"Deixa eu dizer que te amo,
Deixa eu gostar de você.
Isso me acalma, me acolhe a alma.
Isso me ensina a viver"
Tem como não gostar de um disco que começa com esses versos? É uma declaração de amor tão bonitinha, tão sincera, que se torna irresistível. Esta é "Amor, I Love You". E assim é o resto de "Memórias, Crônicas e Declarações de Amor", o quinto e mais romântico álbum da Marisa Monte.
Em 13 cabalísticas faixas, Marisa deu uma aula de como fazer um disco onde o amor quase desvairado e quase cafona é o tema principal – e sem perder a classe. A dor que aperta o peito e faz as pessoas perderem noites de sono em desatinos de saudade. Essa sensação está em "Não Vá Embora", "Tema de Amor", "Não É Fácil", "Cinco Minutos", "O que me Importa", "Abololô" e por aí va. Para falar da dor de cotolevo, "Memórias, Crônicas e Declarações de Amor" consolida o ménage a trois artístico com Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. Era o tribalismo ganhando forma.
Ah, e o disco ainda tem espaço para composições de Caetano Veloso ("Sou seu sabiá"), Jorge Ben ("Cinco Minutos"), Paulinho da Viola ("Para Ver as Meninas") e a dupla Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito ("Gotas de Luar"). Aí você vê como Marisa se cerca de gente boa na hora de fechar os seus CDs. Assim como qualquer outro trabalho em que a portelense ponha a mão, "Memórias, Crônicas e Declarações de Amor" é obrigatório.
A música que mais ouvi neste disco
Sem dúvida, "Não Vá Embora". Com percussão explosiva, Marisa rasteja pelo seu amado e suplica "Eu podia estar sofrendo, caído por aí. Mas com você eu fico muito mais feliz". Belo! Ah, outra que merece nota é "Gentileza", composta por ela para o artista, grafiteiro e maluco beleza Gentileza.
Presepada musical ou uma pequena curiosidade
Marisa Monte lançou "Memórias, Crônicas e Declarações de Amor" no Rio em um show no Citibank Hall. Foi na época do meu aniversário. Uma tia me deu de presente 4 ingressos para este show. Fui com a família. Belíssima apresentação. Marisa manda bem no estúdio e no palco.
Nesta época, Marisa Monte estava sob gestão do Davi Moraes, filho do Moraes. Ele é o guitarrista neste disco.
O encarte é recheado de fotos, tiradas a esmo pela própria Marisa e a aproveitadas na direção de arte. São retratos de livros ("Senhora", por exemplo), CDs, pedaços do estúdio e detalhes da anatomia da artista, como os seus pés.
Em "Amor, I Love You", Arnaldo Antunes declama em voz gutural um trecho de "O Primo Basílio", de Eça de Queirós.
"Memórias, Crônicas e Declarações de Amor" foi gravado em Salvador, Rio de Janeiro e Nova York.
Um pedacinho do disco
1 comentários:
adorei o "estava sob gestão", rs
a marisa só não é cafona porque ela não se entrega. ela é tão, tão perfeccionista no trabalho dela, que segura a entrega. se não segurasse seria cafonésima. mas talvez mais quente.
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