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domingo, 10 de julho de 2011

#286 Jorge Ben, "23"

Por um desses fenômenos inexplicáveis da indústria fonográfica, Jorge Ben desapareceu na purpurina dos anos 1980. Toda a magia criativa dos anos 1960 e 1970 foi esquecida. Verdade seja dita, muito graças a ele próprio. Pois tão súbito quanto sumiu do mapa, Jorge voltou. Trocou o Ben por Ben Jor e caiu nas graças da moçada lá pelo comecinho dos anos 1990. O CD que impulsionou este retorno foi o "23".

Vamos ser francos e limpinhos, "23" é legalzinho, mas não chega aos pés de "África Brasil". Claro que um artista com a criatividade do Jorge não faria feio, mas "23" é um disco assim-assim. Bom, dito isso, posso esquecer as nuances pseudo-críticas e me jogar na nostalgia. Eu fui um dos muitos garotos e garotas que descobriram o Ben Jor por este disco. Era um fase divertida, de tomar catiripapos na escola e buscar assiduamente os peitinhos das coleguinhas. Um dos diferenciais competitivos era justamente ser musicalmente descolado, pois eu era magrinho, cabeçudo e usava óculos. Aparecer no colégio com uma fitinha K7 da melhor banda de todos os tempos da última semana despertava a atenção.

Pois então, "23" era um desses discos que levantavam o popularômetro do indivíduo sub-15. E ainda mais se rolasse "Engenho de Dentro" na festinha americana – mesmo com uma das letras mais non-sense de toda a história da MPB. Ou então a biológica "Spyrogyra Story", com seus belos plânctons. Jorge podia não dizer coisa nenhuma, mas tinha um balanço contagiante. E para perceber isso, não precisava ser um contemporâneo de "Samba Esquema Novo". Jorge Ben Jor é universal e atemporal.

A música que mais ouvi neste disco
"Engenho de Dentro", com seu refrão djavaniano (ou seja, nada com anda) "Engenho de Dentro / Quem não saltar agora / Só em Realengo".

Presepada musical ou uma pequena curiosidade
A banda de apoio que participa de "23" é qualquer nota: Paula Lima nos vocais, Simoninha nos teclados, Leo Gandelman no sax, Ivo Meirelles na percussão, Bi Ribeiro no baixo e o síndico Tim Maia.
Aliás, foi neste disco que o povão descobriu que Tim Maia era síndico.
O trio formado por Jorge Ben Jor, Tim Maia e Bi Ribeiro foi candidamente batizado de BenTimBi.
Acbo que foi a partir deste disco que São Jorge ficou pop. Na capa, há a inscrição "Santo também é muso".
23 de abril é o dia de São Jorge. Virou feriado no Rio.

Um pedacinho do disco

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