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domingo, 31 de outubro de 2010

#034 Keane, "Hopes and fears"

Depois de ouvir sempre as mesmas músicas das mesmas bandas, saí a procura de coisa nova pra ouvir. Ano: 2005. No cenário FM carioca, já não tinha mais nada comparável a saudosa Fluminense FM. Daí, parti para um caminho pouco convencional: uma comunidade do orkut. Era a comunidade Brit Rock Community (BRC), moderada muito habilmente pelo Ernani. Na comunidade, muitas trocas de mensagens produtivas falando de bandas conhecidas e de novos sons, todos da terra dos meus antepassados. Pelos papos, comecei a identificar mais ou menos as pessoas com gosto parecido com o meu, e a partir disso buscar na internet as músicas novas que eles indicavam. Graças a isso, descobri vários discos e bandas legais, entre elas o Keane.

No caso do Hopes and Fears, algo raro: eu gostei do disco inteiro logo na primeira audição. Fiquei até com medo de enjoar com o tempo, mas isso não aconteceu. O disco é EXCELENTE! Duas de suas músicas fizeram relativo sucesso por aqui: "Somewhere only we know" e "Everybody's changing". Mas não tem como não falar desse disco sem citar "Bend and break" e "This is the last time", tão boas quanto as duas primeiras citadas. Todas, tive o privilégio de ver ao vivo no show que eles deram no Rio em 2007 no então Claro Hall (atual Citibank Hall)

A faixa que mais ouvi neste disco
"Bedshaped", outra das minhas músicas de ouvir de ressaca, embora não ouça só nessa situação ;)

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Uma música do disco marcou muito a época em que eu terminava um namoro longo, e basta o nome dela pra se ter uma noção do porquê: "She has no time". Um dia queria ter a voz do Tom Chaplin pra cantá-la, mas acho que só morrendo e nascendo de novo.

Um pedacinho do disco

sábado, 30 de outubro de 2010

#033 Belle & Sebastian, "Fold Your Hands, Child. You Walk Like a Peasant"

Belle & Sebastian é uma banda... fofa. Que me perdoem por esta introdução esquisitona, mas esse é o adjetivo mais adequado ao grupo escocês e suas canções suaves. Neste álbum em especial, "Fold Your Habds, child. You Walk Like a Peasant", as músicas são delicadas, macias, além do clima brit-retrô.

Bom, conheci o Belle & Sebastian no começo dos anos 2000 – lá por 2001, eu acho. "Fold your arms, child. You Walk Like a Peasant", 3º disco da banda, foi o 1º que conheci. Gostei tanto que me animei a ir a um show no Tim Festival. Fiquei ainda mais fã, apesar de muitos amigos torcerem o nariz.

O disco é simpático, melódico e alterna bons vocais femininos e masculinos. A moça, Isobel Campbell, é especialmente encatadora. A voz masculina (Stuart Murdoch, se não me engano) lembra vagamente o Cake. O instrumental também é sofisticado, cheio de açúcar e afeto, sem contraindicações. Vale conferir "Wrong Girl", "The Model", "Waiting for the Moon to Rise" e a pacifista "I Fought in a War".

A faixa que mais ouvi neste disco
"I Fought in a War" é especialmente fofa, mas "Wrong Girl" tem uma melodia mais encantadora. Prefiro esta!

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
As capas do Bele & Sebastian são muito curiosas. Fotos monocromáticas com figuras sem muito sentido. De tão esquisitas, ficaram bonitas.
Em sua apresentação no Tim Festival, o Belle & Sebastian tocou "Minha Menina", dos Mutantes, com direito a alguns fãs no palco. Ficou muito simpático!
Isobel Campell saiu da banda em 2003. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos, mas acho que foi uma senhora perda.
Em Dublin, o Belle & Sebastian se apresentou em meados de novembro de 2010. Até me arrisquei a procurar um ingresso, mas estava lotado (sold out total). Em dezembro de 2010, eles voltaram ao Brasil. Dessa vez, no Circo Voador.

Um pedacinho do disco:





sexta-feira, 29 de outubro de 2010

#032 U2, "Pop"

No fervente verão de 1997, o U2 resolver dar as caras aqui pelo hemisfério sul. Tio Bono e seus Blue Caps vieram no embalo da turnê de "Pop", um CD ok, mas nada de "ohhhh, meu Deus, minha vida mudou".

Pois bem, "Pop" manteve a pegada eletrônica que começou em "Zooropa", mas acho que foi mais sutil. "Discothèque", o single do disco, teve um clipe engraçadinho, com o Bono, Edge, Larry Mullen e Adam Clayton caracterizados como a patota de Village People. Daí você saca que o visual paródia foi mais marcante que a própria música. Como não poderia ser diferente de um trabalho do U2, o CD tem uma baladinha vem-cá-minha-nega ("Staring at the Sun"). E só.

Ah, o show foi memorável, mas aí era batata. O U2 sempre mandou bem no palco.

A faixa que mais ouvi neste disco
Lá na meiuca do CD, se esconde "Gone", um tesourinho cheio de texturas sonoras e o Edge fazendo o backing-vocal.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Não relacionado ao disco, mas ao show. Após um dia de calor angolano, eu e um grupo de amigos conseguimos ficar a poucos metros do palco. Assim que as luzes se apagaram e Edge mandou o primeiro acorde de guitarra, uma amiga resolveu desmaiar sobre mim. Tive que levá-la para longe da muvuca e ver o show lááááá de longe. Não, não peguei.

Um pedacinho do disco:




quinta-feira, 28 de outubro de 2010

#031 Oingo Boingo, "Boingo Alive"

Na adolescência, eu era um ser que acompanhava novelas. Pior que isso: eu era totalmente hipnotisado pela TV quase que o dia inteiro. O lado bom é que muitas trilhas de novelas traziam excelentes músicas, colaborando com as rádios na tarefa de disseminar coisa boa entre a rapaziada. Numa dessas, ouvi a música "Stay", de uma banda de nome curioso: Oingo Boingo. Com o sucesso da música, outros hits da banda aportaram em nossas rádios, e logo logo apareceu nas lojas de discos o "Boingo Alive", gravado ao vivo pela banda em comemoração dos seus 10 anos de formação

Era um álbum duplo, e trazia os principais sucessos da banda: estavam lá "Stay", "Dead man's party", "Just another day", "Not my slave" (usada depois pela Globo pra ser a música tema do seriado Barrados no Baile, vulgo Beverly Hills 90210) e "We close our eyes". Na verdade, só faltou "Weird Science", música tema do filme "Mulher nota 1000". Interessante que todas essas músicas ficaram no disco 1 (além de "Cinderella undercover" e "It only makes me laugh", não famosas mas que eu gosto bastante). Talvez por isso eu ignore até hoje as faixas do disco 2.

A faixa que mais ouvi deste disco
"Not my slave", disparado!

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Em 1990, conseguiram trazer o Oingo Boingo para um único show no campo de futebol do Flamengo, na Gávea. Show lotado, muita confusão e empurra-empurra, mas eu estava lá com um pessoal do colégio. Mal começou, abriu um clarão no meio da pista por conta de uma briga. Suficiente para eu me perder de todo mundo e assistir boa parte do show sozinho. Era o primeiro show que eu ia na vida. Felizmente, o primeiro de uma vasta e honrosa série.


