Como 99% da população brasileira, eu conheci o maranhense Zeca Baleiro por duas músicas: "Vapor Barato" (em dueto com a Gal Costa) e "Lenha". Porém, só "descobri" o quanto este artista é bacana através de "Líricas", disco lançado em 2000 sem muito alarde. Após inúmeras audições, cheguei à conclusão de que este CD é o melhor da ótima discografia do rapaz.
A própria produção visual de "Líricas" é atraente: a capa bucólica com o artista e um cão em duas cores e o encarte com um tchan de envelhecido (tipo o "Machina", do Smashing Pumpkins). Tudo fica de acordo com um repertório suave, letras rebuscadas e arranjos acústicos. Ficou realmente um disco lírico de um artista muito talentoso e criativo, que faz música pop sem menosprezar os ouvidos do público. Saca este verso: "não quero ser triste, como o poeta que envelhece lendo Maiakóvski na loja de conveniência". Convenhamos, esta sensibilidade é privilégio de poucos.
"Líricas" ainda reserva uma versão doce da barulhenta "Proibida pra Mim", do Charlie Brown Jr. Zeca Baleiro descobriu que existe poesia sob os gritos do Chorão e isso não é para qualquer um. E no mesmo embalo, você ainda encontra "Minha Casa", "Quase Nada", "Banguela" e "Blues do Elevador", dentre as excelentes 12 faixas.
A faixa que mais ouvi neste disco
Entre tantas canções legais, "Quase Nada" ainda consegue se sobressair. Mas o bom de "Líricas" é que cada ouvinte encontra uma outra faixa igualmente legal e sem perder a razão.
Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Zeca Baleiro foi descoberto pelo povão quando participou no disco acústico da Gal Costa. O engraçado é que as pessoas costumam lembrar dele, mas não do tal CD da baiana.
Ouvi "Líricas" pela primeira vez quando trabalhava na produtora do Gilberto Gil. A gente recebia uma cacetada de discos por dia e muitos eram horrorosos, mas Zeca Baleiro foi uma unanimidade positiva.
Um pedacinho do disco:
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