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sábado, 30 de abril de 2011

#215 The Jesus and Mary Chain, "Stoned and Dethroned"


Estava passando por uma transição difícil na vida. A gente sempre sai da escola achando que escolheu a carreira ideal, até chegar na faculdade e perceber que meros 18 anos de vida não são bagagem suficiente para decidir adequadamente o rumo dos próximos 36. Eis o dilema: insistir no erro ou deixar o ego de lado, assumir o erro de curso e corrigir, antes que seja tarde? Aposto que muita gente já passou por isso. Uma vez resolvida essa questão, um mar de esperança e possibilidades pela frente. E por que tanto blablablá pra falar de um disco? Porque esse quase acústico do Jesus and Mary Chain foi trilha sonora importantíssima dessa virada.


Durante a turbulência, estava meio que fechado a novos discos e novas bandas. Pra ser mais exato, eu acho que só ouvia o Trompe le Monde nessa época. :) Uma vez resolvida a questão, levantei a cabeça e segui adiante: novos rumos, novos amigos, e claro, novas músicas. O Jesus estava na minha mira, já que esse disco era ansiosamente aguardado por público e crítica. Eu já os conhecia do ótimo Psychocandy, mas não tinha a menor idéia do que poderia vir pela frente. No final das contas, foi melhor do que a encomenda. "Stoned and Dethroned" é um disco com melodias mais tranquilas, embora algumas letras sejam bem melancólicas. Exatamente por isso, o escutei bastante por vários anos, e ficou marcado na minha cabeça como a trilha sonora dessa virada importante da minha vida

A música que mais ouvi neste disco
"'Till it shines"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Essa "till it shines" aos pouquinhos se tornou uma das minhas músicas prediletas (tipo Top 10 ever, mesmo). E não está relacionada especificamente a uma pessoa, lugar ou momento. Me traz a leve sensação de que tudo um dia vai dar certo, uma esperança às vezes intangível. Por isso de tempos em tempos a escuto

Um pedacinho do disco:


sexta-feira, 29 de abril de 2011

#214 Caetano Veloso, "Prenda Minha"

Tenho a impressão de que, antes de "Prenda Minha, Caetano Veloso era pop, mas não era popular. Explico: a quase onipresença de Caê na MPB é inquestionável. Como compositor, poeta, cantor e pitaqueiro, o baiano nunca esteve fora da cena musical e política. No entanto, faltava um disco que o colocasse naquelas listas dos 10 mais vendidos, nas FMs O Dia da vida e no cotidiano das pessoas mais simples. Eis que o citado álbum, lançado em 1999, cumpriu este papel. Sim, cumpre tão bem que comprei o meu exemplar em um camelô, no Centro do Rio. Achei surpreendente comprar uma bolachinha do filho da Dona Canô em uma barraquinha cheia de pagodes e funks.

"Prenda Minha", registro ao vivo que veio na sequência do disco "Livro", ganhou o coração do brasileiro menos erudito graças à fofa "Sozinho", obra de autoria do quase-brega Penina, clone do Chuck Norris. "Sozinho" tocou em tudo que é lugar (rádio, TV, MTV, festa agropecuária, casamento, batizado e o escambau) e Caetano vendeu discos como nunca antes.

No repertório, "Sozinho" não estava sozinha (com o perdão do trocadilho escroto). Entre as 18 faixas, você encontrava "Odara", "Luz de Tieta", "Terra", "Meditação", "Esse Cara", "Drão" e por aí vai. No melhor modelo tropicalista, Caê mistura tudo e, mesmo assim, faz um disco coeso.

A faixa que mais ouvi neste disco
Não foi "Sozinho", foi "Terra", escrita por Caetano durante a sua prisão, segundo ele conta no livro "Verdade Tropical".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Comecei a ler "Verdade Tropical", mas nunca terminei. Achei chaaatinho...
Durante o disco, Caetano cita trechos de "Verdade Tropical". Jabá criativo!

Um pedacinho do disco

quinta-feira, 28 de abril de 2011

#213 Rita Lee, "Bossa 'n Roll"


Esse disco pra mim é tão óbvio que eu jurava que o Surfista já tinha falado a respeito (ou então eu mesmo, sei lá). Até porque já são mais de 200 discos, não dá pra lembrar de todos de cabeça. Lançado no finzinho da minha adolescência, esse trabalho da Rita Lee foi de um sucesso estupendo. Assim como o Kid Abelha (com o 'Meio Desligado', explanado aqui), foi um dos raros trabalhos acústicos antes da MTV lançar seu bem sucedido requentador de artistas da MPB.


O disco faz um apanhado geral da carreira de Rita Lee com seu marido Roberto de Carvalho, e aí a gente tem noção da quantidade de música boa que eles fizeram. Tanto que esse era mais um CD presente em 9 entre 10 churrascos, reuniões e festinhas da época. Não sei se por influência das trilhas sonoras de novelas ou se culpa das rádios, mas ouvir esse CD sempre me trouxe lembranças diversas da infância / adolescência.

Além de sucessos como "Doce vampiro", "Baila comigo", "Ovelha negra" e "Lança perfume", ela faz também 3 covers interessantes: "Every breath you take" (Police), "The fool on the hill" (Beatles) e "It's only rock and roll" (Rolling Stones)

A música que mais ouvi neste disco
Acho que foi "Jardins da Babilônia" ou "Ovelha negra", não tenho certeza

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Uns 2 anos depois do lançamento desse disco, a música "Ovelha negra" fez parte da trilha sonora de uma novela da Globo (não sei exatamente qual), e era música-tema de uma personagem que fazia o estilo maluquinha-alternativa-gótica (essas coisas bem rotuladas de personagem global). Na época eu estava saindo com uma menina mais ou menos assim, e ela JURAVA que eu só estava saindo com ela por ser apaixonado pela personagem. E eu nem via novela...

Um pedacinho do disco:
na falta de um vídeo do Bossa 'n Roll, segue a versão do Acústico MTV (gravado 10 anos depois)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

#212, Body Count, "Body Count"

Já comentei aqui sobre as minhas visitas à encantadora capital mineira. Pois, foi em Belo Horizonte que conheci o som do Body Count, graças a um primo de sei-lá-que-grau. Ouvi e adorei!

Neste CD, o politicamente correto passa longe. "Body Count" é casca-grossa desde a capa, com o negão parrudo e armado. Nas letras, Ice-T e sua gangue detonam polícia, racistas e a sociedade americana com doses cavalares de palavrões. A parte musical é fenomenal também. Os vocais são ótimos e a parte instrumental são um porradaria só.

Sinceramente, tenho dúvidas se o Body Count foi o pioneiro do gangsta-rap, mas estou certo de que eles foram os responsáveis pela popularização deste estilo. Caso você não esteja familiarizado com este termo ou tenha morado na Groelândia nos últimos 20 anos, gangsta-rap é o rap com letras focadas em situações e temáticas violentas, como assassinatos, brigas de gangues, confrontos com a polícia e outros assuntos tenros e delicados. Ouso dizer que seria um equivalente made in USA do nosso querido "proibidão".

Ah, além das músicas, outra parada sensacional de "Body Count" são inserções de diálogos no melhor modelo Quentin Tarantino. O disco abre com o encontro entre Ice-T e dois policiais preguiçosos em um dia de chuva. Impagável!

A faixa que mais ouvi neste disco
Com refrão grudento e riff de guitarras cavernoso, "Body Count's in the House" é de arrepiar. Ao fundo, sons de uma perseguição de carros. Ah, "KKK Bitch" também é irada!