Um pedacinho do disco:



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

#030 Legião Urbana, "Dois"

Como todo moleque que passou a adolescência entre 1990 e 1997, eu guardo um carinho especial pela Legião Urbana, especialmente pelo álbum "Dois". No verão de 1997, já na faculdade, eu viajei com um grupo de amigos de colégio para um temporada em Cabo Frio, litoral norte do Rio de Janeiro. Passamos 15 dias bebendo, comendo miojo, jogando vôlei de areia, bebendo mais e azucrinando as meninas mineiras dos prédios vizinhos. No CD-Player, tínhamos apenas cinco discos: uma coletânea do Men At Work, Bob Marley (óbvio), White Zombie, Alanis Morissette e "Dois", da Legião Urbana. Foram duas semanas ouvindo apenas estes CDs.

A bolachinha da Legião rodou até quase queimar. A gente bebia whisky ao som de "Daniel na Cova dos Leões", pensava no futuro ouvindo "Eduardo e Mônica", dançava na varanda no embalo de "Tempo Perdido" e por aí vai. Depois deste verão, nós nunca mais passamos um tempo juntos. Nos dividimos entre Rio, São Paulo, Curitiba, Londres, Petrópolis e Dublin. Olhando para trás, analiso seguramente que aquele verão foi o nosso rito de passagem dos garotos de colégio para os universitários. Renato Russo nos ajudou na transição.

"Temos nosso próprio tempo (...) / O que foi escondido é o que ninguém escondeu / O que foi prometido, ninguém prometeu / Nem foi tempo perdido / Somos tão jovens, tão jovens..."

A faixa que mais ouvi neste disco
Em um disco tão cheio de músicas emblemáticas, "Quase Sem Querer" é adorável. É romântica, fofinha, otimista, alto astral, melodiosamente bonita e tão próxima aos milhões de moleques que a ouviram – inclusive eu. Particularmente, acho lindo o verso "Eu queria provar para todo mundo, que eu não precisava provar nada para ninguém".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Depois de muita cerveja nas ideias e Legião Urbana na trilha sonora, eu e alguns amigos simulávamos uma banda com instrumentos imaginários. Acho que o nome disso é air-band, sei lá. Eu simulava a bateria, pois não precisava ficar em pé.
Ah, em um momento tiete, peguei o autógrafo do Dado Villa-Lobos na capa de "Dois".

Um pedacinho do disco:

terça-feira, 26 de outubro de 2010

#029 Blur, "Modern life is rubbish"

Início de faculdade, época das festas, chopadas e viagens. Ainda não conhecia bem todo mundo, e confesso que eu era do tipo anti-social desconfiado (inimaginável para quem me conhece hoje em dia). Numa tentativa de me socializar, resolvi aderir a uma viagem que um grupo da minha turma estava organizando para Blumenau. Isso mesmo, Oktoberfest. De um ônibus lotado, eu conhecia no máximo 3 pessoas. Como ato de defesa natural, embarquei com uma cacetada de fitas cassete gravadas a partir de CDs alugados na finada loja Spider (Ipanema). Dentre elas, o segundo álbum do Blur, "Modern life is rubbish"

Na época, tudo o que eu conhecia da banda era o single "There's no other way", do primeiro disco. Esperava algo nessa linha, mas tive uma grata surpresa: o segundo disco era bem melhor. Abre com "For tomorrow", que é ótima. A principal do disco é "Chemical World", que chegou a tocar na Flu Fm e na MTV. Além dessas, o disco segue 100% britpop (como ficaram conhecidas as bandinhas pop rock inglesas da época, a maioria influenciadas pelos Smiths), passando pela baladinha "Blue jeans", as alegres "Star shaped" e "Sunday sunday" e a deprê "Resigned". Identificação imediata: ouço Blur e lembro daquela viagem. Tanto que "Resigned" é minha predileta pra ouvir de ressaca até hoje.

A faixa que mais ouvi neste disco
Acho que "Star shaped"... Seria "Resigned", mas acho que não tive tantas ressacas assim :D

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Além das faixas normais, o CD do qual gravei tinha uma faixa bônus também divertida e pouco conhecida: "When the cows go home". Essa música (além de outra que não gosto muito chamada "Peach") eram lados B de singles e foram lançadas somente na versão americana do CD, escondidas nas faixas 68 e 69


Um pedacinho do disco:

#028 Nando Reis, "MTV Ao Vivo"

Quando Nando Reis anunciou a sua saída dos Titãs, muitos gatos-mestres previram que a sua carreira rumaria ao brejo e aos palcos de churrascarias. Ledo engano. O ruivo deu continuidade à trajetória iniciada nos anos 1980 e se consolidou como um dos grandes artistas da primeira década do século XXI. Eu me tornei um fã de carteirinha do cara.

Liderando a banda Os Infernais, o ruivo barbudo evoluiu como intérprete e ficou mais livre para criar suas próprias letras. O registro ao vivo, gravado com a chancela da MTV, apresenta o cantor, seus músicos e o seu repertório em plena forma. No palco, o cantor apresenta seus novos bebês ("A Letra A", "Por Onde Andei", "Luz dos Olhos" e "Mantra", dentre outras) e seus pimpolhos já crescidos (as Titânicas "Marvin", "Não Vou me Adaptar", "Os Cegos do Castelo" e também "O Segundo Sol", "All Star" e "Relicário", gravadas por Cássia Eller).

Particularmente, acho que a saída dos Titãs fez um bem danado ao Nando. Até onde sei, eles ainda estão de mal, mas acho que o tempo ajuda a sarar todas as feridas e aparar as arestas.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Por Onde Andei" é simples, singela e apaixonante. Acho que é uma das melhores músicas de fossa que já ouvi. E olha que de música de corno, eu entendo.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Terminar um namoro é de lascar. Eu, por exemplo, encerrei um e fiquei com o peito doendo por meses (ou anos). Durante as minhas fases de melancolia, eu evitava ouvir "Por Onde Andei". Sempre que eu a escutava, dava uma vontade desgraçada de ligar para ela e repetir os versos do Nando.
Fazer música feliz não implica em obrigar que o público "tire o pé do chão". A animadíssima "Do Seu Lado" é a prova disso. Canção otimista, alto astral e saltitante. Já cantei esta música quando fiquei bêbado.

Um pedacinho do disco:

domingo, 24 de outubro de 2010

#027 Midnight Oil, "Blue sky mining"

Ao longo da década de 80, programas de esportes radicais começaram a ganhar popularidade na TV. Para os desavisados de menos idade: TV naquela época só tinha 7 canais e era totalmente grátis. Meu predileto na época era o Realce, que passava na Record (canal 9 no Rio). E o Realce foi uma das minhas grandes influências musicais ao apresentar uma série de bandas e músicas que convencionou-se chamar surf music. Dentre elas, os australianos do Midnight Oil. Década seguinte, o Realce morreu, mas a rádio Fluminense FM martelava os ouvidos da galera com aquelas músicas, além de outras pérolas do rock dito alternativo. E justo na Flu FM que ouvi pela primeira vez o célebre solo inicial de gaita da música "Blue sky mine", que abre o disco.

