Se você está lendo esta resenha no dia exato da publicação, acredito em duas hipóteses:
a) Você abomina o Carnaval e está curtindo o feriado em algum recanto off-folia.
b) Você está naquele momento de repouso entre um bloco e outro.
Seja lá qual for a opção, a certeza que tenho é que hoje o Brasil está naqueles dias de catarse em que escolas de samba, trios elétricos, blocos e foliões estão por todos os cantos. Em algum momento das transmissões da Globo ou da Band Folia, Caetano Veloso vai aparecer – seja na Marquês de Sapucaí (Rio) ou no Circuito Barra-Ondina (Salvador). Caê se amarra neste período do ano e já gravou um disco inteiro dedicado à festa de Momo. "Muitos Carnavais" reúne 12 marchinhas (a maioria de sua autoria) para animar pistas e avenidas.
Confesso que ouvi poucas vezes este disco. Na verdade, comprei porque estava barato e também por curiosidade. Enfim, comprei, ouvi e guardei. Após anos, tirei da gaveta para escrever este texto. A impressão que tive é que é um álbum com melodias suaves e com letras festivas. O espírito é dos bloquinhos do Rio e não das megaproduções baianas. Não senti a energia over dos blocos da Ivete ou das baterias das escolas de samba. É um som meio retrô, meio clube. Tem até um sambinha com ares de bossa nova ("Hora da Razão"). Vale um confere.
A faixa que mais ouvi neste disco
Nenhuma em especial. Tem que escolher uma? Então tá: "A Filha da Chiquita Bacana"
Presepada musical ou uma pequena curiosidade
A letra de "Deus e o Diabo" tem uma passagem profana que acho que sintetiza bem o espírito do Carnaval brasileiro: "O carnaval é invenção do diabo / Que Deus abençoou".
Tive uma namorada muito culta, fã do Caetano. Em um Carnaval, eu lhe dei uma cópia de "Muitos Carnavais".
Em uma coletiva de imprensa, Caetano declarou que tem um projeto de gravar um novo disco carnavalesco. Dessa vez, só com músicas do Carnaval da Bahia.
"Atrás do Trio Elétrico" virou um dos hinos do Carnaval de Salvador.
Um pedacinho do disco
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