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Somente ao escrever este texto, eu descobri que "Body Count's in the House" fez parte da trilha sonora de "Soldado Universal", um dos melhores filmes do Van Damme. O melhor é "Grande Dragão Branco", sem sombra de dúvida.
Veja que ironia do destino. Ice-T sempre foi um crítico feroz da polícia americana. Hoje ele interpreta um policial no seriado "Law & Order: SVU"
Aliás, Ice-T também desenvolveu uma carreira razoável no cinema, mesmo que o papel quase sempre fosse de algum negão do gueto.

Um pedacinho do disco

terça-feira, 26 de abril de 2011

#211 Barão Vermelho, "Álbum"


Se você não morou anos numa ilha do Pacífico, sabe muito bem o sucesso arrebatador que fez o Barão Vermelho por muitos anos. A banda perdeu um vocalista icônico, e mesmo assim pôs o guitarrista pra cantar e segurou a peteca. Por essas e outras, que eu curto pacas o som do Barão. E quando anunciaram que lançariam um disco de "homenagens", fiquei ansioso.


Da promessa às lojas, estava lá o "Álbum" à venda. Puxando os consumidores, uma versão bem divertida de um sucesso do Bezerra da Silva tocando em tudo quanto era rádio (sem falar na MTV, que na época ditava tendências musicais também). Comprei o CD e pus pra tocar. De cara, ouvi logo as 3 mais famosas: "Malandragem dá um tempo" (do Bezerra), "Jardins da Babilônia" (da Rita Lee) e "Amor, meu grande amor" (da Ângela Ro Ro). Todas excelentes.

Eis que fui numa festinha, levei o CD e esqueci na casa do meu amigo. Enrola de lá, enrola de cá, fiquei MESES sem ouvi-lo (isso porque eu o via quase todo dia, já que ele era o proa do meu dois sem). Depois desse tempão, peguei o CD de volta e resolvi escutar música a música. Confesso que era melhor eu ter ficado com a experiência anterior, pois eu achei o CD irregular pra caramba. Das outras, ainda se salvam "Perdidos na Selva" (Gang 90 e as Absurdetes) e "Vem quente que eu estou fervendo" (Erasmo Carlos). E só.

A música que mais ouvi neste disco
"Amor, meu grande amor"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
As músicas foram escolhidas por fazerem parte da infância dos integrantes da banda. E esse foi um dos primeiros discos de uma moda passageira: faixa multimídia. Se você colocasse o disco num CD-ROM, encontraria alguma surpresinha em anexo. No caso desse aqui, entrevistas com integrantes da banda falando da gravação do disco.

Um pedacinho do disco:


segunda-feira, 25 de abril de 2011

#210 Nirvana, "In Utero"

Na primeira metade dos anos 1990, frequentei muito Belo Horizonte. Meus pais cismaram com a capital mineira e passamos diversos feriadões por lá. A gente passeava pela Pampulha, comia muito pão de queijo, visitava alguns parentes mais distantes e flanava pela avenida Afonso Pena. Numa dessas aventuras, voltei para casa com "In Utero", do Nirvana, na bagagem.

Naquele tempo, o Nirvana já tinha enfiado ao seu All-Star mulambento na elite do rock mundial. Depois do lendário "Nevermind", público e crítica estava subindo pelas paredes, aguardando a próxima presepada musical de Kurt Cobain. "In Utero" chegou às lojas e aos CD-players dos moleques de camisa de flanela em 1993. Em suas 13 faixas, rock de garagem sujo, corrosivo e visceral. De cara, gostei de "Heart-Shaped Box" e de "Rape Me, ambas esquisitas e agressivas, mas furiosamente encantadoras. Aliás, a poesia de Cobain estava ainda mais sombria. Versos como "I wish I could eat your cancer when you turn black" não eram casos isolados. Kurt já estava dodói das ideias e a gente achava que era tipo.

Na escola, "In Utero" não teve o mesmo impacto de "Nevermind". Era um disco mais denso, mais profundo. Enfim, era muito hardcore para a gurizada. No mais, a gente tinha opção de sobra. Era uma época em que pipocavam nas lojas bandas como Soundgarden, Alice in Chains, Faith no More e até as "farofices" do Guns'n'Roses. Bons tempos...

A faixa que mais ouvi neste disco
Foi a primeira a me chamar a atenção e foi a que durou mais: "Heart-Shaped Box".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Certa vez, fui a um show da Leela, da minha amiga Bianca, e "Rape Me" entrou no setlist. Nos lábios da vocalista, a música passou do autodestrutivo para o sensual em um estalar de dedos.
É incrível como lembro do lançamento de "Heart-Shape Box". A MTV anunciava data e hora para a exibição do clipe. Conheço gente que gravou. Tempos pré-históricos, quando o YouTube era um sonho distante.
Posso fazer uma confissão? "In Utero" nunca me agradou tanto.

Um pedacinho do disco

domingo, 24 de abril de 2011

#209 Marisa Monte, "Barulhinho bom"


Marisa Monte, após seu álbum de estréia, virou a grande diva da MPB na época. Só se falava nela. Seus shows eram mega disputados. Seus discos, sempre entre os mais vendidos. Eu na época ignorava solenemente a MPB, nada sabia disso. Eis que ela lança esse quarto disco, depois daquele de capa rosa (Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão, thanks Google!), e logo um duplo. O primeiro disco, ao vivo, registrou várias homenagens de Marisa a outros intérpretes. O segundo (estúdio) com músicas de colaboradores de praxe (principalmente Carlinhos Brown)


Mais uma vez, passei batido. Mas se você não vai até um CD foda, o CD foda vem até você. Dado o sucesso na época, praticamente TODO MUNDO tinha esse disco! Em todo churrasco tinha alguém com ele, e o "ao vivo" sempre rolava em algum momento da farra. Fui aos poucos sendo aculturado por esse CD, até que fiquei viciado. Mais precisamente no "ao vivo", pois o de estúdio na época não era tão badalado entre meus amigos. E graças a esse CD que eu vim ter contato pela primeira vez com artistas que eu viria a adorar no futuro, entre eles: Mutantes (por "Panis et Circensis"), Novos Baianos ("A menina dança") e Gonzagão ("Xote das meninas")

A música que mais ouvi neste disco
"Segue o Seco", de Carlinhos Brown (especialmente composta pra ela)

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Na época que eu viciei no disco, conheci uma menina que cantava todo santo dia a música "Panis et Circensis". Foi uma paixonite rápida, que ficou totalmente platônica, mas sempre que eu ouço essa música me lembro dela

Um pedacinho do disco:


sábado, 23 de abril de 2011

#208, Fatboy Slim, "You've Come a Long Way, Baby"

Há 13 anos, a música eletrônica estava fora do circuitão. Raves ainda não eram populares como são hoje e o então techno ainda tinha o frescor de uma novidade. Nesta época, o Prodigy uniu a ferocidade do punk com ingredientes eletrônicos. Na mesma onda, Daft Punk e Chemical Brothers trouxeram a sofisticação ao recém-chegado estilo. Mas foi o DJ Norman Cook que me apresentou para valer à este ritmo. Só que eu não o conheci com este nome. Para mim e para muito mais gente, ele era FatBoy Slim.

Em 1998, o refrão de "The Rockafeller Skank" ecoou nas rádios, na MTV, nas pistas da playboyzada, nas vitrolas e no cinema. E o pior é que o som era muito bom. "Right about now, the funky soul brother. Check it out now, the funky soul brother" bombava irresistivelmente. Com este cartão de visitas, o disco "You've Come a Long Way, Baby", que reservava outras músicas bem legais. Quer um exemplo? "Praise You" era dançante, divertida e tinha um clipe sensacional. "Gangster Tripping" entrou na trilha sonora do lisérgico "Vamos Nessa" ("Go"). E ainda tinha "Right Here, Right Now" e "Kalifornia", que também eram bem maneiras.