Algum tempo depois, já com o CD, mergulhei de vez no repertório da banda. Ao mesmo tempo, eu passava para a pré-equipe no remo, período de treinos bastante puxados. Por conta disso, o Midnight Oil foi uma das minhas trilhas sonoras prediletas nessa fase de ralação e superação. Além de "Blue sky mine", ouvia bastante as guitarras suingadas de "King of the mountain" e o ritmo acelerado de "Forgotten years". Alguns anos depois, um período de sedentarismo (quase) forçado. E sempre que ouvia essa última música seus versos reverberavam como um recado na minha cabeça: "The hardest years, the darkest years, the roaring years, the fallen years / These should not be forgotten years". E isso foi um grande incentivo para que eu voltasse aos esportes anos depois, ainda com essa mesma trilha sonora (fora algumas músicas novas, claro)

A faixa que mais ouvi neste disco
Na época, "Blue sky mine". Anos depois, ouvi bastante também "One country", uma lentinha menos conhecida

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Nos treinos, tinha uma corrida bastante puxada que incluía trechos íngremes (subida da Vista Chinesa, na Floresta da Tijuca). Nas partes mais brabas, uma das minhas formas de motivação era lembrar da letra de "Forgotten years" e da gaita de "Blue sky mine". Deu certo até eu conhecer "Clarity of mind", do Vs Spy Vs Spy, mas isso é papo pra outro disco...

Um pedacinho do disco:



sábado, 23 de outubro de 2010

#026 Trilha sonora, "Como se fosse a primeira vez" (50 first dates)

Aluguei esse filme sem a menor pretensão. Afinal de contas, era mais um filme do Adam Sandler, que na minha cabeça era sinônimo de besteirol. Até então, dele eu só tinha visto "O rei da água", "Little Nicky, um diabo diferente" e "A herança do Sr. Deeds", ou seja, nada realmente sério. Mas com esse aqui eu me surpreendi. Sandler usa suas caretas e trejeitos meramente como comic relief de um romance meio trágico, onde um cara começa a namorar uma menina que sempre que acorda esquece de tudo que viveu por conta de um acidente. A história põe a gente pra pensar no que realmente consiste um relacionamento, e com isso a gente acaba engolindo alguns absurdos aqui e ali e torce pra tudo dar certo no final.

Em paralelo, uma trilha sonora bastante interessante, com versões cover de músicas conhecidas dos anos 80. Por ser um filme ambientado no Hawaii, a maioria dos covers é em ritmo de reggae ou ska, pra dar um toque mais tropical. Pra mim funcionou direitinh0: ouço boa parte das músicas quando pedalo na orla. Tipo do disco que dá uma alegrada geral num dia cinzento, especialmente pra quem se amarra nas músicas anos 80, que é definitivamente o meu caso. Destaque para a versão reggae que o UB40 fez de "Every breath you take" (do Police). Gosto muito também de "Hold me now" (originalmente do Thompson Twins) cantada por Wayne Wonder e "Your love" (Outfield) cantada por Wyclef Jean e Eve

A faixa que mais ouvi neste disco
Israel Kamakawiwo'ole (havaiano popularmente conhecido por IZ), "Somewhere over the rainbow / what a wonderful world"

Presepada musical ou uma mera curiosidade
Na época, fiquei tão encantado com a versão havaiana de "Somewhere over the rainbow" que imaginei logo um casamento tropical com minha então namorada. Essa música faria parte da cerimônia com certeza. Só que um casal amigo nosso acabou com o ineditismo e fez isso no casamento deles (que sequer foi tropical). Mas como o namoro não durou, de repente eu reaproveito a idéia no futuro :)


Um pedacinho do disco:



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

#025 Titãs, "Cabeça Dinossauro"

Quando eu era moleque, minha mãe não quis comprar "Cabeça Dinossauro" para mim. A foto da capa era repugnante, os Titãs tinham se envolvido com escândalos, algumas letras eram polêmicas e uma delas era lotada de palavrões. Preciso dizer que o disco se tornou uma coqueluche entre a rapaziada rebelde de meados dos anos 80?

Aproveitando a abertura política e a trégua da censura, os Titãs criaram um disco visceral e 100% subversivo. Com melodias furiosas e letras revoltadas, a banda gravou "Polícia", "Porrada", "Igreja", "Estado Violência", "A Face do Destruidor" e a emblemática "Bichos Escrotos". Com o bafafá que se criou ao redor do LP, o grupo faturou o seu primeiro disco de ouro.

O tempo passou, "Cabeça Dinossauro" virou um clássico do rock brasileiro e os Titãs encurtaram de oito para quatro integrantes.

A faixa que mais ouvi neste disco
Gosto muito de "Família", mas "Bichos Escrotos" impera. A música é polêmica, divertida e obrigatória. Sempre vale berrar "oncinha pintada / zebrinha listrada / coelhinho peludo / vão se foder" em coro com o Paulo Miklos. É terapêutico.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Em alguns LPs, a faixa "Bichos Escrotos" vinha riscada. No CD, a proibição da execução pública pelo Departamento de Censura e Diversão Pública foi mantida. Ficou como um troféu dos Titãs contra a truculência da ditadura.
Muitos especialistas consideram "Cabeça Dinossauro" o melhor disco de rock brasileiro já produzido. Eu não sou especialista, mas concordo.
Em 1998, o clássico "Família" foi regravado pelos pagodeiros do Molejo ("Andréééziiiiiinho").
O desenho da capa foi criado pelo Leonardo Da Vinci. O pai da Monalisa, aquele do código, lembra?

Um pedacinho do disco:





quinta-feira, 21 de outubro de 2010

#024 Pixies, "Doolittle"

Ouvi Pixies pela primeira vez numa tarde nublada nos idos de 1991. Era a clássica "Here comes your man", que empolga até o mais ortodoxo roqueiro. Tanto que ela é figurinha fácil nos setlists de DJs especializados em rock. Aí bateu uma curiosidade de ouvir um pouco mais da banda, e como não existia napster, soulseek, emule ou coisa parecida, consegui uma fita cassete com um amigo. De cara, ouvi outra música fantástica : "Where is my mind?". E fui ouvindo música a música daquele disco chamado Doolittle, e fui gostando absolutamente de TODAS as músicas. Estava eu diante de um clássico, senhoras e senhores!

Tem quase 20 anos que eu escuto esse disco, e ainda não enjoei. Algumas músicas eu nem escuto tanto, mas "La la love you" e "Gouge away" são obrigatórias. No geral, é o disco que sempre me transporta para o passado despreocupado de quando o ouvi pelas primeiras vezes.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Where is my mind?", sempre que o coração bate mais rápido e o estômago fica inquieto

Presepada musical ou uma mera curiosidade
Algumas músicas do disco figuraram em filmes e episódios. "Where is my mind?" toca no finalzinho de "Clube da Luta" e no último episódio do seriado "The 4400". "Gouge away" toca no rádio do carro de Jack Shephard no último episódio da 4ª temporada de Lost.

Outra: algumas letras do disco têm referências bíblicas (como o trecho "the devil is six" e "god is seven" de "Monkey gone to Heaven"), devido a criação evangélica do letrista/vocalista Frank Black numa versão americana da Assembleia de Deus

Um pedacinho do disco:


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

#023 Ivete Sangalo, "MTV Ao Vivo"

Ah, aposto que você não imaginava que eu tenho um disco de axé na minha estante, né? Pois este é um dos títulos surpreendentes que ainda vão aparecer por aqui. Pois bem, se é para ter um disco com música tira-o-pé-do-chão, que seja logo da diva maior, com repertório de hits e gravado na Meca do ritmo: Ivete Sangalo, ao vivo em Salvador. Mais na vibe, só o CD viesse com um abadá.

