Na primeira metade dos anos 1990, frequentei muito Belo Horizonte. Meus pais cismaram com a capital mineira e passamos diversos feriadões por lá. A gente passeava pela Pampulha, comia muito pão de queijo, visitava alguns parentes mais distantes e flanava pela avenida Afonso Pena. Numa dessas aventuras, voltei para casa com "In Utero", do Nirvana, na bagagem.
Naquele tempo, o Nirvana já tinha enfiado ao seu All-Star mulambento na elite do rock mundial. Depois do lendário "Nevermind", público e crítica estava subindo pelas paredes, aguardando a próxima presepada musical de Kurt Cobain. "In Utero" chegou às lojas e aos CD-players dos moleques de camisa de flanela em 1993. Em suas 13 faixas, rock de garagem sujo, corrosivo e visceral. De cara, gostei de "Heart-Shaped Box" e de "Rape Me, ambas esquisitas e agressivas, mas furiosamente encantadoras. Aliás, a poesia de Cobain estava ainda mais sombria. Versos como "I wish I could eat your cancer when you turn black" não eram casos isolados. Kurt já estava dodói das ideias e a gente achava que era tipo.
Na escola, "In Utero" não teve o mesmo impacto de "Nevermind". Era um disco mais denso, mais profundo. Enfim, era muito hardcore para a gurizada. No mais, a gente tinha opção de sobra. Era uma época em que pipocavam nas lojas bandas como Soundgarden, Alice in Chains, Faith no More e até as "farofices" do Guns'n'Roses. Bons tempos...
A faixa que mais ouvi neste disco
Foi a primeira a me chamar a atenção e foi a que durou mais: "Heart-Shaped Box".
Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Certa vez, fui a um show da Leela, da minha amiga Bianca, e "Rape Me" entrou no setlist. Nos lábios da vocalista, a música passou do autodestrutivo para o sensual em um estalar de dedos.
É incrível como lembro do lançamento de "Heart-Shape Box". A MTV anunciava data e hora para a exibição do clipe. Conheço gente que gravou. Tempos pré-históricos, quando o YouTube era um sonho distante.
Posso fazer uma confissão? "In Utero" nunca me agradou tanto.
Um pedacinho do disco
1 comentários:
Mesma coisa. Comprei o disco movido pelo hype em torno do nirvana na época (eu era fã mesmo), e não curti o disco. Cobain me parecia já bem abilolado. Me desfiz do disco depois de um tempo e só tenho as mp3 dele pra "manter a coleção"
Duas que eu adoro desse disco, mas mais precisamente na versão acústica: "Dumb" e "Pennyroyal tea"
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