Com a palavra, Maria, do Blog da Maria.
Da xará Amelinha (pra quem não sabe, a Maria que vos fala também é Amélia), este foi um álbum lançado em 1982, um tempo depois da moça já ter tido um sucesso arrebatador cantando “Frevo Mulher”, e é, fácil, um dos álbuns que entrariam para o meu top five de álbuns da vida, se eu tivesse um!
O álbum reúne diversas canções de autores nordestinos como Zé Ramalho, autor da canção título (em parceria com Otacílio Guedes Carioca), com quem Amelinha foi casada, Gonzaguinha, Robertinho do Recife em parceria com Fausto Nilo, Djavan, Luiz Ramalho e outros, e tem até mesmo um soneto da Florbela Espanca musicado pelo Fagner.
Não conheço a proposta do álbum e há muito pouca informação sobre a Amelinha na internet. São músicas evidentemente nordestinas de diversos estilos, algumas bem animadas, outras, trilhas sonoras de dor de cotovelo, mas o que realmente impressiona é o nível das composições, que classifico como uma verdadeira crueldade poética. Afinal você não encontra versos como: “hoje em dia, pra gente amar de vera, é preciso ser quase um alquimista, ou talvez o maquinista do trem da consciência, pra te amar com tanta calma e com tanta violência” (parceria de Vital Farias e Salgado Maranhão) em qualquer álbum.
A minha paixão pela Amelinha aos 5 anos de idade era por existir uma cantora com o mesmo nome que o meu. Mas só muitos anos depois é que eu pirei de verdade nas canções, quando ouvi e ouvi de novo e mais uma vez meu velho LP, prestando bastante atenção nas letras, nas melodias e querendo sentir paixão daquele jeito que está cantado ali. E eu nunca encontrei esse álbum em CD e não sei se é fácil encontrar essas músicas para baixar (confesso que não procuro mais por preguiça do que por consciência). De uma ou outra ainda tem um videozinho vagabundo no youtube.
A música que mais ouvi neste disco
“Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor” (aliás, a Amelinha canta a versão completa – na versão do Zé Ramalho na Antologia dos 20 anos, uma estrofe ficou de fora).
Presepada musical ou pequena curiosidade
Chorei tudo o que podia quando a minha irmã foi receber o diploma ao som de “Felicidade” (só que cantada pelas Chicas, e não pela Amelinha). A música é maravilhosa e é a cara dela. Sensação de educação musical cumprida!
Um pedacinho do disco (com guitarra do Robertinho do Recife):