Ganhei "MTV Ao Vivo" por conta de um trabalho de divulgação que fiz para a Universal Music em 2004. Mesmo sendo pouco fã do estilo feliz até o talo, confesso que acho este disco bem divertido, bem carnavalesco. Indiscutivelmente, Ivete canta bem e interpreta as músicas com muita propriedade. Seja nos sucessos do carnaval "Sorte Grande", "Festa", nos samba-reggaes "Vem Meu Amor" e "Nossa Gente (Avisa Lá)" ou flertando com a MPB em "Se Eu não te Amasse Tanto Assim" e "A Lua Q Eu te Dei", o repertório funciona direitinho.

Eu vou enfiar uva no céu na sua boca. E aí, chupa toda. Eu disse toda. Chupa toda...

A faixa que mais ouvi neste disco
"Céu da Boca" era um música que ouvi muito quando era pequeno e morava no Nordeste. Revê-la na voz da Ivete e com o Gilberto Gil foi um surpresa bem maneira. Aliás, Gilzão se esbalda nesta canção.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Sempre que faço um churrasco e preciso de um som para fazer trilha sonora de gente feliz, eu taco esse disquinho da vitrola. Funciona e muita gente ainda acha que é o álbum gravado no Maracanã.
Falando em Maracanã, "Sorte Grande" virou hino da torcida do Flamengo. Ainda hoje, quando a nação comemora gol, ecoa o refrão "poeeeeeeeeeeeeira! Poeeeeeeeeeeeira" Levantou poeeeeeeeeeeira". Ah, que me perdoem os amigos roqueiros e puristas, mas não tem como não gostar nem que seja um pouquinho deste CD.
Sempre muito envolvida com os seus trabalhos, o encarte tem um tipo de diário onde Ivete relata como foi a gravação. Entre agradecimentos, ainda rasga uma seda para o Davi Moraes, que era o primeiro-damo da moça na época.

Um pedacinho do disco:

terça-feira, 19 de outubro de 2010

#022 The Strokes, "This is it"

Era o fim de uma fase ranzinza. Depois de meses de um relacionamento já desgatado e o sofrimento da ruptura (mesmo quem já não gosta mais tanta coisa acaba sofrendo, pois sempre há alguma perda), o tempo de redescoberta. E foi neste processo que eu parei de implicar com os Strokes e peguei esse disco pra ouvir. Não sei dizer o porquê da implicância, só me recusava a ouvir o restante pelo fato de "Last night" não ter caído tão bem aos ouvidos na primeira audição. Mas felizmente eu venci minha própria picuinha, pois o disco é EXCELENTE!

Nem acho que sejam grandes letristas, ou então eu não me embriaguei o suficiente para estar na mesma viagem que eles. Mas a melodia e as levadas das músicas são empolgantes, viciantes. Aí perdi a implicância com "Last Night" (que inclusive funciona muito bem na pista de dança), e descobri a empolgada "Take it or leave it" e a contagiante "Someday", figurinha fácil nos meus playlists de corrida e pedalada.

A faixa que mais ouvi neste disco
Com toda certeza, "Someday"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
O quadril feminino que ilustra a capa do disco pertence à namorada do fotógrafo Colin Lane, e a idéia da foto foi totalmente espontânea, quando ela estava saindo do banho. O trabalho foi incluído no livro "The Greatest Album Covers of All Time", de Grant Scott. Apesar das objeções, o disco foi lançado assim mesmo no mercado britânico, mas a partir de outubro de 2001 as edições americanas saíram com outra capa, por temerem o conservadorismo americano.

Um pedacinho do disco


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

#021 Bangalafumenga, "Barraco dourado"

Banda das mais subestimadas do pop nacional, o bangalafumenga começou mais ou menos no mesmo esquema do monobloco, com banda e bloco de carnaval. Só que ao contrário deste, optou por um caminho autoral e foi conquistando seu público cativo aos pouquinhos, quase na base do boca a boca (sem trocadilho). Só que justamente neste disco, o banga (como é conhecido) passou a beber um pouco mais na fonte do pop, lançando um disco bastante dançante e com covers de responsa

Lançado no inicinho de 2009, foi bastante trabalhado em shows e em algumas rádios ao longo do ano e também agora em 2010. Desde seu lançamento, algumas músicas do disco são figurinha fácil nos meus playlists, destaque para "Barraco dourado", "Chapéu mangueira", o cover de "Lourinha bombril" e o "Especial de agogô". Por força do grande apelo carnavalesco (por ter um dos melhores blocos do carnaval do Rio), não tem como eu ouvir as músicas e não lembrar da folia.

A faixa que mais ouvi neste disco
O cover de "Trilhos urbanos" (de Caetano Veloso), tocada em ritmo de jongo, um dos ritmos afros que deu origem ao samba

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Este humilde blogueiro que vos digita conheceu o banga em 2005 num fim de namoro onde precisava se jogar no carnaval, acompanha a banda desde então e entrou para a bateria do bloco em 2008. E adora tocar o "Especial de agogô" (embora tenha mudado de instrumento)
Um pedacinho do disco:

domingo, 17 de outubro de 2010

#020 Pitty, "Anacrônico"

Outro dia, eu consegui pegar o programa "Zoombido", do Moska, logo no comecinho. A entrevistada da vez era a Pitty e a conversa foi curtinha, mas fiquei matutando: "como essa moça é bacana".

Conheci a Pitty quando eu ainda trabalhava com música. Fui cobrir um show dela no finado Ballroom, no Humaitá, quando pouca gente sequer tinha ouvido falar do seu trabalho. Foi uma bela apresentação, por sinal, e eu constatei que aquela baiana, que seguia a contramão do axé, tinha um potencial imenso. Ainda não comprei o seu disco de estreia, mas tenho o "Anacrônico", o seu segundo CD. Justamente o seu álbum de confirmação, aquele que provou que ela não seria uma artista de um único disco.

Olhando os últimos anos e ouvindo "De Você", "Memórias", "Déjà Vu" e "Na sua Estante", percebo como ela está sintonizada com o seu público. Suas músicas são autorais, antenadas, vigorosas e com o punch do rock. Quer saber? Ouso dizer que Pitty foi a cantora mais interessante que surgiu na cena brasileira neste início de século. Pronto, falei!.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Anacrônico" botou uma porção de músicas nas rádios, na MTV e nos iPods da molecada. Entre elas, gosto muito de "Déjà Vu", que considero uma senhora composição da Pitty.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Ih, não tem.

Um pedacinho do disco:

sábado, 16 de outubro de 2010

#019 The Offspring, "Smash"

"Smash" foi um dos discos que mais ouvi entre o 3º Ano do colégio e os primeiros semestres da PUC. Era como um atestado de "ser legal" nos dois ambientes. Sejamos francos, no pré-vestibular, ouvir música legal é um diferencial. Na faculdade, é uma obrigação. "Smash", do Offspring, animou os dois ambientes e se tornou um dos meus CDs favoritos em todos os tempos.

Bom, este precioso e barulhento disco surgiu na mesma safra do "Dookie", do Green Day. "Smash" catapultou a carreira da banda californiana com uma série de porradas da melhor qualidade. A diversão do disco começa com uma voz aveludada e grave, convidando o ouvinte a relaxar, esticar os pés e beber uma taça de vinho. Logo em seguida, "Nitro" é primeira de uma série de cacetadas sonoras, guitarras violentas e a voz estridente do Dexter Holland (que desperta ódio e admiração em diferentes públicos).