A faixa que mais ouvi neste disco
Como assim? "Rockafeller Skank" sem medo de ser feliz.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"You've Come a Long Way, Baby" animou bastante meu último ano da faculdade. Festinhas, churrascos e as últimas chopadas foram embaladas pelo batidão do FatBoy Slim.
Norman Cook já deu as caras muitas vezes por terras brasileiras. Já tocou no carnaval da Bahia e, em 2011, participou de um festival de música eletrônica em plena folia carioca.

Um pedacinho do disco

sexta-feira, 22 de abril de 2011

#207 Spy vs Spy, "A.O. Mod. TV Vers"


Os Spies são uma das bandas menos badaladas do mundo do rock australiano, mas altamente veneradas pela galera brazuca do surfe. Suas músicas povoaram vários programas do esporte nos anos 80 e eram figurinha fácil na finada (e muy querida) Rádio Fluminense FM.


Os conheci através de um amigo músico (a mesma santa alma que me apresentou Midnight Oil, Hoodoo Gurus, R.E.M., Pixies, entre outros), e de cara fiquei enlouquecido pela música "All Over the World", do primeiro disco Harry's Reasons. Na boa, basta escutar os primeiros acordes pra eu me imaginar na praia (isso quando já não estou lá). Meu impulso natural: comprar o CD (ah anos 90, como eu gastei dinheiro com esses disquinhos prateados...). Fui na Americanas, e o atendente nem sabia do que se tratava. Fui na Gabriela Discos (finada loja de música que eu frequentava no 2º piso do Rio Sul), e nada. Gramophone: nadinha. Modern Sound: estava em falta, mas o preço era astronômico para meu bolso universitário. Fui então na Spider pra alugar um e gravar uma fita.

Chegando na Spider, e o disco estava alugado. Antes que eu me desesperasse, o dono da loja me indicou esse disco e falou que eu fatalmente ia gostar muito mais. Dito e feito: que disco fabuloso! Por um tempo, eu achava que os Spies eram superiores ao Hoodoo Gurus (mas perdiam para os Oils). Mas uma coisa me intrigou: o disco tinha 5 músicas fabulosas (a saber: "Don't Tear It Down", "Credit Cards", "Mission Man", "Snowblind" e "Use your Head"), mas as outras eu achei bem fracas. Tanto que só gravei essas 5 e devolvi o CD

A música que mais ouvi neste disco
"Use your head", especialmente entre 2003 e 2007, quando eu remava canoa havaiana (não me pergunte o porquê, não sei dizer mesmo)

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Quando ouvi esse disco pela 1ª vez, "Mission Man" me soou muito familiar, mas não lembrava de onde. Forcei a memória e nisso um neurônio afetado pela amnésia alcoólica voltou à vida: numa festinha adolescente no início dos anos 90, estávamos eu e mais 2 amigos enchendo a cara e maldizendo nossa (falta de) sorte com as mulheres, quando tomamos conta do CD Player e colocamos uma fita que tinha essa música. Os 3 ficaram lá balbuciando a beleza da música, e por um momento esquecemos da nossa "missão".

Um pedacinho do disco:


quinta-feira, 21 de abril de 2011

#206 Coldplay, "Parachutes"

Não tenho nenhum história marcante com "Parachutes", mas poderia ter. O primeiro disco do Coldplay jamais embalou minhas fossas nem foi associado a qualquer musa. Nenhuma das faixas foi companheira de madrugadas insones. Jamais fiquei de porre com estra trilha sonora. Nadica! É uma pena, pois este CD é generoso para estas situações. Como diria a querida Maria, "é de molhar a calcinha".

Pois bem, "Parachutes" é um CD fora de série. Sofisticado, melódico, bem produzido, britanicamente blasé e altamente pop. Sem muito esforço, emplacou muitas das suas 10 faixas nos Top 10 da vida. "Don't Panic", "Yellow", "Trouble" e "Shiver" tocaram uma enormidade e, creio eu, viraram clássicos. Por outro lado, os detratores se armaram com as críticas de que o Coldplay era um clone-açucarado do Radiohead. Entre afagos e ataques, Chris Martin e seus blue caps mostraram que não entraram no Olimpo da música por acaso.

Eu, particularmente, acredito que o Codlplay é uma das raras bandas que mantém uma carreira coesa. De "Parachutes" ao recente "Viva La Vida", os discos seguem uma mesma linha musical. Todos têm alicerces em canções pops, mas que não abrem da criatividade e qualidade. Ponto para eles!


A faixa que mais ouvi neste disco
"Yellow" é de uma "fofice" comovente. Gosto muito de "Don't Panic" também.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Seguindo as lições do titio Bono, o Coldplay também é ativo politicamente. A banda já manifestou apoio às causas da Anistia Internacional, Oxfam e à campanha Make Trade Fair, dentre outras ações.
Curiosamente, o Coldplay ainda é considerado uma banda alternativa. Tenho cá minhas dúvidas.

Um pedacinho do disco

quarta-feira, 20 de abril de 2011

#205 Living Colour, "Time's Up"


Na grande explosão musical que rolou por aqui nos anos 90, em muito favorecida pela chegada da MTV à nossa programação, tomei conhecimento dessa banda novaiorquina por conta do clipe de "Type", música de trabalho deste que é o segundo disco da banda. Esbanjando suingue, o Living Colour trouxe um grande diferencial na cena hard rock: além de fazer uma boa mistura com outros ritmos (funk e jazz, principalmente), seus músicos tocam MUITO! A banda já começa pela iniciativa de Vernon Reid (único inglês do grupo), um monstro na guitarra. Ele, parte da cena jazz do centrão de Nova Iorque, recrutou então vários músicos para a banda na primeira metade dos anos 80, até achar a formação inicial com Corey Glover (vocal), Will Calhoun (batera) e Muzz Skillings (baixo)

Esse segundo disco pra mim tem a cara dos anos 90, tanto por causa dos clipes que fizeram bastante sucesso (em especial "Type", "Elvis is dead" e "Solace of you"), quanto por causa do show antológico que fizeram na edição de 1993 do Hollywood Rock. Eu já tinha o disco nessa época, já curtia o som dos caras, mas fiquei totalmente em êxtase na apresentação deles. No show, Doug Wimbish ocupa o lugar de Muzz no baixo e manda MUITO bem! Wimbish antes tocava com nada mais nada menos que os Rolling Stones, e esbanjou técnica e suingue no palco da Apoteose.

Um discaço de rock, obrigatório na coleção de qualquer um que goste do estilo!

A faixa que mais ouvi neste disco
"Solace of you", ensolarada, alegre, embalada pela ótima guitarra de Reid, e que um dia eu ainda vou verter para a batucada em ritmo de afoxé :D

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Este disco contou com várias participações especialíssimas em sua gravação: Queen Latifah e Little Richards nos vocais, Maceo Parker no sax (solo maneiríssimo de "Elvis is dead", que foi tocado aqui por Léo Gandelman a convite da banda), e Mick Jagger (ele mesmo) nos backing vocals

Um pedacinho do disco:

terça-feira, 19 de abril de 2011

#204 Los Hermanos, "Ventura"

Após o belíssimo "Bloco do Eu Sozinho", os cariocas do Los Hermanos se firmaram na primeira divisão da música brasileira e conquistaram multidões de fãs. Os caras viraram os queridinhos dos descolados, dos cultos, dos universitários e dos frequentadores do circuito Estação (rede de cinemas com filmes alternativos). Com canções elaboradas e letras sofisticadas, o quarteto barbudo abriu mão do popularesco, mas continuou fazendo sucesso. "Ventura" foi mais uma evidência de que Camelo, Amarante, Barba e Bruno Medina não estavam para brincadeira.

Sou muito fã de "Ventura". Seguindo a linha "poesia-cotidiana-simples", Camelo e Amarante continuavam afiadíssimos. Acho "O Vencedor" uma preciosidade, da mesma forma que "Tá Bom" é comovente. "Último Romance" é de uma honestidade cortante, com os versos "até quem me vê / lendo o jornal / na fila do pão / sabe que eu te encontrei". "Cara Estranho", o single de "Ventura, ganhou as rádios e a MTV transmitindo em sua poesia o sentimento de loser que há em cada pessoa. Sem galãs ou marombados, os caras do Los Hermanos se tornaram os porta-vozes de todos os tímidos que escrevem versinhos apaixonados no caderno da escola.

A faixa que mais ouvi neste disco
Canta comigo: "eu que já não quero mais ser um vencedor / levo a vida devagar pra não faltar amor". Sim, "O Vencedor" é de uma "fofice" ímpar.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Ventura" foi mais um disco que ganhei na época em que trabalhava com música. Por causa dele, eu entrevistei os Los Hermanos. Foi uma conversa especial, pois era um papo com meus antigos amigos de faculdade. Foi um compromisso profissional, mas teve um ar de reencontro e oportunidade para botar o papo em dia. Nunca mais conversei com eles.

Um pedacinho do disco

segunda-feira, 18 de abril de 2011

#203 The Strokes, "Angles"


Olha, vou dar uma pausa nos registros históricos para falar de um disco bem atual. Sim, esse é o disco do The Strokes que foi lançado ESSE ANO (2011). Eu poderia esperar mais algum tempo pra falar dele, mas eu simplesmente não consigo :D

O disco começou a ser gravado ano passado, cerca de 4 anos depois do último disco da banda até então (o ótimo "First impressions of Earth" do qual eu falei aqui). Eu sinceramente nem estava esperando nada, achava de verdade que a banda tinha acabado por conta do quanto a mídia fala do Julian Casablancas em carreira solo. Eu que nem acho ele esse gênio todo (pra mim, ele é o Marcelo Camelo dos states, com todos os ônus e bônus) achei uma pena, e a vida seguiu.

Eis que eu estava há cerca de 1 mês deitado em casa num sábado preguiçoso, trocando de canal. Ao bater na VH1, escuto uma melodia que me prendeu no ato. É sério: deixei a revista que estava lendo na cabeceira e fiquei totalmente hipnotizado assistindo ao clipe e esperando os créditos para ver de quem era. Graças ao maravilhoso mundo da tecnologia, ativei o Sound Hound no meu celular e descobri que se tratava da música "Under cover of darkness", single de trabalho do disco, lançado em fevereiro mundo afora. Foi paixão à primeira audição, tal qual foi "You only live once" em 2006, "Postcards from Italy" (Beirut) em 2009, e por aí vai.

Graças ao mundo maravilhoso da tecnologia [2], baixei o CD inteiro e tenho ouvido repetidamente nas últimas 3 semanas. É MUI-TO BOM ! Acho que a única música fraquinha do disco é "Games", o resto todo vale a pena. Esse é o tipo do disco que eu faço questão de ter!

A faixa que mais ouvi neste disco
No início, "Under cover of darkness", agora to ouvindo bastante também "Taken for a fool"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Vocês acham que deu tempo de acontecer alguma presepada? Então lá vai uma curiosidade: o baterista da banda (Fabrizio Moretti) é carioca e tem um projeto paralelo com Rodrigo Amarante (do Los Hermanos) chamado Little Joy. Pra muita gente isso talvez seja óbvio por causa do hype em torno dos Looser Manos e do Little Joy, eu particularmente não sabia até pouco tempo.

Um pedacinho do disco:

domingo, 17 de abril de 2011

#202 Fagner, "Cartaz"

Quando eu era pequeno, um tio morou com a minha família. Ele era irmão da minha mãe e era garotão de 20 e poucos anos. Enquanto o meu pai trabalhava loucamente, o meu tio participava da minha educação. Ele me botava para estudar, me ensinou a dirigir aos 13 anos, tomava conta de mim na praia, me defendia nas brigas de colégio e me levava para comer pizza ao lado das suas várias namoradas. Dos seis aos dez anos, minha memória afetiva está ligada às presepadas meu tio. Uma das características curiosas do cara é que ele era fã de Raul Seixas e do Fagner. Ele tinha uma fitinha cassete de "Cartaz" que tocava irritantemente.

O cearense Raimundo Fagner é uma figura pitoresca na nossa MPB. Em sua carreira, ele tocou com o Gonzagão, gravou "Borbulhas de Amor", transitou entre o regional e a MPB, gravou um disco com Zeca Baleiro e se notabilizou por vibrar a voz e tremer a cabeça ao cantar os refrões. Entre o brega e o chique, ele escreveu o seu nome na história musical brasileira e muito se deve ao disco "Cartaz", aquele que meu tio tanto ouvia.

No repertório, Fagner gravou canções de compositores nordestinos que acaram se tornando grandes sucessos. Quais? "Revelação", "Fanatismo", "Guerreiro Menino", "Conflito", "Noturno" e "Eternas Ondas", esta última de um tal Zé Ramalho."Jura Secreta", poesia de Abel Silva, foi um dos seus maiores sucessos.

"O aço dos meus olhos / e o fel das minhas palavras / acalmaram o meu silêncio / mas deixaram suas marcas"...

A faixa que mais ouvi neste disco
"Noturno". Ainda faço coro com o Fagner no refrão: "aaaaaaaiiiii, coração alado / desfolhaarei meus olhos / neste escuro véu". Ah, "Jura Secreta" e "Fanatismo" (poesia de Florbela Espanca) são bacanas também.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Hoje em dia, meu tio é um cara bem-sucedido. Ele é casado e pais de três filhos. Na carteira, ele guarda as fotos dos seus pimpolhos, meu irmão e eu, quando éramos crianças.
De todos os artistas ditos bregas, Fagner é o meu favorito disparado! Na verdade, é páreo duro para o Sidney Magal e o Wando.
"Cartaz", a faixa-título, é tão estranha que chega a ser engraçada. Tem uma batida new-wave, com pitadas caribenhas, uma programação de teclados e uma bateria eletrônica muito mulamba.
Momento cultural! "Cartaz" é uma gíria nordestina. "Dar cartaz" é dar moral, encher a bola, valorizar.

Um pedacinho do disco

sábado, 16 de abril de 2011

#201 Alceu Valença, "Ao vivo em todos os sentidos"


Esse foi o primeiro registro em vídeo de um show do Alceu Valença a ser vendido (o DVD, no caso), e o 24º disco da carreira desse músico pernambucano que eu aprendi a gostar (e muito). Gravado num show realizado na Fundição Progresso em 2002, numa época em que eu ainda olhava torto para os grandes artistas da música nordestina. No máximo, curtia alguma coisa do Gilberto Gil e tive aquela fase micareteira que eu posso considerar como 'passeio musical pelo nordeste'.

Em relação ao Alceu, até então ele pra mim era o autor de algumas ótimas músicas (como "Anunciação", que eu vim a conhecer e gostar nesse mesmo 2002). Mas nada que me tirasse de casa pra ver um show. Passaram uns meses, e em 2003 Alceu volta ao Rio (ps: ele mora em Recife mas é figurinha fácil no Leblon. Às vezes acho que ele mora aqui e passeia lá :D), e faz um show para lançamento do CD e do DVD no Canecão.

No dia, eu tinha programado com a então namorada um passeio pela cidade pra aproveitar o dia ensolarado (mais precisamente, uma visita ao Pão de Açúcar, aproveitando a promoção Carioquinha). De noite uma amiga nos chama pra sair e fala do show, e eu meio que vou no embalo das duas. Não poderia ter sido mais oportuno: foi um showzaço! Alceu tocou o CD inteiro seguindo a ordem das músicas e esbanjou presença de palco e simpatia. Saí do Canecão totalmente fã do cara. Pouco tempo depois, comprei o CD e joguei pra dentro do meu MP3 player. De lá pra cá, sempre tem pelo menos 3 músicas desse disco no MP3 player.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Solidão", "Anunciação" e "Tomara", seguindo a sequência

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
"Anunciação" embalou momentos muito marcantes da minha vida desde esse fatídico 2002, e depois que ouvi o banga tocá-la pela primeira vez (e depois vir a tocá-la pela primeira vez num show), entrou para o rol das minhas Top5 of all times

Um pedacinho do disco:

sexta-feira, 15 de abril de 2011

#200 Bob Marley, "Legend"

Eis as 365 rotações chegam à sua 200ª edição...

Neste dia especial, escolhi um CD que está no inconsciente coletivo e que faz parte da minha e da sua história. "Legend", do cabuloso Bob Marley, é um desses discos que deu um bico nas fronteiras musicais e foi ouvido por estudantes, roqueiros, maconheiros, hippies, playboys, patricinhas, velhos, crianças, pagodeiros e por aí vai. "Legend" faz jus ao título e é realmente legendário.

Bom, o álbum, lançado na primeira metade dos anos 1990, é uma coletânea com as canções mais populares de Bob Marley. Entre as 14 memoráveis faixas, você pode se deliciar com "No Woman No Cry", "Is This Love", "Redemption Song", "Three Little Birds", "One Love", "Buffalo Soldier", "Could You Be Loved", "I Shot the Sheriff", "Waiting in Vain", "Stir it Up", "Satisfy my Soul", "Get Up Stand Up", "Exodus" e "Jamming". Ufa! Fiz questão de copiar todas as faixas para você ter a noção que o repertório de "Legend" é a versão fonográfica da seleção brasileira de 1970. Só craque!

"Legend" surgiu na minha biografia no verão de 1993, se não me engano. Foi presente do meu irmão. Um dos poucos discos que meu irmão me deu em toda vida. Enfim, ouvi este CD até incomodar. Bob Marley se adequou a vários momentos especiais. Ele me acompanhou no 2º grau, animou festinhas da faculdade, embalou viagens para Cabo Frio e Búzios, me acalmou em engarrafamentos na Lagoa-Barra e sei que estará presente em muitos outros capítulos. É um clássico na mais plena concepção da palavra.

A faixa que mais ouvi neste disco
Cante comigo, "don't worry, about the thing. 'Cause every little thing is gonna be alright". O otimismo e a felicidade de "Three Little Birds" é de arrepiar.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Passei o verão de 1997 em Cabo Frio. Naquela época, não tinha iPod, então só nos restavam quatro ou cinco discos, entre eles "Legend", é claro. Conseguimos capturar algumas vizinhas para o apartamento e tacamos o Bob na vitrola. Lá pelas tantas, uma das mineiras ouviu e soltou essa: "ih, Bob Marley. Vocês tem um beque aí?". Eu mereço.

Um pedacinho do disco

quinta-feira, 14 de abril de 2011

#199 The Beatles, "The Beatles" (a.k.a. White Album)


Interessante que um dos discos mais cultuados da carreira dos Beatles seja justamente o início da discórdia entre eles. Lançado em 1968, o disco "The Beatles" (popularmente conhecido como "White Album", "Ábum Branco" e outras traduções) foi composto logo após a viagem que Paul, Lennon, Harrison e Starr fizeram à Índia. Na volta, muitas brigas entre os 4, culminando na saída de Starr da banda (ainda que por pouco tempo). Por conta disso, várias músicas contaram com Paul na batera. Por conta desse clima, a maior parte das músicas foram gravadas só com 1 beatle ou só parte da banda.

A primeira música que lembro ter ouvido desse disco foi "The continuing story of Bungalow Bill", que meu irmão ouvia bastante. Ele na época era fissurado nesse disco e tinha muito zelo com os 2 vinis que o compunham. Sendo assim, ficava eu lá ouvindo por tabela "Wild Honey Pie", "Rocky Racoon", "Martha my dear", "Dear Prudence", "Blackbird", entre outras. Esta última mais do que todas, por ser uma das que meu irmão gostava de tocar no violão.

Passaram-se os anos, meu irmão casou e se mudou (levando obviamente o disco com ele), e assim corri atrás da minha cópia, já em CD. Lembro que era MUITO CARO! Mas depois de algum tempo (e uns trocados juntados), comprei o CD duplo pra mim. Brigas à parte, é um disco OBRIGATÓRIO pra quem gosta minimamente de Beatles.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Blackbird" do primeiro disco e "Mother Nature's son" do segundo

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Diz-se por aí que a música "Martha my dear" é uma homenagem de Paul a sua cadela de mesmo nome, da raça Old English Sheepdog. Na verdade, Martha é o nome da musa imaginária (!) do artista, e por conta disso a cadela ganhou este nome.

Um pedacinho do disco:

quarta-feira, 13 de abril de 2011

#198 The Verve, "Urban Hymns"

Não sei explicar direito, mas "Urban Hymns" é absurdamente especial para mim. Pode ser porque marcou a reta final da minha faculdade. Talvez porque "Sonnet" me acompanhou em uma fossa colossal. Outra possibilidade é que "Bitter Sweet Symphony" tocou horrores na época. Ou simplesmente, porque "Urban Hymns" é um discaço.

Lançado em 1997, este trabalho do Verve é um clássico moderno do britpop. Mas acho que devo agradecer imensamente ao Oasis por ter descoberto esta banda. Graças ao sucesso dos Gallaghers, "Urban Hymns" chegou ao Brasil e arrebentou. O clipe de "Bitter Sweet Symphony", dos Beatles, era exibido a cada 15 minutos na MTV e o público queria mais. E deste CD ainda vieram as belas "Lucky Man", "Sonnet" e "Space and Time". Com rock mais sujo e corrosivo, o repertório tem "The Drugs Don't Work" e "The Rolling People". Olha dá para fazer um elogio a cada uma das 13 faixas do álbum. Mas vou poupar você desta rasgação de seda e paro por aqui.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Sonnet" é a minha favorita, mas ainda ouço muito "Bitter Sweet Symphony". Você pode até discordar, mas creio fortemente que esta é uma das melhores músicas lançadas nos anos 1990. O tesourinho deste CD.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
The Verve é uma das poucas bandas elogiadas pelos irmãos Gallagher, do Oasis.
"Urban Hymns" é um dos meus cinco discos favoritos.
Até onde sei, o Verve acabou e o esquisitíssimo Ricahrd Ashcroft tentou carreira solo. Nunca mais ouvi falar dele. Deve estar tocando em algum pub de Londres.

Um pedacinho do disco

terça-feira, 12 de abril de 2011

#197 Cidade Negra, "O Erê"


Chega o ano de 1996, e o Cidade Negra já era uma realidade no pop nacional. Depois de 2 discos fazendo um reggae mais roots, lançaram o "Sobre todas as coisas" (do qual falamos aqui) e arrebentam a boca do balão (sorry, gíria antiga mas pertinente :D). E aí muitos pensaram: E AGORA? Por isso, "O Erê" foi um disco muito aguardado. E foi um daqueles que eu estava ansioso para ter e ouvir, e fatalmente não esperaria de 3 a 6 meses pra comprar mais barato.

Dito e feito: comprei assim que saiu nas lojas (acho que nem esperei Amigo Oculto ou coisa parecida) e corri pra ouvir. De primeira, estranhei. De segunda, também. Aí parei pra pensar: será que eu queria um clone do disco anterior? Acho que esse é o erro de muita gente quando compra o segundo disco de uma banda quando o de estréia é arrebatador. E muita banda faz sempre o mesmo disco todo ano, vende pacas, mas acaba ficando estagnada. E foi quando me dei conta disso que comecei a curtir de verdade "O Erê".

O disco ao meu ver tem umas músicas mais tranquilas (embora o outro não seja lá agitado). É como se o outro fosse a trilha sonora da praia, e esse a do descanso pós praia. Além de algumas composições que são bem a cara do Cidade Negra (como "SOS Brasil", "Jah vai providenciar" e a faixa título), destaco também o ótimo cover de uma antiga do Jorge Ben ("Negro é lindo")

A faixa que mais ouvi neste disco
Apesar de eu adorar "O Erê", sem dúvida foi "Jah vai providenciar"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
A música "Jah vai providenciar" virou pra mim um verdadeiro mantra para os momentos difíceis e/ou de tristeza. Seja por causa de um pé na bunda, de um nó cego no trabalho ou da grana ficando curta no fim do mês, escuto essa música e respiro fundo. Principalmente esses versos:


"...Pessoa, não duvide que na vida tudo pode acontecer E o sol pode estar quente, de repente, trovejar e até chover Mas chuva lava a alma, tenha calma, vai acontecer Saiba esperar, não se negue a crer..."

Um pedacinho do disco:

segunda-feira, 11 de abril de 2011

#196 Teresa Cristina, "A Música de Paulinho da Viola"

Com o advento do pagode-power-ranger (aquele com cinco ou seis caras tocando músicas de corno), me afastei consideravelmente do samba. Aliás, nunca fui um grande seguidor do batuque carioca. Só que sou um fã de carteirinha do Zeca Pagodinho, Martinho da Vila e Paulinho da Viola. Dentre os citados, poucos conseguem ser tão elegantes quanto Paulinho da Viola. Talvez apenas o incomparável mangueirense Cartola, mas é briga de cachorro grande. Dentre a nova geração da MPB, a talentosa Teresa Cristina estreiou com um disco ousado: um tributo à obra do nobre portelense.

No Rio de Janeiro, a Lapa é um tipo de universidade do samba. Novos artistas surgem ou desaparecem nas vielas e bares do bairro. Teresa Cristina é criada, graduada, pós-graduada e mestra na Lapa. Com talento e sensibilidade, ela abraçou a obra de Paulinho como quem tem a certeza de que estava com a oportunidade da sua vida. Ao lado do fiel Grupo Semente (também originário do centro do Rio), Teresa cria no álbum duplo "A Música de Paulinho da Viola" uma homenagem à altura do mestre.

Teresa achou o ponto certo para ser uma versão de saias de Paulinho. Até vascaína ela é. O repertório também foi corretíssimo. Além das imortais "Meu Mundo É Hoje", "Pecado Capital", "Para Ver as Meninas", "Guardei Minha Viola", "Argumento" e "Coração Leviano", a cantora e sua banda resgataram chorinhos deliciosos como "Inesquecível". No fim das contas, vejo "A Música de Paulinho da Viola" como o encontro das criações de um ícone da nossa música com a sensibilidade de um talento real da MPB.

A faixa que mais ouvi neste disco
Adoro "Para Ver as Meninas", que ainda conta com a participação luxuosa do grupo Época de Ouro.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Um dia, entrevistei Teresa e tietei. Meu disco tem um autógrafo da moça que diz assim: "Douglas, que a música possa trazer à tona um pouco mais de paz e alegria. Um grande abraço. Teresa Cristina".
Teresa não gravou "Dança da Solidão". Segundo ela, Marisa Monte interpretou a versão definitiva desta canção.

Um pedacinho do disco

domingo, 10 de abril de 2011

#195 Rastapé, "Fale comigo"


O Rastapé é um dos precursores de um movimento musical que hoje chamam de forró universitário. Na virada para o século XXI, a banda foi formada em São Paulo pelos paraibanos Jorge do Acordeon e seus filhos Tico e Jorge Filho (com os paulistas Jair e Marquinhos completando a formação). Começaram fazendo sucesso nos bailes universitário, e com isso seu som mais roots (se comparado ao som cheio de teclados de bandas como Mastruz com Leite, Capim com Mel e afins) passou a ditar tendência para as outras bandas do circuito, instituindo o movimento musical.

Aqui no Rio, a cena forrozeira universitária era dominada pelo Falamansa (já falada aqui pelo Surfista). Eu por exemplo só conhecia o "Xote dos milagres" e "Rindo a toa", ambos do Falamansa. Até que estava eu assistindo a um programa da MTV chamado Fica comigo (apresentado pela Fernanda Linda, uma das poucas magrelas da TV que me tiram do sério), e um dos participantes dedica a menina com quem ia ficar a música "Um anjo do céu", do Maskavo Roots (banda de reggae lá de Brasília), só que em versão forró. Eu nunca tinha ouvido, e gostei DEMAIS da versão (sei lá, acho que em outra encarnação eu tocava acordeon, só pode!). Googleando daqui e dali, descobri que era do Rastapé. No entando, só fui ver CD deles à venda em Brasília, onde suas músicas eram figurinha fácil nas noites de forró.

O CD, que vem a ser o segundo gravado pela banda, é constituído só de composições próprias (com exceção de "Um anjo do céu"). Tem uma ou outra música mais acelerada, mas em sua maioria é composto por xotes lentinhos. Gosto muito desse CD, que morou muito tempo no meu carro. Aqui no Rio, no entanto, muita gente só conhece as 3 músicas que se sobressaíram dele: "Colo de menina", "Luau em Dunas" e "Beijo roubado".

A faixa que mais ouvi neste disco
"Luau em Dunas"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Mesmo ouvindo bastante esse CD, alguns do Falamansa, um outro do Rastapé do qual vou falar dia desses, além dos clássicos de Gonzagão e companhia, eu continuo não sabendo dançar forró... :/

Um pedacinho do disco:

sábado, 9 de abril de 2011

#194 Vários, "Superfantástico"

Já escrevi aqui sobre "Saturday Morning", um CD estadunidense dedicado a versões rock'n'roll de trilhas sonoras de desenhos e seriados infantis. A ideia era legalzinha, mas o resultado ficou um pouco distante da nossa realidade. Anos depois, alguns artistas brasileiros criaram a versão nacional deste disco. Em vez de desenhos animados, os músicos interpretaram canções infantis de séries e programas de TV.

Neste contexto, você encontra artistas bem populares recriando canções que estão nos seus perfis ou que fizeram parte das suas respectivas infâncias. Por exemplo, os Los Hermanos reencontraram a fofa "Hollywood", trilha sonora do antológico "Saltimbancos Trapalhões"(na minha opinião, o melhor filme de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias). A extinta banda Penélope se junta a Arnaldo Antunes e recria a mítica "Superfantástico". Já as pimpolhas da Baby Consuelo, vulgarmente conhecidas como Sara Sheeva, Nana Shara e Zabelê, (ou, simplesmente, SNZ) interpretam "Lindo Balão Azul". Para a minha surpresa, Kelly Key está convicente em sua versão da clássica "Doce Mel", da Xuxa. E você ainda encontra Jair Oliveira (aka Jairzinho) cantando "Xixi nas Estrelas", o Capital Inicial carregando rock'n'roll em "A Casa" e o Biquini Cavadão repaginando "O Carimbador Maluco" ("plunct, plact, zum. Não vai a lugar nenhum", lembra?).

Na sequência "não-é-da-minha-época", Leoni canta "Sideral" (do "Capitão Aza"), o Titã Branco Mello ataca em Vigilante Rodoviário", Uns & Outros e Zélia Duncan resgatam os personagens da Vila Sésamo do limbo ("Funga Funga" e "Alegria da Vida"), Vinny ataca em "Hey Shazam", Frejat interpreta "Cinto de Inutilidades" (de um especial da Globo chamado "Globo Cor Especial") e o Pato Fu faz uma versão fofa de "O Relógio". Ufa!

Ok, ok, ficou legal, nostálgico e abrangente. Ouso dizer que ficou melhor que o "Saturday Morning".


A faixa que mais ouvi neste disco
"Doce Mel". Pô, Xuxa foi a minha babá durante muito tempo.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Nenhuma...

Um pedacinho do disco

sexta-feira, 8 de abril de 2011

#193 Franz Ferdinand, "You could have it so much better"


Descobri os escoceses do Franz Ferdinand graças a visita que o U2 fez ao Brasil em 2006. Infelizmente Bono & companhia não fizeram shows aqui no Rio nesse ano, mas a banda de abertura (como eu dizia na época, "esse tal de Franz") veio para o Rio e fez um show muito comentado no Circo Voador. Na época não dei bola, e não fui. Não por má vontade, e sim porque eu estava numa fase de ouvir sempre as mesmas coisas. Ok, isso por si só é uma tremenda má vontade... :)

De tanto que se falou sobre a banda, fiquei curioso em ouvir algo deles mas também não fiz muito esforço. Até que no casamento de um amigo tocou a música "Walk away", que eu gostei de cara. Ouvi mais duas músicas ("Do you want to" e "I'm your villain"), também excelentes. Nesse meio tempo, a banda confirmou mais um show no Rio, em setembro na Fundição Progresso. Mesmo conhecendo só três músicas, comprei e fui. Foi um showzaço !!! Um dos melhores que eu vi naquele ano!

No disco, eles não tem a mesma pegada que tem no palco, mas ainda assim fazem um som muito bom. Esse disco eu sempre recomendo pra quem gosta de rock e está querendo ouvir algo diferente dos clássicos.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Walk away", que eu inclusive me arrisco a cantar em karaokê

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
O nome da banda refere-se ao arquiduque Francisco Fernando (ouch!) do Império Austro-Húngaro, que foi assassinado em Sarajevo em junho de 1914 pelo extremista bósnio Gavrilo Princip, evento considerado o estopim para o início da Primeira Guerra Mundial

Um pedacinho do disco:

quinta-feira, 7 de abril de 2011

#192 Vinicius de Moraes, "Grabado en Buenos Aires"

Quando trabalhei escrevendo sobre música, tive a oportunidade de conhecer (e fuçar) uma cacetada de discos. Em um projeto sobre Vinicius de Moraes, encontrei um disco célebre e raro: "Vinicius de Moraes - Grabado en Buenos Aires".

Registrado (dãããããã...) na capital argentina, álbum foi gravado em estúdio, mas ao vivo. Como assim, Bial? Segundo o textinho do encarte, Vincius reuniu Toquinho, Maria Creuza, alguns músicos argentinos e vários litros de Johnnie Walker durante duas noites de folia e música. O resultado é uma festa musical com um clima de happy hour.

"Grabado en Buenos Aires" começa tirando onda. Na primeira faixa, Vinius e companhia sacaneam os hermanos cantando "A Taça do Mundo É Nossa". Ah, esqueci de mencionar que o projeto rolou em 1970, pouco tempo depois da conquista do tri pela seleção canarinho. No restante do disco, clássicos da bossa nova e da MPB, como "Eu Sei que Vou Te Amar", "Que Maravilha", "Irene", "Canto de Ossanha" e por aí vai. Vinicius canta, bebe e se diverte.

A faixa que mais ouvi neste disco
CD divertido de ponta a ponta. Gosto muito de "Irene" e "Que Maravilha"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Não tenho certeza, mas acho que este é um disco raro. Eu o achei em um promoção mandrake da extinta Gramophone e nunca mais.
Pelo que lembro, ele não constava na discografia oficial do Vinicius e quando desenvolvemos o site, este CD entrou por minha indicação. Foi a minha humilde contribuição ao belo site oficial do Poetinha.
Ah, pelo que recordo, a família do Vinicius detestava quando ele era chamado de "Poetinha".

Um pedacinho do disco

quarta-feira, 6 de abril de 2011

#191 Midnight Oil, "Earth and Sun and Moon"


Depois do sensacional "Blue sky mine", aguardava ansiosamente pelo novo trabalho do Midnight Oil, na primeira metade da década de 90. Era fissurado em surf music, e os Oils eram meus prediletos. Toca o primeiro single, "Truganini", e meus dedos coçaram pra pôr logo as mãos no disco.


Já com o CD em mãos, ouvi umas 4 vezes. Achei bem diferente dos anteriores. Nem melhor, nem pior, apenas diferente. Me parece um trabalho mais zen, depois de anos alternando rocks áridos e baladas reflexivas. Aussies cansando da estrada? Com certeza não! Na época do lançamento do disco, vieram pra cá para um show no Maracanãzinho que foi ESPETACULAR! Um dos melhores da minha vida! Claro, sou suspeito pacas pra falar deles... Mas foi um show muito elogiado na época :)

Além de Truganini, destaco também a animada "Renaissance man", a calma "Bushfire" e a ótima "In the valley"

A faixa que mais ouvi neste disco
Apesar de todo o sucesso de "Truganini", a que mais ouvi foi "In the valley"

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Truganini é o nome da última aborígene não miscigenada da Tasmânia e última a falar um idioma nativo da ilha. A letra da música, como sugere o nome no título, carrega todo o discurso político dos Oils em prol dos aborígenes australianos.

Um pedacinho do disco:


terça-feira, 5 de abril de 2011

#190 Coletânea, "Sem Fronteiras"

Em 1999, "Last Kiss" bombou nas rádios. A canção era fúnebre, triste, melancólica, deprê e o mais dark possível. Para você ter uma ideia, a letra conta o desespero de um garoto que perde a namorada em um acidente de carro. A menina morre em seus braços e em seu último suspiro pede que ele a abrace mais.

Brrrr... arrepio...

No entanto, com tudo para dar errado, deu certo. A melodia era deliciosa e tocou horrores no eixo Rio-São Paulo. "Last Kiss" não fazia parte do repertório de nenhum disco do Pearl Jam, mas aposto que ela alavancou as vendas do bem intencionado "Sem Fronteiras", lançado em benefício dos refugiados da guerra do Kosovo. Em 18 faixas, alguns pesos pesados do rock e do pop levantaram esta bandeira e colocaram seus gogós a serviço de um bem maior. Com músicas inéditas ou não, "Sem Fronteira" reuniu o já citado Pearl Jam, Alanis Morissette, Oasis, KORN, Jamiroquai, Neil Young, Rage Against the Machine, Bush, Black Sabbath, Wallflowers, Peter Gabriel, Ben Folds Five, Tori Amos, Sarah McLachlan e Indigo Girls. Pausa para respirar. Na versão brasileira, Mestre Ambrósio e Dread Lions entraram na brincadeira.

"Sem Fronteiras" tem o apelo humanitário e um repertório politicamente correto, sem graaaandes surpresas. Pela diversidade de artistas envolvidos, o repertório é muito plural, com voos sobre o rock pesado, acústicos, mela-cuecas, popzão clássico e por aí vai. Com tantas variações sonoras, não guardei uma memória especial sobre ele, mas valeu desenterrar este disco para escrever esta resenha.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Last Kiss", sem sombra de dúvida. "Go", do Indigo Girls é o tesourinho escondido lá no meio do CD.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Além de "Last Kiss", o Pearl Jam colocou outro mimo no repertório de "Sem Fronteiras". No clima pacifista do CD, Eddie Vedder e sua trupe regravaram "Soldier of Love", dos Beatles. Ficou muito legal!
Entre o final de 2010 e início de 2011, o nosso querido planetinha foi varridos por uma cacetada de guerras e catástrofes naturais. Muita gente morreu ou perdeu tudo que tinha. Acho que uma segunda edição do "Sem Fronteiras" seria oportuna.

Um pedacinho do disco

segunda-feira, 4 de abril de 2011

#189 Araketu, "Ao vivo"


Mais um disco da série confissões: sim, eu ouvi muito Araketu nessa vida :) Começou ainda nos anos 90, e se estendeu até o inicinho dos anos 2000. Lembro que a primeira música deles que estourou foi "Araketu é bom demais". Foi um dos sucessos do verão 1994 / 1995, mas não o suficiente pra me fazer comprar um disco deles.

Algum tempo depois, a banda fechou uma agenda de shows semanais com a boate Scala (de Chico Recarey, no Leblon). Era toda quinta-feira à noite, e tinha o singelo nome de "Ensaio do Ara Ketu". Eu e meus amigos íamos SEMPRE! Na época, tocavam algumas músicas próprias e os maiores sucessos do carnaval da Bahia (de Chiclete, Asa, Eva, etc). Em algumas noites, outros artistas da Bahia faziam participações especiais (e foi aí que conheci Ivete, aquela linda... :D). Os shows foram só até 1998 se não engano. Eu ao menos parei de frequentar, talveeeeeeez por ter começado a namorar uma menina um tanto ciumenta e que não gostava de axé (será que foi isso?) :D


No ano seguinte (1999), lançaram esse CD ao vivo, cujas músicas tocaram em tudo quanto é rádio (não só nas de pagode e afins). Comprei um pouco antes do carnaval, e em pouco tempo se tornou CD obrigatório no porta-luvas do meu carro. Ouvi tanto que até a namorada da época passou a gostar. Até hoje, quando escuto "Ô meu pai" e "Pipoca", me lembro do meu carnaval naquele ano em Arraial do Cabo, meu último na Região dos Lagos.

Esse CD marca uma transição: deixaram de ser uma banda de axé para ser uma banda de pagode. Me arrisquei a ir num show em 2001 e me arrependi.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Avisa a vizinha" é um clássico desde os primórdios do grupo, e por isso mesmo ouvi muito

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Um cara que trabalhava comigo cantava "Mal acostumado" o dia INTEIRO! No início enchia o saco, mas depois acabei viciando na música também.

Um pedacinho do disco:


domingo, 3 de abril de 2011

#188 Trilha Sonora, "Lola Rennt"

Não sei se você é assim ou se esse é um hábito comum, mas eu trabalho melhor quando estou ouvindo música. Às vezes, me concentro mais quando há um sonzinho rolando ao fundo do ambiente profissional. Alguns projetos são mais tensos e urgentes e envolvem um mergulho mais profundo. Neste caso, a trilha sonora de "Corra, Lola, Corra" se encaixa perfeitamente.

Assim como o filme (ótimo, por sinal), cada uma das 15 faixas do CD tem a urgência e a batida essenciais para deixar o cérebro a todo vapor. Com pegada eletrônica-urbana-europeia, "Corra, Lola, Corra" é frenético, dançante, vibrante e cheio de personalidade. Confessso que sou preconceituoso com música eletrônica.

Acho que (quase) tudo é trilha sonora de videogame. Mas, este álbum queima a minha língua. Cada faixa tem identidade e estilo. O único deslize do disco é que sete músicas se repetem com versões de outros DJs. Poderia ser evitado, mas não compromete. Enfim, "Corra, Lola, Corra" está entre as minhas trilhas sonoras preferidas.

A faixa que mais ouvi neste disco
Todas. Este CD é para apertar o "play" e deixar rolar.

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
A atriz Franka Potente (a própria Lola) cantou em algumas faixas do disco. O diretor Tom Tykwer escreveu a letra de "Wish".
Este álbum foi uma das minhas primeiras compras na FNAC do Rio. Foi bom, bonito e barato.
Você nunca viu "Corra, Lola, Corra"? Tsc, tsc, tsc... Herege!

Um pedacinho do disco

sábado, 2 de abril de 2011

#187 Trilha Sonora, "Forrest Gump"


Na década de 90, as telas do mundo inteiro foram invadidas pelo fenômeno Forrest Gump. Filme ganhador de vários Oscars, "Forrest Gump" conta a história de um menino americano de mesmo nome de QI muito baixo, mas que não o impediu de ser coadjuvante de vários momentos da história americana na segunda metade do século XX. Costumo dizer que é uma ode ao americano médio: bem sucedido e cheio da grana, apesar de ter um QI de ameba.

Uma das principais características do filme foi narrar cada trecho da história americana (e consequentemente da participação de Gump nela) embalado por grandes sucessos da época. Logo, é um verdadeiro compêndio do melhor da música nos anos 60, 70 e 80. Desde então, certas músicas que eu já conhecia me remetem na memória a momentos impactantes do filme. Sensação igual eu tive com pouquíssimos outros filmes (um deles foi o "Pulp Fiction", que o Surfista detalhou aqui há uns meses)

A trilha sonora tinha tanta saída na época que foi lançada que demorou muito até chegar num preço promocional: chegava nas lojas e acabava em pouco tempo. Outro fator encarecia: veio em CD duplo. Por isso, nem esperei muito pra comprá-lo. Apesar de vir com 32 músicas, algumas importantes ficaram de fora, como "People are strange" (The Doors) e "Hey Joe" (Jimi Hendrix). Mesmo assim, acho muito prazeroso colocar cada CD pra tocar e vir avançado na história música a música, desde "Hound dog" (Elvis Presley) até "Mrs. Robinson" no primeiro CD, e desde "Volunteers" (Jefferson Airplane) até a música tema do personagem, composta por Alan Silvestri no segundo CD.

A faixa que mais ouvi neste disco
"Fortunate son" - Creedence Clearwater Revival e "Turn, turn, turn" - The Byrds

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Já me identifiquei com Forrest Gump há um tempão. Não por ter QI baixo (pelo menos eu acho), mas por ter tido uma 'Jenny' na minha vida. A minha não morreu, mas seguiu o caminho dela.

Um pedacinho do disco:



sexta-feira, 1 de abril de 2011

#186 Vários, "O melhor do forró metal"

Sim, meus amigos, tem realmente DE TUDO no cancioneiro popular do Brasil! Numa das minhas andanças pela Feira de Tradições Nordestinas em São Cristóvão (vulgo "Feira dos Paraíbas"), encontrei um CD tributo ao heavy metal / hard rock, com versões de forró para os grandes clássicos do gênero.

A sonoridade do CD é um achado: efeitos de pedal nos acordeons, zabumbas eletrônicas e triângulos cheios de reverb temperam o instrumental onde grandes artistas da música nordestina fazem sua homenagem ao melhor do rock pesado mundial.

Gravado num estúdio valvulado com apenas 4 canais, o CD começa com Leílson e Seus Teclados fazendo um xote metalizado de "Light my fire", do The Doors. (Ah se Ray Manzarek visse isso!), na 3ª faixa, uma raríssima gravação do Gonzagão nos últimos dias de vida interpretando "Highway star", do Deep Purple, uma paixão secreta do músico. Na faixa 7, uma inspiradíssima versão hard forró core de "I love it loud" do KISS, interpretada por Domingu inhos caprichando no vozeirão. A única versão que não curti muito foi o Rendinha Preta fazendo xote para "Jump", do Van Halen. Acho que o vocal não ficou feminino o suficiente...

A faixa que mais ouvi neste disco
"Iron man"(do Sabbath) em versão baião, interpretado pelo Capim Melado

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
CAIU EM PRIMEIRO DE ABRIL !!!! :D