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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

#113 Secos & Molhados, "Secos & Molhados"

Quando eu tinha 5 ou 6 anos, eu tinha um medo enorme de três coisas: Michael Jackson virando lobisomem em "Thriller", o Kiss com máscaras e o Ney Matogrosso. Sério! Durante muito tempo, o Ney vestido com plumas, paetês e maquiagens foi o meu pior pesadelo. No entanto, eu adorava ver o Didi Mocó imitando o cara no programa dos Trapalhões. Vai entender, né?

Pois bem, descobri o Secos & Molhados já crescido e sem medo do Ney Matogrosso. Além de gostar muito das músicas, fiquei admirado com o caráter performático da banda. Antes de Madonna, Lady Gaga e do próprio Kiss, nossos conterrâneos faziam shows teatrais, com fantasias, maquiagens, cenografia etc. Presta atenção a um detalhe: estamos falando do Brasil de 1973 e 1974. Mais exatamente em uma época em que o governo militar perseguia, sequestrava, torturava e matava os "subversivos" sem qualquer peso na consciência. Foi o tempo que em muitos artistas como Gilberto Gil, Chico Buarque e Caetano Veloso tiveram que fugir do país para garantir suas próprias vidas. No entanto, não se tem notícia de implicâncias dos milicos com João Ricardo, Gérson Conrad, Ney Matogrosso e Marcelo Frias. Mesmo com todo o rebolado do cantor, que também se apresentava em trajes sumários.

Mesmo com muito do poder de fogo da banda centralizado em sua presença de palco, o disco de estreia, "Secos & Molhados", lançado em 1973, foi um sucesso. As faixas "Sangue Latino", "O Vira" e "A Rosa de Hishima" (poesia de Vinicius de Moraes) são sucessos até hoje. Aliás, quem não dançou ou cantarolou "vira, vira, vira homem, vira, vira. Vira, vira lobisomem" que atire a primeira pedra.

A faixa que mais ouvi neste disco
Para mim, "O Vira" traz memórias afetivas da infância, mas gosto muito de "Assim Assado" e "O Patrão Nosso de Cada Dia".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Quando trabalhei com música, tive a oportunidade de entrevistar o Ney Matogrosso. Conversamos sobre a tal lenda do Secos & Molhados ter inspirado as maquiagens do Kiss. Ele disse que não era lenda. Isso foi a mais pura verdade. Segundo ele, um empresário americano trouxe uma proposta para que ele liderasse uma banda de rock americana que também usaria máscaras. Ney recusou. Meses depois, o Kiss surgiu. Veja você, amigo leitor, o Kiss poderia ter sido liderado pelo Ney Matogrosso. Imagine ele e o Gene Simmons no mesmo palco.
Aqui no blog, já falei sobre o Kiss e o Ney Matogrosso. Só falta o Michael Jackson...

Um pedacinho do disco:

3 comentários:

Rita Vicente disse...

Ah, mas segundo o Ney, os militares implicavam com eles, sim! Uma vez quiseram que ele fizesse o show todo para a censura antes de entrar no palco. Ele conta que cantou as músicas todas, mas sem dançar... Ele diz que acha que só não sumiram com eles porque, quando se deram conta, eles já eram um sucesso, muito conhecidos. Está nas entrevistas dele, algumas na internet.

Surfista disse...

Obrigado pelo toque, Rita. Se me permite, acho que a implicância dos militares com o S&M foi leve, se comparada ao sufoco pelo que passaram Chico, Gil, Caetano e Geraldo Vandré.

Navegante disse...

Discaço!