"Smash" é o tipo do disco que não permite pular faixas. No repertório, tem "Self Steem", "Bad Habbit", "Genocide", "Come Out and Play" e a estrondosa "Gotta Get Away". E ainda tem o ska "What in the World Happened to You". Todas convocam a rapaziada para pular. Eis um autêntico disco para "tirar o pé do chão".

A faixa que mais ouvi neste disco
"Come Out and Play" é f#%¨#. Sem mais!

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Fui a todos os shows que o Offspring fez no Brasil. O mais recente, em 2009, foi o mais fraco, reflexo do carente "Rise and Fall, Rage and Grace".
Em 1997, o Offspring fez um show memorável no Citibank Hall (ex-Metropolitan, ex-ATL Hall, ex-Claro Hall e futuro ex-Citibank Hall). A banda estava no auge e fez uma apresentação antológica, com direito a espinafrar as boybands do momento. Lembro que voltei para casa cheio de hematomas e com a camisa preta encharcada de suor. Não perdi nenhum dente.
No Rio, o Offspring era um clássico dos clipes de surf e dos CD-Players das casas de suco da praia. A moçada do skate também curtia horrores. Enfim, um discaço!


Um pedacinho do disco:



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

#018 R.E.M., "Out of Time"

Na minha modesta opinião, "Out of Time" fez o R.E.M. sair da cena alternativa, ganhar o mundo e, de quebra, abrir minhas portas da percepção para a música dos anos 1990 (foi mal, Jim Morrison!). Tudo neste disco me remete aos meus 12 ou 13 anos: o clipe de "Losing my Religion" repetindo exaustivamente na MTV, "Shinny Happy People" tocando em todas as rádios e "Radio Song" embalando as festinhas americanas nas casas dos amigos.

Na época, "Out of Time" era um sonho de consumo musical. Nas lojas de Petrópolis, o disco era caríssimo ou raro de se achar. Baixar na internet? Que internet, cara-pálida? Estamos no longínquo ano de 1991. A salvação da lavoura foi uma locadora que alugava VHS e CDs. Eu me associei apenas para gravar esse disco em uma fita K7. Durante meses, a fitinha não saiu do meu walkman JVC.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Losing my Religion" ainda é uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Meus pais eram membros do Lion's Clube de Petrópolis. Certa vez, eles foram convidados para uma convenção em São Lourenço, Minas. Fomos de carro e adivinha qual a fitinha que tocava sem parar na viagem? "Out of Time" rodou umas cinco vezes sem parar no toca-fitas do carro.
No Rock in Rio3, quando soaram os primeiros acordes de "Losing my Religion", eu senti uma das maiores alegrias da minha vida. A noite estrelada, uma das minhas bandas favoritas, o público completamente em transe, os amigos por perto... sei lá, bicho. Foi de arrepiar. Ainda o é.

Um pedacinho do disco:

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

#017 Novos Baianos, "Acabou chorare"

Álbum maravilhoso de um grupo histórico na música brasileira gravado em 1970, que eu só fui descobrir em 2007. Antes tarde do que nunca: daquele grupo baiano formado por Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Dadi (com a niteroiense Baby Consuelo, que já mudou de nome artístico umas trocentas vezes e agora é chamada Baby do Brasil) saíram não só grandes hits, mas um novo jeito brasileiro de se fazer música. Não por acaso, é considerado o melhor disco brasileiro de todos os tempos pela revista Rolling Stone daqui.

E aposto como muita gente aí curte as músicas dele sem saber quem toca, e toma susto quando sabe que é dos Novos Baianos. Exemplos clássicos: "Preta pretinha" e "Brasil pandeiro". Quando descobri que eram da mesma banda e do mesmo disco, tive vergonha de dizer que sabia alguma coisa de música enquanto não ouvisse tudo e mais um pouco deles. Era início da primavera de 2006, eu tinha acabado de reencontrar uma amiga que se tornou um dos meus namoros mais significativos, e naquela época o "Acabou chorare" não saía do meu CD player por nada!

A faixa que mais ouvi neste disco
Apesar de todo o sucesso de "Brasil Pandeiro" e de eu ter ensaiado bastante "Preta pretinha" no banga (ensaiamos, mas não tocamos... mas enfim), a que eu mais ouvi desse disco foi "Tinindo trincando". E é um ótimo exemplo pro que eu falei sobre descobrir a banda por acaso: ouvia essa música nos shows do Empolga às Nove, mas só fui saber que era dos Novos Baianos quando ouvi o CD pela primeira vez.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Enquanto a galera que pratica corrida de rua apela para músicas bate-estaca para suas corridas, eu costumo fazer playlists bem variadas. E a minha música predileta para largada é "Um bilhete para Didi", instrumental contagiante de quase 3 minutos que é capaz de fazer morto dançar.

Outra: "Brasil Pandeiro" estourou com o grupo, mas ela na verdade foi composta por Assis Valente (compositor de "Cai cai, balão", entre outras), que a ofereceu a Carmem Miranda, de quem era grande fã. A pequena notável não gostou da música e se recusou a gravá-la, só fazendo sucesso muito tempo depois com os Novos Baianos

Um pedacinho do disco:

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

#016 Eddie Vedder, "Into the Wild (Original Soundtrack)"

Era uma tarde chuvosa de domingo, e eu estava sem a mínima vontade de socializar. Sabe aquela depressão básica de domingo? Pois é... Pra não piorar com a voz do Faustão ou a musiquinha do Fantástico, resolvi pegar um filme. Nome sugestivo: "Na natureza selvagem", dirigido pelo Sean Penn, do qual a crítica falou relativamente bem. Mal sabia eu que teria uma experiência sensorial tão rica e tão densa, que me deixou pensando na vida dias a fio. Mérito da chocante história de Chris McCandless, mas também da ESPETACULAR trilha sonora composta por Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam.

A sensibilidade de Vedder para cada música se encaixar no contexto das cenas foi ímpar, e ao meu ver foi um dos grandes fatores para o impacto que o filme causou em mim. Ok, sou suspeito: adoro trilhas sonoras, sejam elas orquestradas, coletâneas ou autorais, e por isso mesmo vou falar de outras por aqui. Mas ouvi o mesmo de pessoas menos obcecadas por trilhas sonoras, provando que não é exagero meu.

A faixa que mais ouvi neste disco
Apesar de eu achar agora que "Guaranteed" é a música mais bela e impactante do filme, sem dúvida alguma a que eu mais ouvi foi "Rise".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Para escrever a trilha, Penn procurou Vedder (já tinham trabalhado na trilha sonora de "I am Sam"), que leu o livro que originou o filme e ficou bastante interessado. Penn deu total liberdade para Vedder: "Faça o que você achar melhor. Pode ser uma música, podem ser duas, pode ser a trilha inteira". Em pouco mais de 1 semana, Vedder já tinha a trilha inteira pronta. Segundo ele, "foi assustadoramente fácil como eu consegui mergulhar na mente de McCandless, eu realmente pensava já ser um homem adulto (risos). Por causa disso, letra, melodia e até mesmo alguns arranjos vinham rápido a minha mente, como se eu fizesse isso todos os dias por 20 anos"

Um pedacinho do disco:

terça-feira, 12 de outubro de 2010

#015 Trilha Sonora , "Pulp Fiction"

Quentin Tarantino repete nas trilhas sonoras dos seus filmes a mesma picaretagem genial que aplica em seus roteiros. O malandro pinça uma penca de clássicos divertidíssimos, mas esquecidos, e os coloca em suas tramas de tal forma que parecem (com o perdão do clichê) nascidos um para o outro. Ora bolas, eu não consigo ouvir "You Never Can Tell" sem visualizar John Travolta e Uma Thurma sacolejando na pista de dança.

Na trilha de "Pulp Fiction", entre surf musics, Tarantino resgata "Son of a Preacher Man", "Let's Stay Together", "Jungle Boogie" e "Girl, You'll be a Woman Soon". Mas, a meu ver, o que torna este disco diferente de tantas outras trilhas sonoras são os diálogos inseridos entre as canções. Você ouve Pumpkin e Honey Bunny iniciando seu assalto, Vincent Vega comentando as diferenças culinárias entre os EUA e a Europa e a lendária passagem bíblica do livro de Ezequiel narrada pelo bad-mother-fucker Jules Winnfield, dentre outras.

A faixa que mais ouvi neste disco
Acredito que "Let's Stay Together" é uma das músicas mais sensuais já feita por gogós humanos. Descobri o Al Green neste disco e, posteriormente, o teor afrodisíaco das suas canções nos ouvidinhos femininos.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Durante anos, "Let's Stay Together" esteve em um K7 estrategicamente gravado e colocado no toca-fitas do carro. Sempre que era preciso conquistar a atenção de alguma fêmea no banco do carona, Al Green mostrava a sua arte. Hoje, que sou um cara comportado, guardo o Mr. Green para ocasiões especiais.

Um pedacinho do disco:

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

#014 Green Day, "Dookie"

Quando eu tinha 16 anos, "Dookie" foi uma febre. Tinha clipe maneiro na MTV, tocava em todas as rádios teens, era trilha sonora de vídeos de surf e era exigência básica no walkman de qualquer garoto minimamente legal. Eu via que o CD do Green Day era o veículo escolhido para a rebeldia adolescente. Porém, mais do que fazer tipo, eu realmente gostava do disco.

"Dookie" acabou se tornando um clássico da banda. Entre as suas 14 faixas, o álbum imortalizou "Burnout", "She", "Basket Case", "Welcome to Paradise" e, a minha preferida, "When I Come Around". O Green Day vai bem, obrigado, mas acho que nunca mais fez um disco com a pegada de "Dookie". No fundo, acho que cheguei a essa conclusão porque lembro com muito carinho daquela época e o grupo está intimamente ligado. Parcialidade é fogo.

"She... She screams in silence / A sullen riot penetrating through her mind
Waiting for a sign / To smash the silence with the brick of self-control"

A faixa que mais ouvi neste disco
No colégio, na praia, no Bibi Sucos, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê, "She" e "Basket Case" eram onipresentes. Aliás, o disco todo bombava.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
No final do 3º Ano, os churrascos eram obrigatórios. Em um deles, eu já tinha tomado umas cervas a mais e estava alegrinho. No auge da felicidade, meus pais, que conheciam o dono da festa, apareceram para me levar para casa - um mico indescritível para um garoto de 16 anos em busca da popularidade e peitinhos alheios. Irritado, cheguei em casa e coloquei "Dookie" no último volume para mostrar bem a minha revolta. Tomei um esporro federal e fiquei de castigo por um bom tempo.

Um pedacinho do disco:



domingo, 10 de outubro de 2010

#013 Nirvana, "Unplugged in New York"

Ano de 1995, e o grunge já entrava em decadência. Eu ainda naquela fase indie rockeira alternativa, mas já me permitindo conhecer outros sons (leia-se "me aventurando nas boates que tocavam de tudo, pois o objetivo principal era beber, azarar e me divertir"). Aí, lançam um CD do Nirvana quase 2 anos depois da morte de seu vocalista, Kurt Cobain. Pensei que era mero oportunismo. Mas claro que era, né?

Eu era fã do Nirvana e colecionador de CDs, não tinha como não comprar esse disco. AINDA BEM! Até hoje, é meu disco predileto da banda, mesmo fugindo um pouco da proposta de ser uma banda grunge alternativa e fazendo um som mais palatável para públicos de ouvidos mais sensíveis. Tirando a faixa "All apologies" (pela qual eu nutro uma certa implicância, nem sei direito o por quê), o disco INTEIRO é muito bom! Mas destaco "Jesus doesn't want me for a sunbean" (cover de The Vaselines), "The man who sold the world" (cover de David Bowie) e "Polly" (do álbum Nevermind)

A faixa que mais ouvi neste disco
Com certeza, "The man who sold the world"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Eu era tão fanático por esse disco que separei o CD pra ser o primeiro a ouvir quando comprasse um CD Player pro carro. Dito e feito: ao instalar o meu Panasonic véio de guerra no meu Voyage ano 86 mais véio de guerra ainda, fiquei parado no estacionamento da loja onde instalei o som ouvindo um pouquinho de cada faixa, completamente hipnotizado pela pureza do som (pra quem estava acostumado com fita cassete, a diferença de qualidade é absurda)


Um pedacinho do disco:

sábado, 9 de outubro de 2010

#012 Marisa Monte, "Marisa Monte"

O álbum gravado ao vivo e produzido pelo Nelson Motta apresentou a jovem cantora com potencial ao estrelato e ainda emplacou a faixa "Bem que se Quis" na trilha de alguma novela das 8. O repertório era polivalente e ainda tinha Candeia, Mutantes, Luiz Gonzaga, Jovem Guarda, Black Music e a mais pura MPB.

Minha mãe comprou o CD em uma lojinha de Petrópolis, mas quem ouviu mais fui eu. No início dos anos 1990, eu percebia que a música brasileira estava bombando. Parece que todos os artistas que sofreram horrores com a repressão política decidiram soltar a voz. Foi a mesma época do grunge, da lambada e do auge dos Guns'n'Roses. Enfim, tinha música para todos os gostos.

Em sua bela discografia, o disco de estreia de "Marisa Monte", não é o meu favorito. Convenhamos, dentro da carreira vitoriosa da artista, isto não é demérito nenhum.

A faixa que mais ouvi neste disco
Na interpretação sagaz de Marisa Monte, o clássico "O Xote das Meninas", de Luis Gonzaga, vira um reggae saliente. O sertão encontrou a Jamaica e ficou show de bola. Ainda rola uma inserção sapeca de "Severina Xique-Xique", outra pérola nordestina de Genival Lacerda, com direito a vários "iô-iô-iô-iôs". Jammin!!!

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
No encarte (mais um gol dos discos), Marisa comenta algumas das canções do repertório. Além de revelar datas e locais das gravações, a intérprete faz algumas piadas internas, como citar Marylin Monroe e Bob Marley dançando agarradinhos ao som de "O Xote das Meninas".
Fã declarada de Tim Maia, Marisa brinca de Planet Hemp na faixa "Chocolate" e insere alguns versos subversivos na canção. Nelsinho Motta liberou geral.

Um pedacinho do disco:

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

#011 Gilberto Gil, "São João Vivo"

No início dos anos 2000, antes de assumir o Ministério da Cultura do governo Lula, Gilberto Gil entrou numa vibe nostálgica. O bom baiano gravou homenagens aos seus mestres Bob Marley e Luiz Gonzaga. O tributo à segunda maior festa popular do Brasil e ao grande Gonzagão virou o CD "São João Vivo", gravado a partir de uma série de shows no Nordeste.

Na verdade, Gil entrou no forró quando cantou o hit "Esperando na Janela", composição de Targino Gondin que explodiu na trilha sonora do filme "Eu Tu eles". A ótima recepção do público parece ter animado a todos e, em 2001, "São João Vivo" chegou às prateleiras justamente quando o forró universitário era a última moda e o Falamansa estava na crista da onda. Então, digo que "São João Vivo" de Gilberto Gil é o forró pós-graduado. Grande disco de "bate-coxa" com sucessos como "Olha pro Céu", "Asa Branca" e "Xote das Meninas", dentre outras canções para dançar roçando o bucho.

Aliás, convenhamos, Gilberto Gil tem moral para lançar um álbum de forró e não ser acusado de oportunismo.

A faixa que mais ouvi neste disco
"São João Vivo" tem muitas pérolas, mas eu também fiquei hipnotizado pela doçura de "Esperando na Janela".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Em 2001, passei uma temporada de Caraguatatuba, cidade cheia de letras no litoral norte de São Paulo. Eu fiquei na casa de um casal muito amigo e logo cresci o olho na prima da anfitriã. A moça paulista era bailarina e a-do-ra-va forró. Adivinha qual foi a trilha sonora da viagem? "Esperando na Janela", na voz do bom e velho Gilberto Gil. Aposto que esse xotezinho safado ajudou muita gente a se arrumar!

Um pedacinho do disco:

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

#010 Teenage Fanclub, "Thirteen"

Uma banda escocesa pouco conhecida lança seu 4º disco, chamado “Thirteen”. Pra mim, muito mais que isso: era uma das minhas bandas prediletas, o Teenage Fanclub. Na época, por volta do ano de 1993, eu era ávido por bandas da cena britânica, e rato da Spider CDs, loja de Ipanema que vendia e alugava CDs, especializada em títulos indie, hardcore e afins. Aproveitava as 2 horas de almoço que eu tinha na faculdade pra pegar um ônibus até lá e ficar horas escolhendo CDs pra comprar ou alugar. Claro, poderia alugar tudo e gravar em fita cassete, mas eu gostava de colecionar discos, fazer o quê? Numa dessas, vi a bola de vôlei que ilustra a capa desse disco, e arrisquei comprar sem ouvir antes.

Começa com a calminha “Hang on” e vai ganhando ritmo a cada faixa, até a empolgante “Radio”, que lembra bastante um sucesso antigo deles, “Star Sign” (do disco Bandwagonesque). Depois o ritmo cai, e a banda investe nas mais lentinhas e melancólicas que eu sempre gostei, com destaque pra “Song to the cynic” e “Tears are cool”. Ambas as músicas me lembram muito um namorico que eu tive com uma nadadora no ano de 1994, não sei se por causa das lágrimas ao término (durou pouco, mas foi intenso) ou por causa de um certo cinismo, mas vai saber né? :)

A faixa que mais ouvi neste disco
Com certeza foi “Radio”, que uso até hoje nos meus playlists de corrida.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Apesar de eu adorar esse disco, ele não foi um grande sucesso comercial da banda. Mas além de mim, outro cara gosta muito desse disco e dessa banda: Liam Gallagher (do Oasis) declarou na época que o Teenage Fanclub era a segunda melhor banda do mundo (adivinhem qual a melhor na opinião dele?)

Um pedacinho do disco:


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

#009 Banda Black Rio, "Maria Fumaça"

Quando a FNAC abriu as usas portas no Barrashopping, lá por 2002 ou 2003, a estratégia de chegada era vender discos variados por preços camaradas. Nesse contexto, o que a diferenciava das Lojas Americanas da vida era o seu catálogo muito mais amplo, entre nacionais e importados. Na meiuca de tantas opções, eu encontrei o épico "Maria Fumaça", da Banda Black Rio, por uma merreca. Acho que foi a minha primeira compra lá.

Descobri "Maria Fumaça" no estúdio do Gilberto Gil, por intermédio de um amigo que trabalhava lá e tirava uns sons muito maneiros da cartola. Durante um bom tempo, fiquei com aquele som na cabeça. A música bebia na Black Music americana, com metais sofisticadíssimos, teclados sinistros, arranjos elaborados e, pasmem, tamborim, cuíca e pandeiro. Os caras conseguiram fazer o samba e o soul se tornarem amigões. Não, mais que isso: brothers.

Ah, durante um bom tempo, a FNAC levou muitos dos meus reais de jovem profissional de comunicação.

A faixa que mais ouvi neste disco
A música que dá nome ao disco continua sendo a minha favorita. "Maria Fumaça" é um luxo só! Maluco, é um dos sons mais poderos da música brasileira.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Pô, nem tem...

Um pedacinho do disco:


terça-feira, 5 de outubro de 2010

#008 Legião Urbana, "Que país é esse 1978/1987"

De volta à adolescência nos anos 80, pergunto: quem não cantou “Faroeste Caboclo” inteira, apesar da letra complicada e de seus 9 minutos de duração? Pois isso resume o impacto que o disco teve nos jovens daquela época. Disco com 9 faixas, sendo 7 delas da antiga banda Aborto Elétrico (que originou o Legião e o Capital Inicial). O estilo das músicas tende mais para o punk, e por isso mesmo é um disco um tanto diferente dos anteriores do Legião.

Abrindo com a emblemática “Que país é esse?”, que até hoje é cantada por várias bandas (inclusive o Paralamas do Sucesso, que gosta de momentos politizados em seus shows), o disco segue num fôlego só até a 6ª faixa, “Eu sei”, uma das minhas baladas prediletas do Legião. Essa música inclusive ganhou uma bela versão do Pato Fu (embora eu não seja muito fã da voz da Fernanda Takai). Logo depois, a ópera MPB-rock “Faroeste Caboclo”, contando as desventuras de João de Santo Cristo, sua amada Maria Lúcia e seu algoz Jeremias, escrita em 1979 por Renato Russo com 159 versos e nenhum refrão. Do álbum para as rádios, das rádios para as rodinhas de violão: todo mundo na época sabia cantar a letra toda (impressionante!). Não sei como ainda não virou filme. Na verdade, não ainda :D. Logo depois, outra baladinha que eu gosto: “Angra dos Reis”, que eu associo diretamente aos meus primeiros mergulhos de apnéia, antes mesmo da minha primeira certificação.

A faixa que mais ouvi neste disco
Alguma dúvida de que foi “Faroeste Caboclo”? Mas também ouvi muito “Química”, algo bem típico dos estudantes da época e que foi gravada anteriormente pelos Paralamas, no seu disco de estréia (Cinema Mudo)

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Foi na turnê desse álbum que rolou uma tragédia no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, onde fãs exaltados começaram tumulto, trocaram ofensas com a banda e atiraram bombas de fabricação caseira no palco, resultando no fim prematuro do show e em centenas de feridos. Desde então o Legião nunca mais fez shows em Brasília, e seus trabalhos ficaram mais introspectivos

Um pedacinho do disco:

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

#007 Seu Jorge, "América Brasil"

Do bug do milênio para cá, poucos cantores brasileiros surgiram na cena musical com o impacto de Jorge Mário da Silva, mas conhecido como Seu Jorge. Depois que saiu da banda Farofa Carioca, o sujeito começou uma sólida carreira solo e ainda se aventurou pelo cinema com muita propriedade. Mandou bem como Mané Galinha, de "Cidade de Deus", e filmou até com Bill Murray, em "A Vida Secreta de Stevie Zissou", mas é na música que garantiu o seu lugar ao sol.

Eu já tinha o DVD gravado em Montreux, mas "América Brasil" foi o primeiro disco do Seu Jorge que comprei. Tava de bobeira nas Americanas, achei baratinho e decidi ouvir melhor o disco do cara que bombava nas FMs com "Burguesinha" e "Mina do Condomínio". Pois é um CD brasileiraço, com influências da nossa música negra (leia-se Tim Maia, Jorge Ben e Banda Black Rio) e muito balanço. Um ponto bem positivo é a voz inconfundível. Tu ouve e saca na hora: é Seu Jorge.


A faixa que mais ouvi neste disco
Fui na aba das FMs e ouvi "Burguesinha" à vera. Também gosto de "Mariana", mas aí porque lembra de alguém muito especial.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
O CD é razoavelmente novo na minha prateleira. Ainda não rendeu nenhuma peripécia. Foi mal!

Um pedacinho do disco:







domingo, 3 de outubro de 2010

#006 Weezer, "Weezer" (ou "Blue Album")

Comprei o "Blue Album" por indicação do Dudu, amigo e blogueiro do "Cinéfilo, Eu?". Após um dia de aula na faculdade, a gente parou no saudoso Feirão do CD, na Avenida das Américas. A loja era um tipo de ponta de estoque das gravadoras, que mandavam para lá toda a sua tranqueira encalhada. Garimpando aqui e ali, a gente sempre encontrava algo interessante por um precinho genial. Neste dia, eu já tinha escolhido um álbum da Joan Osbourne, mas, após insistência, comprei a bolachinha do Weezer.

Eu não conhecia a banda e a capa feiosa (os quatro sujeitos barbeados, limpos e com jeitão de nerds) não inspirava confiança. Pois o disco era indie rock até o talo. Guitarras poderosas, músicas fortes e levada autoral. "Buddy Holly", a faixa mais bem-sucedida do disco, é muito legal e teve um clipe igualmente divertido, dirigido pelo Spike Jonze ("Quero Ser John Malkovich").

Nos álbuns seguintes, o Weezer conquistou certa notoriedade, mas manteve um jeito nerd de ser e continuou sendo muito querida pelos alternativos.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Undone – The Sweater Song" é uma música esquisitona. Começa com uma conversa nada a ver abafada e segue por versos curtinhos e uma guitarra rugindo. Tem uns "uh-uhs", "yeah-yeahs" e um encerramento com piano após cinco minutos bem estranhos, na verdade. Teria tudo para dar errado, mas a pegada legitimamente rock me conquistou.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
O Feirão do CD, paraíso dos CDs vagabundos e baratinhos, virou uma igreja evangélica. Atualmente, a graça é futucar as prateleiras lotadas das Lojas Americanas.


Um pedacinho do disco:

sábado, 2 de outubro de 2010

#005 Beatles, "Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band"

Não sou tão velho assim: definitivamente não é um disco da minha época. Mas como todo sortudo que tem um irmão mais velho que se amarra em música, fui apresentado a essa preciosidade ainda na pré-adolescência. Posso dizer que muito do meu gosto musical no que diz respeito a bandas dos anos 70 se deve a ele, especialmente Beatles e Police. Lançado em 1967, é considerado um dos discos mais geniais do quarteto de Liverpool, e também um dos grandes trabalhos do produtor George Martin, considerado por muitos o quinto beatle por conta da sua influência decisiva em determinados arranjos da banda.

Feito justamente na época que os Beatles estavam de saco cheio da histeria dos fãs nos shows, foi o primeiro disco da fase estúdio da banda. A idéia: fazer um disco com arranjos elaborados (com apoio de orquestra inclusive), se fazendo passar pela banda fictícia que dá título ao disco. Com isso, logo de cara temos uma música apresentando os Sgt Peppers (que depois é reprisada no final do disco), e depois uma sucessão de preciosidades, boas pra se ouvir na ordem original (logo eu dizendo isso, um fã confesso do caos desencadeado pela tecla shuffle). Dignas de nota, temos “With a little help from my friends”, que foi o tema escolhido por um amigo meu em seu casamento para a entrada dos padrinhos (perfeito!), a viajante e viciante “Lucy in the Sky with Diamonds”, a simpática “When I’m 64 (usada num comercial do Itaú há alguns anos) e a arrebatadora “A day in the life”.

A faixa que mais ouvi neste disco

Dizer que eu considero o disco inteiro uma obra completa e ouço tudo é um exagero? Ok, não vou protelar essa: as que mais ouvi com certeza foram “With a little help from my friends”, a baladinha “She’s leaving home”, a circense “Being for the benefit of Mr. Kite” e “A day in the life”.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade

Eu viciei de verdade nesse disco numa viagem pra Araxá (MG), especialmente numa tarde chuvosa em que eu não tinha o que fazer no hotel. Fiquei no meu quarto ouvindo a fita que eu gravei com o disco (bendito auto-reverse!) e li de uma tacada só o livro “O caso dos dez negrinhos”, de Agatha Christie. Tanto que sempre que ouço “Fixing a hole” me lembro do finalzinho do livro, pois era a música que estava tocando quando li a revelação final da história.

Um pedacinho do disco:



sexta-feira, 1 de outubro de 2010

#004 R.E.M., "Automatic for the People"

"Automatic for the People" é um dos discos mais companheiros que já tive. Eu o conheci tardiamente, em uma tarde de trabalho no começo dos anos 2000. "Vou colocar um sonzinho para embalar o nosso dia", disse o amigo Dudu, do Cinéfio, Eu?. O tal "sonzinho" era o CD do R.E.M. lançado lá no distante 1992 e foi amor à queima-roupa. Pouco tempo depois, comprei na inauguração da FNAC do Barrashopping, no Rio.

Melodioso, elegante, melancólico, gentil, acolhedor, triste, sensível, sensual... sei lá. Mil adjetivos generosos podem ser carimbados no CD logo na primeira faixa, "Drive". E "Everybody Hurts" é tão bonita que chega a dar raiva. São por canções como essa que eu reforço minha crença em Deus. Só mesmo algo muito superior pode inspirar um artista a conceber uma música assim. Até o clipe é irado, rapaz!

E no repertório de "Automatic", você ainda encontra "Man on the Moon" (composta em homenagem ao comediante Andy Kaufman), "Sweetness Follows" e outros tesourinhos.

Gosto pra cacete deste álbum! Uma chefa muito querida me perguntou sobre esse disco. Eu respondi que seria um dos cinco CDs que eu levaria para uma ilha deserta. Ela perguntou quais seriam os outros quatro. Não lembrei logo de cara.

A faixa que mais ouvi neste disco
Tem "Try not to Breathe", "Nightswimming" e tals, mas nada se compara a "Everybody Hurts". Obra de arte, mané! Passa nas Americanas e compra por 15 dinheiros. Ainda está no catálogo e vale cada centavo.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Em um toco doloridíssimo, eu ouvia "Everybody Hurts" em modo repeat. Quase me afoguei em minhas próprias lágrimas e no porre de uísque que tomei. Enquanto escrevia esse texto vagabundamente parcial, deixei a faixa em modo repeat de novo.


Um pedacinho do disco: