensagem bem legal do que seria um relacionamento bem sucedido. Não por acaso é uma das músicas mais importantes da trilha sonora do filme "Como se fosse a primeira vez" (50 first dates) e foi sabiamente escolhida como a música de encerramento da cerimônia de um casamento de amigos meus em 2006. Sempre que ouço lembro deles e quando possível mando um recado (eles hoje moram fora do país)

Um pedacinho do disco: