Hoje em dia, Marcelo D2 não é mais o pesadelo do pop. O cara faz parte do mainstream, faz shows lotados, é querido pela crítica e pode até sentar no sofá da Hebe. Porém, no final dos anos 1990, ele e seus comparsas do saudoso Planet Hemp eram "personas non gratas" para as autoridades. Além de shows cancelados, já foram até em cana. Com a bandeira da maconha levantada, era a banda brasileira mais subversiva do seu tempo.
Descobri o Planet Hemp no final do colégio e, obviamente, eles se tornaram figurinhas fáceis em churrascos da molecada que queria brincar de transgressão. Só que a polícia não achou graça da brincadeira e soltou os cachorros em cima dos caras. Cada show era uma batalha judicial e cada aparição na TV era uma nova polêmica. Segundo Frejat (do Barão Vermelho), os músicos do Planet Hemp foram os únicos artistas da nova geração que sentiram na pele o que é viver sob a mão pesada da repressão.
Em 2001, o Planet Hemp lançou o seu "MTV ao Vivo", com os seus maiores sucessos. Foi o último disco da banda e, talvez, o mais furioso. No registro ao vivo, D2 e BNegão estão sem freios. Cada música ficou ainda mais casca-grossa e a palavra "maconha" é repetida tantas vezes que o ouvinte fica chapado só de ouvir o CD. Com vocais acelerados e guitarras pesadas, o disco vai do rap ao hardcore, passando pelo funk metal e pela black music. É para queimar até a última ponta!
A música que mais ouvi neste disco
"Dig Dig Dig (Hempa)" pulando na sala. "Zerovinteum" também merece nota.
Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Mesmo com o samba da nota só (maconha, maconha, maconha...), o Planet Hemp foi panfletário e político. Com estilo bem similar, acho que eles são a versão nacional do Molotov e do Rage Against the Machine.
Em seu caráter didático, este álbum mostra quase todos os sinônimos para a palavra "maconha": erva, chalaça, beque, ganja, cannabis, baseado, marijuana, mary jane etc.
Comprei "Planet Hemp - MTV ao Vivo" por R$ 1,99 em uma promoção das Lojas Americanas.
Um pedacinho do disco
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